quarta-feira, 17 de julho de 2013

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA

A influência africana

A cultura africana é extremamente diversificada e suas características retratam tanto a história do povo quanto a do continente – considerado o território habitado a mais tempo na Terra. Isso acontece porque os habitantes da África evoluíram em um ambiente cheio de contrastes e com várias dimensões. Culturalmente eles diferem muito entre si, falam um vasto número de línguas, praticam diferentes religiões, vivem em habitações diversificadas e se envolvem em inúmeras atividades econômicas. Tribos, grupos étnicos e sociais formam essa população de costumes, tradições, línguas e religiões específicas.
No Brasil, a cultura africana chegou através do tráfico negreiro que trouxe para o País povos da África na condição de escravos. Formados principalmente por bantos, nagôs, jejes, hauçás e malês os africanos tiveram sua cultura repreendida pelos colonizadores. Na colônia os escravos aprendiam o português, chegavam a ser batizados com nomes portugueses e obrigados a se converterem ao catolicismo. Mesmo assim foram eles que ajudaram a dar origem às religiões afro-brasileiras, difundidas atualmente em diversas regiões do País. As mais praticadas no Brasil são o candomblé e a umbanda.
Porém, a contribuição dos africanos na cultura brasileira não se limitou à religião. Dança, música, culinária e idioma receberam influências que prevalecem no Brasil até os dias de hoje. Na culinária regional, por exemplo, a herança africana é evidente, principalmente na Bahia. O dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite de dendê, foi introduzido na região pelos escravos e é hoje utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé. Já o idioma brasileiro ganhou novas palavras como batuque, moleque, benze, macumba e catinga.
A música também foi muito favorecida pela cultura africana, que contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Um exemplo disso é o gênero musical lundu, que juntamente com outros gêneros deu origem à base rítmica do maxixe, samba, choro e bossa nova. Além da contribuição rítmica, também foram trazidos alguns instrumentos musicais como o berimbau, o afoxé e o agogô, todos de origem africana. O mais conhecido deles no Brasil é o berimbau, instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira. No folclore são de origem africana as danças de cateretê, jongo e o samba, e os instrumentos musicais atabaque, a cuíca e a marimba.




A Cultura Brasileira

País com a população mais miscigenada do planeta, o Brasil é um espaço de diversas religiões, crenças, simbologias, culinária, costumes e tantas outras manifestações culturais. Tamanha diversidade faz do Brasil um caldeirão onde os estilos de misturam, lhe conferindo características culturais únicas.
Na grande extensão territorial brasileira, expressões como a música caipira, danças europeias, ritos da capoeira, cantos indígenas, batidas do maracatu, a malandragem do samba e o barulho das guitarras roqueiras se unem ao sotaque típico de cada uma de suas regiões, reproduzindo, de uma maneira única e contagiante, a história e atualidade de seu povo.
Nessas terras, o artesanato indígena se mistura a quadros de artistas contemporâneos, as pessankas ucranianas (ovos decorados) dividem espaço com sandálias nordestinas feitas de couro e vendidas em feirinhas culturais, e assim acontece com tantos outros produtos e traços do tão diversificado povo brasileiro. Da mesma forma, obras arquitetônicas de estilos que vão do Barroco ao Pós-moderno se unem a um imenso número de obras literárias, teatrais e cinematográficas ampliando ainda mais as ricas manifestações nacionais.
Por fim, dentre tantas riquezas e bens da cultura brasileira, alguns são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (UNESCO) como Patrimônio Cultural da Humanidade. Assim definidos estão os seguintes patrimônios brasileiros:

A cidade histórica de Ouro Preto (1980)
O centro histórico de Olinda (1982)
As ruínas jesuítico-guaranis de São Miguel das Missões (1983)
O centro histórico de Salvador (1985)
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (1985)
Brasília (Plano Piloto) (1987)
O Parque Nacional da Serra da Capivara (1991)
O centro histórico de São Luís (1997)
O centro histórico de Diamantina (1999)
O centro histórico da Cidade de Goiás (2001)


