domingo, 28 de julho de 2013

CANDOMBLÉ - XANGÔ TAMBOR DE MINA - BATUQUE – MACUMBA


CANDOMBLÉ - XANGÔ - TAMBOR DE MINA - BATUQUE – MACUMBA


 

Os povos africanos durante a diáspora para o Brasil, podem ser divididos em dois grandes grupos,

Podemos dividir os povos africanos importados para o Brasil em duas grandes categorias, segundo a sua

procedência: negros sudaneses e negros bantos. Os negros bantos, originários do sul da África (Angola,

Congo, Moçambique) foram localizados pelo tráfico no Maranhão, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, de

onde, em migrações menores, se estenderam para Alagoas, e o litoral do Pará, para Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo. Os negros sudaneses, vindos da zona do Níger, na África Ocidental, foram introduzidos

na Bahia, de onde se espalharam pelo Recôncavo baiano, utilizados nas lavouras. Negros sudaneses eram os

nagôs (iorubás), os jêjes (ewes), os minas (tshia e gás), os haussás, os galinhas (grúncis), os tapas, os

bornus, etc. Ainda na Bahia entraram negros fulas e negros mandês (mandingas), carregados de forte

influência muçulmana.




Em cada região se fez mais forte a etnia majoritária, ou as diversas etnias que, sobremaneira,

conseguiram perpetuar-se através da religião. Diversificados são os cultos afro-brasileiros que, em linhas

gerais, marcaram cada local: Tambor de Mina, no Maranhão; Babaçuê e Batuque, na Amazônia; Candomblé

Nagô (Xangô), em Pernambuco, Alagoas e Paraíba, Candomblé ketu, na Bahia; Congadas, em Minas Gerais;

Macumba, no Rio de Janeiro; Batuque, no Rio Grande do Sul; Catimbó e toré em todo o Nordeste, Pajelança

em todo o Norte e Umbanda em todo o Brasil.

No Maranhão é encontrada a reminiscência jêje, de procedência do Daomei, atual Benin, como

também, o culto nagô levado para lá por pernambucanos. O Maranhão é conhecido como o principal centro

de preservação da cultura jeje dahomeana do Brasil mas, devido a características desta mesma cultura, não

se constitui um centro difusor da Mina-jeje. A Casa das Minas consagrada a Zomadonu, continua sem

autorizar a abertura de outros terreiros Mina-jêje e, sem reconhecer os que se apresenta como tal. De

acordo com os vodunsis da Casa das Minas, existe ali uma proibição expressa de abrir terreiro, a que

ninguém ousa desobedecer. Já a Casa Nagô, apesar de continuar sem preparar mães-de-santo e sem

acolher pessoas que têm casa aberta, mas necessitam de maiores fundamentos na Mina, reconheceu como

“nagô”, no início do século XX, vários terreiros abertos, em São Luís, por filhas da casa: Vó Severa e o de

Maria Cristina/Justino. Embora o Maranhão seja centro tradicional Mina, da Cura e do Terecô/Mata de Codó,

a Casa Fanti-Ashanti tem também iniciado no Candomblé Nagô Egbá, ali introduzido após a “confirmação”
 

 
 
 


 

do sacerdote “nagô” de Pernambuco, Manoel Papai, do babalorixá Raminho de Oxóssi e da ialorixá Maria das

Dores, muitas pessoas de São Luís, de Belém e de outras cidades da região.

 

Pierre Verger explana sobre a origem dos terreiros de candomblé da Bahia:

“Entre os nago, na

Bahia, a nação Kétou era particularmente importante, em conseqüência das numerosas guerras que, no

início do século XIX, opuseram os reinos vizinhos de Abomé e de Kétou. Foram estes últimos que criaram os

primeiros terreiros de candomblé. O ritual de suas cerimônias influenciou profundamente o de outras

nações.”

“Nos candomblés de caboclo, o ritual é mais

ou menos semelhante ao ritual jeje-nagô, sendo mesmo possível, como tive oportunidade de assistir no

candomblé da Goméia, em São Caetano, a coexistência das duas formas. Mas os santos, que aqui se

chamam encantados, já não são os mesmos e se vestem de penas, embora essa vestimenta não seja

obrigatória.”

 

Os terreiros jêjes de culto dos voduns, também são considerados tradicionais na Bahia, mas

percentualmente em quantidade mínima, como também os denominados Ijexás e Congos e Angolas, sendo

possível distinguir uma nação da outra pela maneira de tocar o tambor, seja com as mãos ou com varetas,

pela música, pelo idioma dos cânticos, pelas vestes litúrgicas, algumas vezes pelos nomes das divindades, e

por certos traços do ritual, de acordo com Bastide.

