terça-feira, 30 de julho de 2013

A Arte da Joalheria Cita

 

Aton, o primeiro deus único do Egito

Há mais de três mil anos, todas as divindades egípcias foram substituídas por um deus único, Aton, o disco solar irradiante, símbolo da vida, do amor, da verdade, arruinando o clero todo-poderoso de Tebas


As representações mostram Nefertiti e Akhenaton de forma
excêntrica, em sintonia com o espírito inovador do casal.

Na história do Egito antigo, não há casal mais sedutor do que o rei Akenaton e sua esposa Nefertiti, no século XIV AC. Por mais excêntricas que fossem suas representações, a sedução não se limita aos seus aspectos físicos. 

Ambos tornaram-se personagens simbólicos da civilização egípcia por terem sido a origem do único cisma profundo conhecido pelo Egito no decorrer de seus três mil anos de história. Destituindo o todo poderoso clero de Amon para impor um deus único, representado pelo disco solar Aton, Akenaton abria pela primeira vez na história da humanidade um caminho rumo ao monoteísmo.

O reinado deste faraó, por muito tempo erroneamente qualificado como "herético", situa-se no fim da efervescente XVIII dinastia, por volta de 1358 AC. A civilização se encontra em plena apoteose. O Egito jamais teve tamanha opulência e refinamento. Após as grandes conquistas de Tutmósis III, o momento é de paz. Amenófis III, pai de Akenaton, soube estender pelo Oriente o poder e o brilho de Tebas, centro de um grande império internacional. 

O deus Amon é venerado. O clero de Tebas está mais onipotente e mais onipresente do que nunca, constituindo um verdadeiro Estado dentro do Estado. Esta situação já havia preocupado diversos soberanos que, em vão, haviam tentado reduzir as ambições políticas dos chefes religiosos. Amenófis III tem consciência do perigo que este contra-poder representa para a realeza.

Desde a descoberta de seu palácio, construído na margem oeste do Nilo, longe de Karnak, o que não era habitual, alguns pesquisadores lançaram a hipótese de uma ruptura voluntária com o clero de Amon. De fato, o nome do palácio significa "A casa de BebMaât-Rá é o disco resplandecente", associando plenamente o soberano ao deus. Tiya, esposa de Amenófis III por trinta anos, já venerava o disco solar Aton mais do que Amon, o deus oficial. 

Na educação dada a seu filho, o futuro Akenaton, ela pregava com força o culto deste deus cujo ideograma reflete a natureza: o olho de um deus celeste, cujo círculo evoca a íris e o ponto central a pupila. É ela quem, uma vez criada a cidade de Akenaton, preferiu permanecer em Tebas para manter o elo entre o clero de Aton e o de Amon, a fim de evitar a invasão popular.

Para o egiptólogo Alexandre Varille, "a revolução de Akenaton foi mais uma reação contra o poder temporal de Amon do que uma modificação profunda da religião. O famoso hino ao sol de Amarna exprime a mesma filosofia unitária de múltiplos textos do mais antigo Egito". Desde o início do período histórico, a religião já estava bastante instituída, refletida e ordenada pelos teólogos. Apresenta uma uniformidade encontrada durante três milênios. 

Esta harmonia intelectual se traduz por uma reflexão teológica jamais interrompida, cuja inspiração jorrava sem cessar de suas próprias fontes. Por exemplo, os textos religiosos gravados nas pirâmides da V e VI dinastia são copiadas nas tumbas do Médio Império e na época da XXVI dinastia, sendo ainda utilizados. Este caráter ímpar pode surpreender tanto que se tem a impressão de lidar com um amálgama de divindades provenientes de todas as regiões do Egito.
 
 

 

 

Império Romano no Norte da África

Ruínas Romanas na Argélia.


Cartago

Cartago havia sido fundada, tanto quanto se sabe, cerca do ano 814 a.C. por colonos Fenícios liderados pela rainha Dido. Em 264 a.C. inicia-se a primeira das três guerras púnicas contra o império romano. No ano de 146 a.C., esta civilização antiga do Norte de África conheceu um fim sangrento e brutal quando Cornelius Scipio Aemilianus destrói totalmente a cidade. Na última batalha da terceira Guerra Púnica, as forças de Roma haviam vencido o seu velho inimigo: Cartago. Localizada perto da atual cidade de Túnis (15Km a Norte), aquela que tinha sido a maior potência do Norte de África durante séculos estava agora completamente destruída. Mas, como tantas vezes acontece ao longo da história, o fim de uma grande era deu início a outra.




Não demorou muito até que o modo de vida romano começasse a deixar a sua marca na região que Cartago tinha dominado. A influência romana levou a uma época brilhante por parte desta cidade, uma época cujos testemunhos podem ainda ser vistos hoje. A destruição de Cartago foi um acontecimento que abalou o mundo em si. Uma cidade que tinha sobrevivido durante 600 anos foi arrasada pelos romanos vitoriosos. A cartago púnica, a antiga rival, não voltaria a erguer-se. Foi uma vitória esmagadora para Roma, uma vitória que garantiu o objetivo estratégico que procurava: o controlo das rotas de comércio através do estreito da Sicília. Nas décadas posteriores a 146 a.C., Roma ficou aparentemente satisfeita com este êxito. Após a destruição de Cartago os territórios africanos foram deixados, na sua maior parte, entregues a si próprios como no passado.