A influência indígena

Primeiros habitantes do território brasileiro, os índios se dividem em diversos povos de hábitos, costumes e línguas diferentes. Cada tribo possui sua cultura, religião, crenças e conhecimentos específicos. Os Ianomâmis, por exemplo, falam quatro línguas, já os Carajás falam apenas uma. Os Guaranis manifestam sua cultura em trabalhos em cerâmica e em rituais religiosos, enquanto os Tupis acreditam ser dominados por um ser supremo designado Monan. A diversidade cultural presente entre as culturas indígenas brasileiras é proporcional a existente hoje em todo o Brasil.
Apesar da colonização europeia ter praticamente destruído a população indígena não só fisicamente, através de guerras e escravidão, como também culturalmente, pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias, a cultura e os conhecimentos desse povo acabaram por influenciar parcialmente a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos, como as redes de descanso, no Brasil. Porém, as consequências da colonização foram tamanhas que, atualmente, apenas algumas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original.
Durante a colonização a cultura e os conhecimentos indígenas foram determinantes. Tanto que o principal destaque nesse período foi a influência indígena na chamada língua geral, uma língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que serviu de língua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. Atualmente, o português brasileiro guarda inúmeros termos de origem indígena, especialmente derivados do Tupi-Guarani. Dentre eles estão os nomes na designação de animais e plantas nativos como o jaguar, a capivara e o ipê, e a presença muito frequente na toponímia por todo o território.
Também recebeu forte influência indígena o folclore das regiões do interior do Brasil, com os seres fantásticos como o curupira, o saci-pererê, o boitatá e a Iara. Na culinária, a herança indígena está na mandioca, na erva-mate, no açaí, na jabuticaba, nos inúmeros pescados e em pratos típicos como o pirão. Apesar desses legados terem uma boa representatividade no País, a influência indígena se faz mais forte em certas regiões brasileiras como o Norte do Brasil, em que os grupos conseguiram se manter mais distantes da primeira ação colonizadora.

A influência indígena

Primeiros habitantes do território brasileiro, os índios se dividem em diversos povos de hábitos, costumes e línguas diferentes. Cada tribo possui sua cultura, religião, crenças e conhecimentos específicos. Os Ianomâmis, por exemplo, falam quatro línguas, já os Carajás falam apenas uma. Os Guaranis manifestam sua cultura em trabalhos em cerâmica e em rituais religiosos, enquanto os Tupis acreditam ser dominados por um ser supremo designado Monan. A diversidade cultural presente entre as culturas indígenas brasileiras é proporcional a existente hoje em todo o Brasil.
Apesar da colonização europeia ter praticamente destruído a população indígena não só fisicamente, através de guerras e escravidão, como também culturalmente, pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias, a cultura e os conhecimentos desse povo acabaram por influenciar parcialmente a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos, como as redes de descanso, no Brasil. Porém, as consequências da colonização foram tamanhas que, atualmente, apenas algumas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original.
Durante a colonização a cultura e os conhecimentos indígenas foram determinantes. Tanto que o principal destaque nesse período foi a influência indígena na chamada língua geral, uma língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que serviu de língua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. Atualmente, o português brasileiro guarda inúmeros termos de origem indígena, especialmente derivados do Tupi-Guarani. Dentre eles estão os nomes na designação de animais e plantas nativos como o jaguar, a capivara e o ipê, e a presença muito frequente na toponímia por todo o território.
Também recebeu forte influência indígena o folclore das regiões do interior do Brasil, com os seres fantásticos como o curupira, o saci-pererê, o boitatá e a Iara. Na culinária, a herança indígena está na mandioca, na erva-mate, no açaí, na jabuticaba, nos inúmeros pescados e em pratos típicos como o pirão. Apesar desses legados terem uma boa representatividade no País, a influência indígena se faz mais forte em certas regiões brasileiras como o Norte do Brasil, em que os grupos conseguiram se manter mais distantes da primeira ação colonizadora.