 

Um processo significativo na religiosidade afro-brasileira está nas manifestações de Minas Gerais,

que significantemente poderiam ser denominadas de afro-católico. A ordem cultural que foi imposta ao

negro em Minas Gerais pela Igreja Católica, sem perder de vista suas heranças africanas banto: “Os padres

brancos organizam a irmandade do Rosário para enquadrar os “homens pretos” e zelar pelo abandono das

“práticas de feitiçaria”. O batuque é proibido, mas, na festa do Rosário, é permitido dançar e cantar. O

negro então inventa cantigas. O Congado é uma festa, mas também um desafio chama para a reza e para a

luta”.

Ao se falar em sincretismo religioso em Minas Gerais devem ser destacadas, pelo menos, duas

proposições: a primeira é que a religiosidade do negro de Minas, identificada através do louvor aos santos

negros, forjou-se sob a pressão de um modelo mítico externo aquecido pela vigilância dos feitores, da Igreja

e do Estado centralizador; a segunda é que a aceitação desse modelo mítico externo não ocorreu

passivamente. O negro elaborou um mecanismo próprio de resistência que tinha na dissimulação o seu

ponto de maior fecundidade. A identificação entre Nossa Senhora do Rosário e a tradição de uma

religiosidade africana foi possibilitada pela semelhança entre os cultos que os homens, brancos e negros,

prestaram às deusas, considerando-as como fonte de vida e criação.

 

No Rio de Janeiro surgem os baianos na segunda metade do século XIX, como conseqüência da

Guerra de Canudos e das Insurreições Malês, trazendo consigo seu universo mítico. No Rio de Janeiro


concentravam-se, desde o início do período colonial, grupos de origem banto, palavra que significa pessoa,

que têm sido definidos como um grupo com unidade lingüística, apesar das diferenças dialetais das diversas

nações que o compõem. Entretanto os nagôs, que chegaram ao último período da escravatura, foram

mantidos nas zonas urbanas, principalmente nas cidades de Salvador e Recife. No Rio de Janeiro, segundo

João do Rio, os negros dividiam-se em duas grandes crenças: os orixás e os alufás. Situa a existência de um

maior número de crenças aos orixás, que são muito complexos, afirmando que os negros “confundem os

santos católicos com os seus santos”, além de possuírem uma lista infindável de santos e divindades

invisíveis. Quanto aos alufás, João do Rio os descreve como sérios, já que são maometanos, místicos,

profundamente preocupados em estudar sua religião, ler o Alcorão e vestir suas roupas brancas e seu gorro

vermelho.

 

Em São Paulo os

candomblés de caboclos, tal como é na Bahia, tornam-se “sessões de caboclos”,

encontra-se a cabula no interior do Estado e, na capital, a individualização de memória coletiva negra na

pessoa do macumbeiro, a religião simplifica-se em magia. Em São Paulo o candomblé surge com

expressividade nos últimos 30 anos do século XX.

 

O batuque do Rio Grande do sul, como muitas outras casas de culto por todo o Brasil, não sabe

precisar o ano do seu aparecimento. Muito diferente da Umbanda, cuja fundação no Rio Grande do Sul

conta com dados precisos, os do Batuque, local e data da primeira casa de culto, infelizmente perderam-se

no tempo, Só resta, então, enveredar pela areia movediça das suposições. E, elas levam a pensar que o

primeiro templo de Batuque tenha sido fundado em Rio Grande, entre 130 e 150 anos atrás, por uma

mulher, livre, proveniente do Nordeste, talvez de Pernambuco. As semelhanças entre o Batuque e o Xangô

do Recife são surpreendentes, muito maiores do que com o candomblé baiano.

 

Em Pernambuco, os cultos africanos se estruturaram com bases na cultura banto e matrizes

sudanesas e sudanesas islamizadas, diferente da Bahia, onde autoridades e intelectuais eram defensores das

casas de candomblé em Salvador, nas décadas de 30 e 40, do século XX, os terreiros de “xangô”,

denominação que ficou incorporada ao linguajar popular, não detinha advogados de defesa, mas, sim, um

modelo de sociedade patriarcal, carregada pelos desmandos do autoritarismo, que persistiu até a década de

70 do século XX.

 

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