Só mais tarde, já na era de Júlio César é que a influência de Roma começou a fazer-se sentir no Norte de África. Com César e o seu primeiro sucessor, o primeiro imperador Augusto Roma começou a reconhecer os benefícios de uma presença forte no Norte de África. Os romanos tinham arrasado Cartago para eliminarem o seu inimigo mais mortal e quando o fizeram estavam apenas a pensar em ganhar a guerra e acabar com o seu oponente. Mas, uma vez a vitória alcançada, repararam que agora tinham um novo problema: tinham eliminado o ponto mais óbvio para ter uma grande cidade que pudesse aproveitar as terras férteis desta parte do Norte de África. As potencialidades para o comércio e para a agricultura eram demasiado tentadoras e a solução foi redundar Cartago que depressa se transformou no centro de comércio e de riqueza que já tinha sido no passado. Desta vez era-o também, mas sob o controlo romano.




Os romanos refundiram Cartago devido às suas características tão óbvias: tinha estruturas que possibilitavam a construção de um porto magnífico, ocupa uma posição central no mediterrâneo na costa sul e é o ponto de passagem mais próximo para a Sicília. No fundo é um ponto importante onde uma grande cidade comercial se podia facilmente desenvolver. Daí que os romanos a tenham feito renascer como a capital da África romana. Cartago seria uma das cidades mais importantes de todo o império romano.

Começaram a chegar colonos aos milhares ao velho interior rural de Cartago. Em breve estavam a ser construídas colônias romanas por toda a região. É uma região que abarca os atuais Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia numa faixa que se estende até ao Egito. esta zona era uma enorme fonte de riqueza agrícola, sobretudo de cereais. A área mais importante talvez fosse o Norte da Tunísia e Nordeste da Nigéria, que recebia chuvas em quantidade suficiente para permitir colheitas abundantes de cereais. Daí que o historiador Josefus escrevesse no primeiro século da nossa era que o Egito fornecia Roma com cereais para quatro meses e a zona de Cartago para oito meses. Mesmo que não se entenda esta afirmação literalmente ela mostra a importância relativa do Norte de África para o império romano.

Douga

A melhor das povoações romanas sobreviventes na Tunísia de hoje é Douga.




Originalmente uma colônia Númida, Douga acabou por se transformar numa cidade de 5.000 habitantes. Nesta cidade estão por todo o lado restos indiscutíveis de uma comunidade romana. O Forum ainda pode ser visto e perto dele estão as ruínas de muitos dos templos da cidade. De entre estes, o Capitólio, um dos melhores dos que chegaram até nós em todo o Norte de África. Construído no segundo século depois de Cristo, este lugar sagrado era dedicado aos deuses Júpiter, Juno e Minerva como, aliás, todos os Capitólios de todas as cidades romanas. Construído em pedra africana o Capitólio de Douga tem na frontaria quatro enormes colunas coríntias com um tímpano que representa uma águia. No interior, o santuário continha uma estátua de Júpiter de grandes dimensões. Fragmentos deste antigo gigante podem hoje ser vistos no museu do Norte de África romano, o Museu do Bardo em Túnis.

Noutros pontos de Douga foram construídos vários templos em honra de deuses romanos muito populares. Infelizmente, muitos destes edifícios estão agora bastante danificados. Do templo de Saturno não resta mais do que algumas colunas. Só podemos imaginar o monumento que seria certamente admirável devido àsua localização e paisagem envolvente. Felizmente muitas construções romanas resistiram aos séculos em muito melhor estado de conservação.

Os muitos templos de Douga tornam evidente que a ocupação romana do Norte de África implicou a imposição da religião de Roma. Não restaram vestígios de construções do período em que eram venerados os antigos deuses púnicos que dominaram a vida espiritual de Cartago. Todavia, sabemos que no Norte de África muitos dos deuses romanos mais populares foram identificados com os antigos deuses da região. Saturno, por exemplo, foi identificado com o antigo deus púnico Baal. O templo de Douga dedicado a Saturno foi construído no local antes consagrado ao outro deus. Uma transformação semelhante ocorreu com a deusa Tanitz, esposa de Baal na região cartaginesa, que veio a ser identificada com a deusa romana Juno. O templo construído em Douga em sua honra é outra das ruínas que conseguiram resistir. esta identidade entre os deuses púnicos, venerados pelo povo local e os deuses dos conquistadores é um excelente exemplo de como o Norte de África se foi tornando cada vez mais romano.

A forma como os romanos impunham as suas crenças culturais e religiosas é muito complexa. De tal forma que a própria palavra "impôr" é um erro. Porque uma das coisas mais inteligentes da colonização romana era sua forma subtil de lidar com as culturas e crenças religiosas locais. Na prática os romanos permitiam que as religiões locais com os seus cultos continuassem como antes desde que algo fosse feito para romanizar um pouco esses cultos. Por exemplo, um deus local poderia tomar também um nome romano. Ou seja, a religião e as práticas não se modificariam de todo tomando apenas um nome que lhe desse um ar um pouco romano.