A influência portuguesa

Colonizadores do território brasileiro por 322 anos, de todos os povos que chegaram no País os portugueses foram os que mais exerceram influência na formação da cultura brasileira. Durante todo período de colonização cidadãos portugueses foram transportados para as terras sul-americanas, influenciando não só a sociedade que viria a se formar, como também as culturas dos povos que já existiam. O evento que mais trouxe implicações políticas, econômicas e culturais para o Brasil foi a mudança da corte de D. João VI para o Brasil, em 1808. A partir daí a imigração portuguesa foi constante e perdurou até meados do século XX.
A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falada por todos os habitantes do País. Difundida principalmente pelos padres jesuítas, o português era no início da colonização considerado língua geral na colônia, ao lado do tupi. Com a proibição do tupi em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, ele herdou as palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.
Outro importante legado português foi a religião católica, crença de grande parte da população brasileira. O catolicismo, profundamente arraigado em Portugal, deixou no Brasil as tradições do calendário religioso, suas festas e procissões, tornando-se a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. Atualmente, o Brasil é considerado o maior país do mundo em número de católicos nominais. De acordo com o IBGE 73,8% da população brasileira declara-se católica.
Além da língua e da religião, vários folguedos populares como o bumba-meu-boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa. No folclore brasileiro, são de origem portuguesa os seres fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, e muitas das lendas e jogos infantis como as cantigas de roda. Duas das festas mais importantes do Brasil, o carnaval e a festa junina, também chegaram no Brasil por influência dos portugueses.
A culinária brasileira também recebeu algumas interferências dos colonizadores. Muitos dos pratos típicos do País, por exemplo, são o resultado da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia. Um deles é a feijoada brasileira, que foi um resultado da adaptação dos cozidos portugueses. A cachaça, que foi criada nos engenhos como substituto para a bagaceira portuguesa, e alguns pratos portugueses como as bacalhoadas também se incorporaram aos hábitos brasileiros.
Nas artes, a cultura dos portugueses foi responsável pela introdução dos grandes movimentos artísticos europeus como o renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo. Com isso a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes em geral no Brasil colônia eram muito baseadas na arte portuguesa. Essa referência pode ser vista nos escritos do Padre Antônio Vieira,na decoração de talha dourada e nas pinturas de muitas igrejas coloniais. As intervenções portuguesas seguiram após a Independência, tanto na arte popular como na arte erudita. E muito do que o Brasil é hoje, tem forte apelo à cultura dos colonos misturada com as culturas dos demais povos que habitaram o País.
 
 
 

Influência dos imigrantes

Por um vasto período de tempo a população brasileira era, em sua maior parte, composta por negros e mestiços. Mas com o fim da mão de obra escrava entre os séculos XIX e XX, a imigração europeia para o Brasil foi incentivada tanto para o povoamento territorial de regiões ainda nativas e alvo da cobiça dos países vizinhos, quanto para o trabalho em regime de colonato (semiassalariados). Apesar de o Brasil ser uma colônia portuguesa, quem chegou em maior número foram os italianos. Do sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, a população italiana foi se concentrando, principalmente em São Paulo.
Em relação à quantidade de imigrantes, logo atrás dos italianos vieram os portugueses e em seguida os alemães, que chegaram em um fluxo contínuo desde 1824. Os últimos se fixaram especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, deixando na população muitas de suas influências germânicas. Apesar de estarem em menor número, também chegaram no Brasil imigrantes da Espanha, do Japão, da Polônia, da Ucrânia, da França, da Holanda, do Líbano, da Coréia do Sul e da Suíça, esses últimos vindos em um movimento organizado contratado pelo governo brasileiro para se concentrarem no Rio de Janeiro.
Ao contrário do que aconteceu com os índios e africanos, os imigrantes europeus não tiveram problemas em manter e difundir a sua cultura no Brasil. Os que viviam em pequenas propriedades familiares mantinham seus costumes, sua língua e criavam no local uma espécie de cópia das terras que deixaram na Europa. Já os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e centros urbanos rapidamente se integraram na sociedade brasileira, deixando de lado muitos aspectos de sua herança cultural.
O fato das culturas europeias não terem sido reprimidas fez com que, de maneira geral, a imigração da Europa e de outras regiões do mundo influenciasse em todos os aspectos a cultura brasileira. A culinária recebeu notável influência italiana, que transforou pratos típicos como a pizza em comida popular no Brasil. Os franceses deixaram grandes contribuições nas artes, os alemães na arquitetura e os imigrantes eslavos e os japoneses deixaram nas técnicas agrícolas.
Apesar dessa variedade de povos interessados no Brasil, a imigração de pessoas deixou de ser frequente a partir de 1970, quando os atrativos de terra boa para o plantio em fazendas brasileiras deixaram de existir com a forte industrialização e as novas oportunidades deixaram de ser interessantes para os povos. Porém, a entrada de imigrantes no Brasil continuou e englobou países como China, Bolívia, Colômbia, Peru e Paraguai. Com essa mudança e com o fortalecimento do processo emigratório, hoje o Brasil não recebe mais influência imigratória tão impactante como acontecia antigamente. Sua cultura miscigenada já possui suas características próprias, sendo em alguns aspectos, como na música e em festas populares, referência no mundo.
 