À medida que as populações do Norte de África iam ficando mais romanas contruiam mais templos dedicados a divindades romanas. Assim, encontramos templos de estilo romanos, ou seja, construídos em plataformas com colunas e escadarias na frente em número apreciável. O fato de as populações locais construírem tantos templos em honra dos deuses romanos parece indicar um grau muito elevado de aceitação e adoção dos costumes e cultura romanos.

Expansão

A romanização do Norte de África parece ter sido, no geral, suave e eficaz. Mas houve, por vezes, alguma resistência. Nos primeiros anos da colonização romana, entre o primeiro século a.C e o primeiro século d.C. - especialmente no tempo de Augusto - houve alguns levantamentos e resistência armada uma vez que foi o período inicial da projeção do poder romano do centro para a periferia (do Norte da Tunísia para as regiões vizinhas) até chegarem aos limites dos desertos onde encontraram povos nômades que não se identificavam tanto com a cultura mediterrânica e com os seus conflitos. Apesar disto, não há dúvidas de que Roma acabou por ter um controlo total da região. Durante quatro séculos os romanos expandiram o seu território africano incansavelmente.

Em meados do século III, o território da África do Norte sob controlo romano estendia-se da costa atlântica à Líbia. No auge do seu poder, o território africano de Roma alongava-se por quase 2.500 Kms. Uma das razões para esta expansão constante foi o costume romano da construção de estradas. Tal como em todo o restante império, os romanos edificaram uma vasta rede de estradas. Estima-se que esta rede, no séc. III, cobria mais de 19.000 Km de estradas. Apenas uma parte muito pequena de tudo isto sobrevive ainda, mas o resto das estradas pavimentadas construídas nas cidades ainda se podem ver hoje.

A primeira função destas vias de comunicação era militar. Os romanos acreditavam que quanto mais fácil fosse para as suas tropas se moverem dentro de uma província mais fácil seria manter um controlo eficaz da mesma. A história confirma o quanto estava correta esta convicção. Notavelmente, durante toda a ocupação romana do Norte de África, apenas uma legião de soldados esteve permanentemente sediada na região (à volta de 6.000 homens): era a terceira legião augustana. O controlo romano desta área apenas com uma legião estava em pleno contraste com o que se passou na Grã-Bretanha, por exemplo, onde foram precisas quatro legiões para controlar uma área territorial muito mais pequena.

As razões para isto residem no fato de que a ocupação do Norte de África não era uma simples conquista mas antes de expansão e assimilação. Este processo parece ter sido ajudado pelo fato de que o Norte de África, naquele período, não parece ter sido densamente povoado. Uma boa parte da região ocupada pelos romanos era ocupada por pastores semi-nômades que viviam movimentando os seus rebanhos de áreas de Inverno para Verão e vice-versa. Assim, existe uma grande área de território com uma população pequena e pouco densa.

A economia da região

A história econômica do Norte de África romano é dominada pela agricultura. No mesmo lugar da Tunísia de hoje, o cultivo da terra tornou-se uma tarefa altamente lucrativa. No primeiro século, a terra fértil a sul de Cartago produziu enormes quantidades de trigo. No segundo século, as culturas foram estendidas mais para sul, com os olivais a tornarem-se uma nova fonte de lucro. Pomares e vinhas também se tornaram uma marca deste tempo.

A pecuária não teve um papel econômico menos importante. Gado ovino e bovino, cabras e cavalos, todos traziam grandes lucros. O que sabemos pelos dados arqueológicos é que quase toda a região se tornou intensamente cultivada, particularmente por olivais, uma vez que o azeite se tornou um bem extremamente valioso. A agricultura expandiu-se de tal forma que acabou por envolver muitas pessoas de origem africana. O fato de os romanos terem cultivado todas estas regiões até às partes pré-desérticas acabou por resultar na criação de muitas oportunidades de integração no império para as populações norte-africanas.

A rede de estradas revelou-se inestimável para o sucesso da indústria agrícola. Do ponto de vista do consumo local, permitia que os produtos fossem levados com facilidade para os mercados das cidades. Do ponto de vista do império, permitia que uma importante indústria de exportação funcionasse. Em portos famosos como o da Cartago romana, os navios partiam para Roma carregados com trigo africano. A agricultura era de longe a indústria dominante no Norte de África romano mas outras indústrias pequenas também tinham o seu lugar. O peixe salgado e o garum (uma mistura de especiarias) eram exportados em grandes quantidades. Também chegou até nós bastante cerâmica desta época. Para além disso, as construções romanas que sobreviveram atestam a importância enorme da construção civil. esta incluía a exploração de pedreiras. O mármore dourado de Kiptu estava entre as mais nobres exportações do Norte de África do seu tempo. O local da pedreira onde se extraia esta pedra ainda hoje pode ser visitado.

Para muitos proprietários e comerciantes a economia agrícola extraordinariamente bem sucedida significava a riqueza. Os sinais desta riqueza podem ver-se nos mosaicos daquele tempo. As ruínas de habitações como as casas de luxo que podemos ver em Douga revelam essa riqueza abundante.