Cultura Negra
cultura-negraA cultura negra chegou ao Brasil por meio dos escravos africanos trazidos para cá na época do Brasil Colônia, ou seja, do período colonial. A cultura europeia, tida como branca, predominava no país e não dava margem aos costumes africanos, que era discriminado pela sociedade branca, na época, maioria. Então, observa-se que na sociedade não se tinha as manifestações; porém, os negros tinham sociedades clandestinas, chamadas de quilombos.

Lá, nessas comunidades, havia a liberdade para os negros se manifestarem, tudo de acordo com os costumes de suas terras natais. Nos engenhos de açúcar, eles desenvolveram a capoeira: uma forma de expressão dos negros, ainda que fosse uma luta com características de dança típica, era praticada para ser usada contra os inimigos (senhores de engenho).

Outra característica marcante da cultura afro no Brasil é a questão dos diferentes temperos dados à nossa culinária. Eles tiveram a capacidade de mesclar coisas da cozinha indígena com a europeia e transformar em comida brasileira. Ora, os escravos saíram de suas terras para um local diferente, sem trazer nada consigo.

O acarajé, o vatapá, o bobó, a feijoada são pratos mais famosos da culinária afro-brasileira. Tem também o azeite de dendê, comum na culinária baiana. Além disso, o coco, a banana, a pimenta malagueta, o café são produtos oriundos das terras africanas.

Uma coisa que chama a atenção é a alegria do povo afro-brasileiro. Além da capoeira, que já é comum em várias partes do Brasil, mas enfaticamente no estado brasileiro da Bahia. Os negros trouxeram estilos diferentes no quesito de moda e estilo. Sempre baseado nas culturas dos ancestrais, aderem penteados interessantes, como os dreadlocks, da cultura rastafári; o cabelo black power; os trançados; com balangandãs (veja mais informações sobre penteados de cabelo e dicas de cortes de cabelo), dentre outros.

Na música, como foi dito no parágrafo anterior, o samba (veja tudo sobre as escolas de samba do Rio) é bem marcante da cultura brasileira, o que é uma herança dos afro-brasileiros. O estilo musical nasceu em meados da década de 1920; no Rio de Janeiro, surgiu e permitiu a criação de outros ritmos, tais como: o samba enredo, o samba de breque, o samba canção e a bossa nova.

O candomblé, religião afro-brasileira, assim como a umbanda (confira informações adicionais no site Umbanda e Orixás), macumba, omoloko, foi deixado pelos escravos que adotavam o sincretismo para preservação desse culto. Na época do trabalho escravo, para que a adoração aos deuses africanos não cessassem, os negros usavam os santos da igreja católica, como forma de despistar a mão de ferro portuguesa. Por isso, se vê a mistura do candomblé com o catolicismo.

A cultura negra é algo que influenciou, não só o Brasil, mas diversas nações usufruem da pluralidade do movimento negro. Nos Estados Unidos, o estilo dos negros é bem característico, pois, lá, há uma diferenciação ainda – no Brasil, isso é bastante sutil. O rap e hip hop são, digamos assim, elementos que fazem parte do cotidiano do povo negro. Quem já assistiu o filme do cantor Eminem (8 mile) há de concordar.