Cultura

Muitas das casas eram escavadas na rocha e possuíam divisões subterrâneas para proteção contra os calores, por vezes extremos, da região. Construir tais habitações ricamente decoradas com mosaicos e cenas de uma vida plena de riqueza deve ter exigido um dispêndio de energia e recursos enorme. esta forma de vida confortável e conveniente estava ao alcance apenas de alguns muito ricos. De qualquer forma, o número deste tipo de construções de gente abastada é muito mais freqüente do que em muitas outras áreas do império romano.


As casas de bula regia(Foi revestido por um
vasto número de mosaicos para os pavimentos).

A indústria de mosaicos africana começou a crescer lentamente a partir do segundo século da nossa era e o primeiro destes grandes pavimentos de mosaicos de pequenos cubos aparece por volta do anos 120 ou 130. por esta altura os principais motivos em mosaico ainda eram executados a preto e branco. Mas os romanos africanos devem ter querido algo mais importante e mais belo. É então introduzida a cor e pavimentos inteiros completamente cobertos de composições com vários temas. O mosaico tornou-se uma forma de mostrar o poder que se tinha dentro da comunidade. A marca distintiva destes painéis de mosaicos africanos é assim a sua policromia e as composições enormes. Estas idéias e esta forma de decoração acabou por influenciar outras áreas do império e estas ideias africanas acabaram por serem exportadas para outras províncias.

Para além do seu valor artístico, os mosaicos oferecem-nos imagens únicas da vida daquele tempo. O mais famoso destes mosaicos está também no museu de Túnis. É conhecido como o mosaico do proprietário Jullius e retrata a vida numa quinta do século IV. O proprietário aparece rodeado pelos seus servos. A esposa recebe das mãos de uma criada uma caixa de jóias. A casa, suntuosa, domina o centro da composição. A impressão que nos é transmitida é a de uma vida despreocupada, de luxo e tranqüilidade.

A época romana do Norte de África constitui um bom tempo e lugar para se ser rico. Com a paz assegurada pelo terceira legião augustana e com a prosperidade garantida pela agricultura muitos podiam gozar uma vida de lazer. Sabemos, por exemplo, que as visitas regulares ao teatro eram parte da vida social dos romanos. Podem encontrar-se ruínas de teatros por toda a região com o seu traçado típico em semi-círculo. O teatro restaurado em Douga é um exemplo impressionante. Construído em 168 d.C. deve ter reunido aqui os habitantes da cidade para assistirem à comédia, à tragédia, aos espetáculos de mímica e outras representações.

Na parte cartaginesa do Norte de África, que vai da parte Oeste da Líbia, da Tripolitânia para Oeste, não há conhecimento da existência de teatro antes dos romanos. Foram os romanos que introduziram os seus teatros nas suas cidades. Nas zonas mais a Leste (como o Egipto) podemos encontrar vestígios de teatros gregos uma vez que estas regiões tinham tido colónias gregas. O teatro, o circo, a representação e as termas são tudo inovações introduzidas no Norte de África pelos romanos. São partes da civilização romana que os africanos abraçaram quase de imediato.

Tal como hoje, assistir ao teatro não era apenas uma experiência artística. Para os romanos do Norte de África, o teatro também desempenhava uma função social. Era um bom lugar para conhecer pessoas. O mesmo acontecia com as termas, construídas um pouco por toda a região. Em Douga, havia pelo menos três conjuntos destes edifícios e algumas das ruínas ainda são bem visíveis. Era uma característica da vida quotidiana ir às termas não apenas por questões de higiene mas mais como uma atividade social. Ia-se aos banhos públicos para se encontrarem os amigos, para se fazer negócios, para conversar, mexericar, etc. Encontram-se muitos edifícios de banhos monumentais rica e profusamente decorados com diversos mármores, estátuas, mosaico. Eram sítios muito agradáveis para passar o tempo, relaxar e esquecer o trabalho.

Poder

Perto das termas, em Douga, existe um arco triunfal dedicado a um imperador que chegou ao poder em 193 d.C. O seu nome era Sétimo Severo. O seu período de governo foi um período notável na história romana. Mas talvez não devido aos seus feitos enquanto esteve no Poder. Nascido em Léptis Magna, na Líbia dos dias de hoje, foi o primeiro africano a atingir o posto mais alto da hierarquia do império romano.

Este triunfo de Sétimo severo não deve ser encarado como invulgar. Uma característica da ocupação romana era precisamente proporcionar oportunidades às populações conquistadas de se tornarem tão bem sucedidos e ricos como os colonos romanos. Uma das características do Império Romano, ao contrário de impérios mais recentes como o império britânico ou o francês, o espanhol e o português é a de permitir acesso à estrutura de poder do próprio império. No Norte de África, em particular, existiam níveis elevados de penetração das populações autóctones nesta estrutura. Em Douga foram descobertas várias inscrições que denotam a progressiva romanização das populações locais com a mudança de nomes nativos para nomes romanos ou com um som mais romanizado que o original.

Logo no século primeiro, alguns africanos bem sucedidos já eram suficientemente ricos para satisfazerem a qualificação de riqueza para a centúria romana. Na oitava década desse século foi nomeado o primeiro senador africano. Nos finais do século segundo, 1/3 do Senado tinha antecedentes africanos. Talvez graças a esta riqueza, a província de África tinha uma voz forte nos corredores de Roma. Mas o elitismo parece ter sido dominante entre aqueles que eram estritamente de origem romana. Constou que a irmã do imperador Sétimo Severo, Sétima Octivila, falava tão mal o latim em Roma que causou embaraços ao imperador e teve que ser enviada de regresso a África.

Apesar destes episódios, os feitos políticos de Severo foram importantes como, por exemplo, os seus ambiciosos projeto de obras públicas.


Ruínas romanas de Leptis Magna, Líbia.

Na Líbia, reconstruiu a sua terra natal, Léptis Magna, cujas ruínas ainda hoje nos dão sinais de uma considerável riqueza. O colossal Forum de Severo que domina a cidade foi iniciado por Sétimo severo no século III d.C. Os pormenores decorativos e a estrutura refletem o poder da elite africana e o êxito da sua integração no sistema romano. Severo morreu no ano de 211 depois de visitar a província romana da Britânnia para reforçar a sua fronteira Norte, o Muro de Adriano. faleceu na viagem de regresso, na cidade de York. A sua morte, todavia, marcou o início de uma dinastia de imperadores africanos. Severo foi sucedido pelos seus filhos, Carcala e Queta. Mais tarde carcala assassinou Queta e mandou apagar, por todo o império as inscrições com o nome do irmão. A estes imperadores sucederam-se Magrino e Helagapalo. A dinastia chegou ao seu fim em 235 d.C. com a morte de Alexandre Severo. Também ele é relembrado com um arco triunfal em Douga, um testemunho duradouro do êxito político dos norte-africanos.

O período da dinastia dos Severos é considerado muitas vezes como o mais grandioso do Norte de África romano. O seu território era vasto, pacífico e próspero, uma província de aproximadamente oito milhões de habitantes. No início do século III foram construídos alguns dos melhores edifícios do tempo quando os cidadãos abastados começaram a aplicar a sua riqueza em processos de construção ambiciosos. De todos os edifícios de todo o Norte de África romano não há, contudo, muitas dúvidas quanto à escolha do mais notável. Localizado a cerca de 160Km a Sul de Túnis está uma das mais impressionantes edificações romanas de todo o império que chegaram até aos nossos dias: o anfiteatro de El Djem.


Anfiteatro de El Djem.

Nenhum outro edifício do Norte de África pode igualar a grandiosidade deste recinto de espetáculos. Embora nunca tenha sido completado, aquilo que foi construído, em meados do século III, continua a ser um feito arquitetônico extraordinário. O seu estado de conservação é notável e as suas proporções inspiram respeito. Tem 150m de comprimento e 125 de largura, as bancadas elevam-se a mais de 35 metros de altura, para uma capacidade de 35.000 lugares. Como outros anfiteatros é inspirado no Coliseu de Roma tendo as suas estruturas sido assentes em arcos e subestruturas por baixo dos lugares dos espectadores. É assim, chamado de "Coliseu Africano".

O entretenimento que era oferecido, como em todos os anfiteatros romanos, era popular, fácil de entender e violento. O combate entre gladiadores era uma parte importante do espetáculo. A morte era freqüentemente o resultado destes confrontos ou causada pelos ferimentos do combate ou por uma derrota que não era mortal. Neste último caso a multidão indicava a sua opinião sobre a coragem do derrotado durante a luta. depois da opinião da turba seria o cidadão romano mais importante a tomar a decisão. Mas o combate entre humanos era apenas uma parte do espetáculo. Também eram populares as lutas entre animais selvagens. Leopardos, leões, ursos, touros eram trazidos de toda a parte para lutarem entre si ou contra homens conhecidos como bestiários. Os criminosos eram muitas vezes enviados para a arena desarmados ao encontro de uma morte terrível e inevitável. Eram despedaçados e pisados perante dezenas de milhar de cidadãos que gritavam freneticamente perante o espetáculo sangrento. As saídas ao anfiteatro era uma saída muito popular para ricos e pobres uma vez que estes espetáculos eram financiados pelos poderosos das cidades uma vez que eram necessários recursos enormes para conseguir organizar praticamente tais perseguições, matanças e combates em massa.

O cristianismo

Enquanto o Norte de África romano vivia a sua idade de ouro, um novo tipo de vítima mortal começava a aparecer nos anfiteatros: os cristãos. O século II assistiu à expansão de uma nova religião no Norte de África. A reação foi muitas vezes hostil e violenta. A fé cristã tinha alguns problemas em permitir aos seus fiéis o culto romano do imperador e era, na maioria das vezes proibido. Se um cristão recusava formalmente o culto, a morte era o resultado. Muitos relatos falam da ida ao encontro da morte nos anfiteatros em êxtase, certos da sua vida posterior no céu. A sua coragem continua a ser um aspecto admirável da história do cristianismo. De qualquer forma, os martírios não conseguiram travar o avanço da Cristandade e a ascenção da nova fé marca o princípio do fim da presença dos romanos no Norte de África. Por alturas do século IV o Cristianismo era religião dominante no território.