Em meio às lutas, pode se dizer que os negros venceram e continuam nesse processo. Embora existam ainda casos de racismo no Brasil, esse quadro tem mudado. No Brasil, o Dia da Consciência Negra lembra da resistência à escravidão e é comemorada no dia 20 de novembro, homenagem ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, ícone da cultura negra.
 

Negros no Brasil
negros-no-brasilEles chegaram ao Brasil na época colonial; os negros foram trazidos como mercadoria pelos portugueses, que escravizavam africanos nas ilhas do Atlântico: Madeira, São Tomé, Cabo Verde, Açores. A mão de obra era utilizada nos canaviais e, como o açúcar estava em alta, cultivou-se a cana-de-açúcar na colônia, o que gerou bastante lucro, uma vez que a mão de obra era barata. Antes, os nativos prestavam serviço; porém, os colonos não se interessaram neles.

O transporte se fazia por meio dos navios (veja mais informações sobre meios de transporte) negreiros e as condições precárias resultavam na morte dos escravos. Eles ficavam amontoados e no mesmo lugar em que dormiam, era o próprio banheiro. Fezes e urina em local fechado e em contato com crianças, jovens e adultos, geravam contaminações. Castro Alves, conhecido como o poeta dos escravos, expressa, em sua poesia 'Navio Negreiro', as condições subumanas dessas embarcações:

“Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...”

Os principais movimentadores da economia do Brasil, os negros eram comercializados para desenvolver os trabalhos nas áreas de agricultura, pecuária e serviços domésticos. Por causa de maus tratos e péssima qualidade de vida, fugiam dos engenhos. Os capitães do mato saíam em busca dos desertores. Reféns da escravidão, criavam sociedades clandestinas, as quais, eram chamadas de Quilombos.

As pequenas aldeias abrigavam os negros fugitivos e, unidos, formavam uma comunidade econômica, política, social, religiosa e militarmente, de acordo com os costumes de seus países de origem. Assim, se tinha a sociedade livre. Os quilombos se localizavam em áreas de difícil acesso. O Brasil era dividido em 15 capitanias – no século XVI – e havia alguns quilombos espalhados. Onde hoje se situa o município de União dos Palmares, Alagoas, existia um dos mais importantes vilarejos clandestinos: o Quilombo dos Palmares.

Comercializados nas capitanias de Pernambuco e Bahia, eles corriam para os quilombos. Havia um poderoso homem, líder de Palmares, que recebia os recém-chegados, Ganga Zumba. Ele pertencia a um reino tribal da Angola e veio escravizado para o Brasil. No entanto, constituiu seu quilombo, que chegou a marca dos 35 mil habitantes e era fortemente armado.

Os negros buscavam sua liberdade e os quilombos eram essa esperança; porém, o maior deles foi destruído, após 60 anos de resistência, por Domingos Jorge Velho. Zumbi dos Palmares era sobrinho de Ganga Zumba e assumiu a liderança depois da morte do tio por envenenamento. Zumbi foi traído e capturado pelas tropas de Velho.

A esperança voltou apenas com os movimentos abolicionistas. Primeiramente, com a lei Eusébio de Queirós (1850), que proibia o tráfico negreiro. Outras como a Lei dos Sexagenários, Lei do Ventre livre e, finalmente, a abolição da escravatura, por intermédio da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.

Vários aspectos da cultura brasileira são herança deixada pelos escravos negros. Danças típicas, culinária, religião e etc. O samba é uma das manifestações afro-descendentes, a capoeira, na culinária a feijoada. Num momento inicial, devido à adaptação da sociedade brasileira a padrões europeus, a cultura negra foi rejeitada pela sociedade, assim como as pessoas da cor.
Essa saga dos negros se dividiu em três etapas. A primeira, se deu no Estado Novo, de Getúlio Vargas, entre o período inicial da República, em 1889, até o ano de 1937. Nessa época houve a criação de movimentos negros de combate à discriminação racial.

Desenvolveu-se a imprensa negra que, voltada para esse público, tratava dessas questões de discriminação. Houve a criação da Frente Negra Brasileira (FNB). Na segunda etapa, a União dos Homens de Cor (UHC) foi criada e outras também com mesmos ideais. A partir disso, quando o governo militar ocupou o governo, as manifestações dos “homens de cor” diminuiu.