Não obstante, a Igreja Cristã encontrava-se freqüentemente em crise, atormentada por disputas internas e divisões. As autoridades romanas também enfrentavam problemas. Um conflito a propósito dos impostos levou a uma revolta. Embora dominada esta revolta marca o fim de uma era de paz excepcional. Em breve o próprio império romano começa a desmoronar-se enredado nos seus conflitos internos Por fim partiu-se em dois: o império do ocidente com Oede em Roma e o do Oriente centrado em Constantinopla.

Também houve forças externas envolvidas nestas mudanças. Tribos bárbaras (que não falavam latim) como os Hunos, os Godos e os Vândalos saquearam o império do ocidente. Em 429 os Vândalos fizeram a travessia da Espanha para o norte de África e rapidamente dominaram a região. A era romana tinha terminado. Embora o império do oriente tenha mais tarde recuperado o domínio da região, a época gloriosa do Norte de África romano jamais poderia ser restaurada. No final do século VII os exércitos de uma nova religião, o Islã, começaram a espalhar-se por todo o Norte de África. No século VIII a província romana já representava um temo passado mas graças aos escritos dos historiadores e às obras dos artistas e dos construtores antigos podemos ter a certeza de que foi uma época verdadeiramente notável.
 
 

 

Antigüidade greco-romana deixou marcas na Líbia

As cidades litorâneas do país norte-africano guardam ruínas milenares e impressionantes




O litoral da Líbia é um dos maiores tesouros arqueológicos do mundo. Suas cidades costeiras ainda guardam as ruínas de impérios erguidos por fenícios, gregos e romanos milênios atrás.

A posição estratégica do lugar foi decisiva para que ele fosse tão cobiçado: a África mediterrânea foi alvo do expansionismo de várias civilizações da Antigüidade.

A cultura que fincou raízes na Líbia, entretanto, foi a árabe, durante o período de conquistas territoriais que esse povo viveu por volta do século 8. Como era de se esperar, a expansão também deixou atrações arqueológicas para trás.


Cidade de Leptis Magna, provavelmente
fundada por colonos Fenícios em 1100 a.C.

Na parte oeste do litoral, as cidade de Sabratha, Leptis e Oea (ou Trípoli, a capital) remontam ao período de domínio fenício e romano. Mais para leste, podem ser encontradas as antigas cidades gregas de Shahat (Gorina), Sussa (Apolonia), Tolmitha (Ptolemias), Tukra (Tokhira) e Elmerj (Barqa).

Oeste romano 


Assai al-Hamra.

Uma vez na capital, o "castelo vermelho", ou Assai al-Hamra vale uma visita. Perto dali fica o museu Jamahiriya, que guarda peças arqueológicas encontradas no país.


A cidade de Sabratha, localizada a cerca de 80 quilômetros a
oeste de Trípoli, foi um grande entreposto comercial no passado.

Sabratha fica a oeste de Trípoli, a cerca de uma hora de viagem. A cidade foi fundada por fenícios um milênio antes do nascimento de Cristo. Suas ruínas incluem colunas de templos romanos, que se enfileiram e margeiam o mar azul.


Hoje menos famosa que Cartago, Leptis Magna também
detinha poder no Mediterraneo do século 4 a.C.

Junto de Sabratha, Leptis Magna é um dos principais destinos turísticos da Líbia, que está começando a ser descoberta pelos viajantes, depois de séculos fechada por motivos políticos.

Os anos de relativo isolamento refletem a estrutura turística das cidades menos procuradas: as placas e sinalizações são quase todas escritas em árabe, a língua local. O ocidental desenrolado, entretanto, não vai passar aperto se pedir informações aos líbios.

Leste grego 


Ruínas de Shahat.

Shahat foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco e é considerada um dos mais belos vestígios da civilização helênica. A cidade possui templos dedicados a Zeus, Baco e Apolo, um maravilhoso teatro grego e exemplares dos banheiros públicos criados pelos romanos.


Ruínas de Sussa (cidade também conhecida como Apolônia).

As ruínas de Sussa surpreendem os visitantes: uma parte delas está submersa pelo mediterrâneo. Há companhias de turismo que fazem passeios de barco pelo lugar e também acompanham mergulhadores.
 

As fortalezas marroquinas de Ouarzazate

O Marrocos é um país exótico por inteiro. Os kasbah, cenário de vários filmes, são alternativas de visita à conturbada Marrakech. Dentro desses imensos fortes de barro, ainda residem famílias. 
A vida parece ter parado séculos atrás.





Ouarzazate é uma cidade de 60.000 habitantes, situada na confluência da Cordilheira do Atlas com os Vales do Dadés e do Draa a 200km a sul de Marraquexe. Ao longo de sua história foi um importante ponto estratégico por onde passavam as caravanas.

História

Ouarzazate foi construída em 1928 pelos franceses para servir como posto militar avançado da Legião Estrangeira para o deserto.