A terceira fase se deu na redemocratização do país, aconteceu uma crise com os movimentos negros do Brasil. A discussão sobre o problema da discriminação foi tirada das pautas de discussão. O movimento só voltou em meados da década de 1970.

No exterior, as manifestações aconteciam e eram encabeçadas por personalidades notáveis. Nos Estados Unidos, elas eram lideradas por Martin Luther King e Malcon X, que sonhavam com uma sociedade em que negros e brancos seriam considerados iguais. Nos Estados Unidos, essa discriminação é mais escancarada; no Brasil, é de forma sutil.

Os movimentos foram desencadeando, principalmente nos países africanos colonizados pelos portugueses. Alguns deles, Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Em 1978, em manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, o Movimento Negro Unificado (MNU) se estabeleceu no Brasil, com o intuito de combater todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação praticadas contra os negros.

Até hoje, existem alguns resquícios de dificuldade em relação a sociedade. No entanto, os movimentos e manifestações da cultura negra têm crescido, juntamente com a população que se considera da cor. De acordo com os relatórios da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 91 milhões de negros/pardos no Brasil. Com isso, entende-se a porcentagem de negros no Brasil em mais de 50%.
 
 
Movimento Negro
movimento-negro.jpgA questão dos negros no Brasil é um processo que ainda precisa ser debatido. Ora, foram cerca de 300 anos de duro preconceito, de hostilização do ser humano. Visto isso, criou-se essa cultura de inferiorização dos negros – uma grande falácia. A Constituição Federal nos considera iguais, sem distinção de raça, sexo, religião e etc. Os direitos humanos nos tratam da mesma forma; porém, é mais difícil ver isso na sociedade, ou seja, a teoria está aí.

A mídia até tenta quebrar esse paradigma, mas não consegue apresentar muito sucesso nesse aspecto. As novelas mostram uma interação e integração de negros na sociedade. Recentemente, elas têm inserido os negros em posições mais altas: como é o caso de André, personagem interpretado por Lázaro Ramos, na novela “Insensato coração”. Ao observar telenovelas mais antigas, percebe-se que os negros têm papéis estereotipados.

Milton Gonçalves é um ator da Rede Globo há mais de 40 anos. Os personagens que ele interpreta, observe, sempre são escravos, empregados e afins. Para comprovar essa prática, é só prestar atenção e se atentar a esses detalhes sutis.

É claro que existe toda uma questão de visualização de um cenário. Por exemplo: se os escravos eram negros, é óbvio que um ariano não poderá fazer o papel, ou mesmo um indígena, japonês e etc. Por outro lado, existem novelas dos tempos atuais, que podem inserir os negros em qualquer papel, principalmente de pessoas bem sucedidas, como há na sociedade, de fato.

Outra questão é se o ator é bom ou não para aquele papel. São inúmeras questões em volta disso; no entanto, deve haver preocupação. Ora, os angolanos são público das telenovelas brasileiras que, diga-se de passagem, são de altíssima qualidade: atores bons, boas interpretações; recursos de angulações de câmera, luz, cenários bem trabalhados, diretores qualificados e renomados.

Os movimentos negros são para resgatar a memória de um povo que batalhou por sua liberdade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu primeiro artigo, diz que “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos...”. Por séculos da história do mundo, os negros não experimentaram esse direito.

A mobilização do povo negro se deu um ano após a abolição da escravatura, em 1888. Aliás, no mesmo ano da Proclamação da República, em 1889. O Brasil se tornou soberano, o povo chegou ao poder, a democracia se estabeleceu, mas a situação dos negros não mudou, deu continuidade a prática da marginalização deles.

A partir dessa rejeição da sociedade, criaram-se novos movimentos de mobilização racial dos negros, tais como: Clube 13 de maio dos Homens Pretos, Sociedade União Cívica dos Homens de Cor. Integrava, também, a mais antiga das manifestações: o Clube 28 de setembro, de 1897.