Berberes

Os Berberes encontram-se na região há quatro mil anos e, apesar da conversão ao islamismo por volta de finais do século VII, a sua cultura e o seu espírito de independência lograram resistir às sucessivas vagas de invasores, dos romanos aos árabes, passando pelos franceses da época do protetorado.


Kasbah Aït Benhaddou


Kasbah Taourirt


Kasbah Tiffoultout

Era dentro das aldeias fortificadas, construídas com tijolos de argila, que os berberes se protegiam dos ataques das tribos nômades e viviam o dia-a-dia, a par dos seus animais.

Em 1919, líderes berberes do Rif chegaram a ameaçar seriamente o poder colonial, lançando uma série de ataques contra fortalezas espanholas do norte do território. A resistência dos Berberes face aos Árabes recém-chegados afirmou-se logo com determinação no século VIII, quando aderiram à heresia kharédjita e tentaram expulsar os invasores dos territórios do Magreb. A cidade de Marraquexe, que viria a dar nome ao país, foi fundada, aliás, na sequência de uma rebelião berbere que alastrou rapidamente pelo sul e centro do território e que abriu as portas à primeira grande dinastia da história de Marrocos, a dos Almorávidas.


Turistas viajando em uma caravana


Tapetes berberes


Especiarias

Hoje em dia Ouarzazate tem se convertido num importante ponto turístico. As ruelas labirínticas escondem produtos únicos e de tudo um pouco (de especiarias a roupas e tapetes). Além disso, é o centro cinematográfico do país, com seus grandes estúdios. Muitas produções foram gravadas nesta região, tais como: "Gladiador", "A Mumia", "A Última Tentação de Cristo", "Asterix", "Babel", entre outros.


Kasbah Taourirt, localizado no centro de Ouarzazate

Os Kasbah, sempre imponentes, são as atrações mais interessantes. Aït Benhaddou, Taourirt e Tiffoultout são os mais belos. Utilizadas para proteger a população das vilas contra invasões, parecem flutuar sobre a cidade. Eram sempre construídos em colinas ou próximos a portos para facilitar a fuga ou impedir as invasões. 
 
 

Existe um Sudão da paz

No país conhecido por uma guerra genocida e um movimento separatista, ainda há lugar para as tradições milenares dos faraós e de uma cultura islâmica festiva


O complexo de Meroe foi a capital do Reino de Kush durante
vários séculos. Hoje, suas areias têm quase 100 pirâmides.

O Sudão não costuma despertar boas referências. O conflito de Darfur, na região oeste do país, ganha espaço regular na imprensa. Os resultados das eleições de abril foram contestados. E o presidente Omar al-Bashir é maldito pelos Estados Unidos. Além disso, a metade sul, separatista, do país prepara-se para um plebiscito em 2011 que deverá dividir a nação. Isso sem contar as notícias mais antigas de que Osama Bin Laden viveu cinco anos no Sudão na década de 90 e de que os Estados Unidos bombardearam uma fábrica em Cartum, em 1998, como retaliação a dois ataques a embaixadas americanas realizados pela Al Qaeda. 

Mesmo que o mundo condene o governo do Sudão, o país tem um lado positivo, que não aparece nas manchetes. Para encontrar a parte interessante do país, rumamos para o leste e o norte. Ao chegar à capital – onde ficamos hospedados no camping do Iate Clube Nilo Azul –, encontramos Kamal Omer. O enorme sudanês aparece vestindo uma impecável jalabyia branca, a roupa masculina tradicional árabe. Além de ser inspetor da aviação civil, Kamal é um dos diretores do clube, adora velejar e conversar com os raros estrangeiros que ali aportam. “Somos um povo muito hospitaleiro e pacífico”, diz Kamal. “Vocês podem não acreditar, mas Cartum é uma das capitais mais seguras da África.” 

Durante os dias em que passamos em Cartum experimentamos a generosidade e o carinho sudanês e fomos convidados para vários eventos. Começamos nossa agenda social com um almoço de casamento. O pai do noivo reúne centenas de amigos e parentes para marcar o início das celebrações, que duram três dias e consomem o equivalente a R$ 40 mil. Essa é apenas uma das festas que acontecem durante um casamento, e, nessa ocasião, somente os homens foram convidados. Somos os únicos estrangeiros entre centenas de jalabyias brancas. Uma pesada bandeja redonda, carregada por duas pessoas, é colocada no centro de cada mesa. Somos oito ao redor de um festival de comidas tradicionais e recebemos uma breve descrição de cada prato. A mesa oferece falafel, fool medemmas (pasta de feijão), queijo feta, iogurte temperado com cebola e pães. Comemos apenas com a mão direita. 

Mal saímos do banquete, Kamal nos convida para conhecer sua casa, onde mais uma celebração acontece. Seu sobrinho Ali, de 27 anos, acaba de comprar o primeiro carro, e a tradição reza que o jovem festeje com um carneiro. Depois de abençoar o veículo com o sangue do animal, a carne é distribuída entre amigos. Depois, seguimos para uma samiya, ocasião em que o recém-nascido recebe seu nome. Quem oferece a festa é Maki, pai do pequeno Mohamed, que nasceu há duas semanas. 