Nesse período, várias entidades foram criadas, bem como a imprensa negra. Os jornais O Homem de Cor, O Mulato, O Brasileiro Pardo, O Cabrito e o Meia Cara foram publicados no período entre 1833 e 1867; todos eles, jornais cariocas.

Esses veículos de comunicação abordavam questões destinadas ao público negro; as principais abordagens eram de combate à discriminação racial. Entre outros aspectos, as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores negros, como também, as coisas que afetavam a habitação, saúde, educação: direitos básicos estipulados pela Constituição Federal.

Em São Paulo, a imprensa negra tomou novos rumos com o jornal, O Menelick, de 1915. Depois dele: A Rua (1916), O Alfinete (1918), A Liberdade (1919), A Sentinela (1920), O Getulinho e o Clarim da Alvorada. Nos anos de 1930, foi criada da Frente Negra Brasileira (FNB).

A Frente Negra Brasileira movimentou diversos outros grupos de mesmo cunho a participar e se tornou popularíssimo. Estima-se a filiação de mais de 20 mil membros. As mulheres também passaram por diversos preconceitos; ao contrário do que oferecia a sociedade, o sexo feminino, no movimento negro, tinha participação ativa.

Elas eram estavam presentes nos encontros e reuniões, assumiam diferentes funções. As mulheres realizavam diversos trabalhos; outra parcela, organizava festas, bailes e demais comemorações. As pessoas do sexo feminino não costumavam ter oportunidades como essa. O comum era que a mulher fizesse todo o serviço em casa.

Esse modelo de mulher na sociedade foi cultivado por várias décadas. Tanto é que, a participação delas na política, por exemplo, é bem tímida. Poucas mulheres ocupam os cargos públicos.

A manifestação, agora entidade, tomou corpo e se organizou de forma a proporcionar cursos, grupos musicais, times de futebol, serviços médicos e odontológicos, educação, em geral, além da publicação do mais novo impresso da imprensa negra, o jornal A Voz da Raça.

Fundada em 16 de setembro de 1930, a FNB ajudou os negros a ingressarem na polícia paulista e constituiu-se um partido político. Sete anos após, Getúlio Vargas, na época, presidente do Brasil, decretou o Estado Novo e acabou com todos os partidos políticos. Então, a Fundação, como frente política, acabou.

Em 1945, os movimentos negros perderam parte do seu espaço na sociedade. No entanto, um deles foi exceção: o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento. Ele foi um ativista do movimento negro, deputado, secretário estadual e senador, além de ator e escultor. Produziu obras para evidenciar o combate à discriminação racial. Abdias estabeleceu o dia 20 de novembro como data oficial da Consciência Negra.
 
 

Quilombo
quilombo-no-brasilO Brasil foi achado pelos portugueses, que começaram a exploração dessa terra e, para isso, precisavam de mão de obra. Escolheram, inicialmente, os indígenas; porém, eles precisavam pagá-los com algum objeto: trocava-se madeira, ouro e demais recursos naturais, por futilidades, objetos como: espelhos, pentes e etc.

Os portugueses haviam adotado a escravidão nas ilhas de seu domínio no Atlântico: Ilha da Madeira, Cabo Verde, Açores, São Tomé, onde existia a exploração e cultivo da monocultura: cana-de-açúcar que, na época, estava em alta. Lá, os escravos africanos trabalhavam sem nenhum conforto; então, saía barato para eles, o que lhes rendeu muito lucro.

Nas terras tupiniquins, era necessário mão de obra e eles decidiram transportar escravos da África para o Brasil. Aqui, eles prestavam serviços em engenhos e movimentavam a economia do país. Maltratados, muitos deles se rebelavam contra seus senhores. Alguns fugiam, mas eram capturados e açoitados.

Eles não tinham direito a nada, apenas ao trabalho e sujeito a açoites. Então, os negros começaram a fugir e montar sociedades clandestinas, as quais os respeitassem e lhes dessem dignidade e, sobretudo, liberdade. Uma das mais notáveis sociedades foi o Quilombo dos Palmares, lideradas por Ganga Zumba.

Depois da morte de Ganga Zumba, assumiu em seu lugar, Zumbi dos Palmares, como era conhecido. Sobrinho do ex-líder, Zumbi era um homem inteligente e militarmente estratégico. Zumbi saía com suas tropas para atacar os engenhos e libertar os escravos. Utilizava de ataques surpresa e saqueava os europeus e suas armas.

Os portugueses sentiram a necessidade de acabar com os quilombos, uma vez que a mão de obra escrava estava quase que escassa no território brasileiro. Foi preciso 18 expedições portuguesas para a total erradicação do Quilombo dos Palmares. Foram 60 anos de resistência dos escravos fugidos.

Portugal havia feito várias investidas sem sucesso contra o Quilombo dos Palmares, o maior de todas as comunidades e mais elaboradas que as aldeias dos indígenas do Brasil. Incomodado, o capitão-general da capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, decidiu contratar o bandeirante Domingos Jorge Velho e o capitão-mor Bernardo Vieira de Melo.

Domingos era experiente nessa área de exploração e extermínio, pois já executava os indígenas no nordeste brasileiro. Fez várias expedições pelo Brasil e, então, foi chamado para a missão frustrada de destruir o Quilombo dos Palmares. Levou consigo, Bernardo Vieira de Melo, sertanista e administrador colonial. No período de 1697 a 1701, foi governador do Rio Grande do Norte.

Bernardo e Domingos Jorge Velho destinaram suas tropas a aniquilar o quilombo e obtiveram sucesso. A necessidade da destruição se deu após as invasões dos holandeses ao território brasileiro. Expulsá-los exigiu um trabalho árduo das tropas portuguesas, uma vez que os neerlandeses se encontravam em boa situação, com estrutura.

O Brasil era invadido por outras nações e sempre os portugueses conseguiam expulsar os intrusos. E a ideia de aniquilação estava destinada aos negros fugitivos. Pelo que, não conseguiram por seis décadas de batalha. Isso perdurou até a chegada de Domingos Jorge Velho.

Palmares acabou com a expedição de Domingos Jorge Velho: ele saiu com mais de seis mil homens, fortemente armados, e uma artilharia pesada. Capturaram um quilombola e, prometendo a liberdade ao ex-escravo em troca de informações sobre Zumbi, fizeram-no falar. Eis que armaram uma emboscada para o líder do quilombo e o mataram. Hastearam sua cabeça em praça pública. Com isso, acabou-se o Quilombo dos Palmares.

Os primeiros habitantes eram escravos oriundos da Angola, que se encontravam no Brasil, e se localizava nas regiões montanhosas da capitania de Pernambuco. Eles vinham fugidos das capitanias de Pernambuco e da Bahia. Havia uma região repleta de palmeiras, na região do estado de Alagoas, onde hoje se está a cidade de União dos Palmares. Lá, havia o quilombo.

Nos quilombos, havia todo um sistema organizado de hierarquias políticas, econômicas, sociais e militares, assim como num país soberano. Os habitantes eram chamados de quilombolas. As comunidades eram afastadas em locais de difícil acesso, para que os portugueses não pudessem chegar e os aprisionar novamente.

De acordo com a Fundação Palmares, no Brasil, existem, hoje, 89 quilombos, sendo o maior número deles no estado da Bahia, total de 33. Seguido dela, vem o Maranhão, apresentando 23 quilombos. Até o ano de 2010, havia mais de 200 quilombos. Pode-se observar que houve uma gradativa queda no número dessas comunidades.

O estado do Maranhão era o que mais tinha quilombos. Em 2004, totalizavam 157 comunidades de ex-escravos africanos. Hoje, se tem quilombos no estado de Alagoas, que apresenta um; no Amapá, um; no Ceará, existem dois; No estado de Minas Gerais, há 10 quilombos.

No Mato Grosso do Sul, há dois quilombos; no Pará e na Paraíba, a mesma quantidade; no estado do Pernambuco, totalizam três comunidades quilombolas. No Sergipe são dois, no Rio de Janeiro, dois e em Sergipe, somam cinco, a quantidade dessas sociedades. Nos demais estados não existe nenhuma comunidade do tipo, o que não exclui uma antiga existência. Essas informações podem ser encontradas na página da Fundação Palmares.
 
 
 

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