A família fechou um trecho da rua, colocou tapetes sobre o solo, decorou o ambiente com guirlandas e montou um palco para uma banda local. Diversos panelões alimentam centenas de convidados. Quando a banda toca uma música conhecida, todos se levantam para dançar. Homens erguem o punho para cima, mulheres estalam os dedos e vários seguem a letra da melodia em voz alta. “É uma alegria simples, mas verdadeira. E sem uma gota de álcool”, diz Maki. Como preza a tradição islâmica.
 
 
 

Os Dogons e a Estrela Sirius

Os Dogons de Mali possuem um conhecimento muito preciso do sistema estelar de Sirius e dos seus períodos orbitais




Sirius é a estrela mais interessante da constelação Cão Maior e é também a mais luminosa vista da Terra, por se encontrar apenas a 8,6 anos-luz do nosso sistema solar. 

A estrela era conhecida pelos antigos astrônomos egípcios, assim como a sua companheira menor, Sirius B. 

Contudo, a Sirius B, uma estrela do tipo “anã branca”, só foi identificada pelos astrônomos ocidentais há pouco tempo. A sua existência foi comprovada pela primeira vez por F.W. Bessel em 1844, em Konigsberg, na Alemanha. 

A tribo Dogon, do Mali, que vive numa remota região do interior da África oriental, é composta por apenas 200 mil pessoas. A sua maioria vive em aldeias penduradas nas escarpas de Bandiagara, a leste do Rio Niger, mas não pode ser classificada como “primitiva”, por que possui um estilo de vida muito complexo. 




Os Dogons têm um conhecimento muito preciso do sistema estelar de Sirius e dos seus períodos orbitais. Os sacerdotes Dogons, dizem que sabem desses detalhes, que aparentemente são transmitidos oralmente e de forma secreta, há séculos antes dos astrônomos.

Para a tribo, toda a criação está vinculada à estrela a que chamam de Po Tolo, que significa “estrela semente”. Esse nome vem da minúscula semente chamada de Fonio, que na botânica é conhecida como Digitaria exilis. Com a diminuta semente, os Dogons referem-se ao início de todas as coisas. De acordo com os Dogons, a criação começou nessa estrela, qualificada pela astronomia como “anã branca”, e que os astrônomos modernos chamam de Sirius B, a companheira menos brilhante de Sirius A, da constelação Cão Maior. 




A tribo descreve que as órbitas compartilhadas de Sirius A e de Sirius B formam uma elipse, com Sirius A localizada num dos seus focos: uma idéia que a astronomia ocidental só levou em conta no início do século XVII, quando Johannes Kepler propôs que os corpos celestes se movimentavam em círculos perfeitos. 

Os Dogons também dizem que Sirius B demora 50 anos para completar uma órbita em volta de Sirius A, a astronomia moderna estabeleceu que o seu período orbital é de 50,4 anos. 

O que se torna realmente assustador é o conhecimento que dizem ter de um terceiro astro do sistema Sirius, ainda não descoberto pelos astrônomos. Os Dogons chamam a este terceiro corpo de Emme Ya ou “Mulher Sorgo” (um cereal) e dizem que é uma estrela pequena com apenas um planeta na sua órbita, ou um grande planeta com um grande satélite. 

Visitantes extraterrestres

Os investigadores afirmam que os conhecimentos do sistema Sirius dos Dogons, possuem milhares de anos de idade e podem ter a seu favor os fatos históricos. 

Supõe-se que a tribo do Mali descende remotamente dos gregos, que colonizaram a parte da África que atualmente constitui a Líbia. Os gregos “expatriados” poderiam ter adquirido alguns conhecimentos dos seus vizinhos, os antigos egípcios.




A forma como os Dogons adquiriram conhecimentos astronômicos continua sem respostas. No entanto, a tribo africana explica os seus conhecimentos astronômicos do sistema Sirius de uma forma muito simples: dizem que os seus antepassados adquiriram-nos de visitantes anfíbios extraterrestres, chamados por eles de “Nommos”, provenientes da estrela Po Tolo (Sirius B). 

Contam que os Nommos chegaram pela primeira vez , do Sistema Sirius, numa nave que girava em grande velocidade quando descia e que fazia um barulho tão forte como o de o rugido do vento. Também dizem que a máquina voadora aterrou como se fosse uma pedra na superfície da água, semeando a terra como se “jorrasse sangue”. Alguns estudiosos dizem que, na língua Dogon, isso se assemelha ao “escape de um foguetão”. 

Os Dogons também falam que pode ser interpretado como a “nave mãe” colocada em órbita. Isso não é tão estranho quanto parece: a Apolo ficou em órbita lunar enquanto o módulo descia para fazer a primeira alunagem em Julho de 1969. 

Os Dogons acreditam que deuses (Nommos) vieram de um planeta do sistema Sirius, há cinco ou seis mil anos atrás. Na linguagem Dogon, Nommos significa “associado à água... bebendo o essencial”. 

Segundo a lenda, os anfíbios Nommos viviam na água e os Dogons referem-se a eles como “senhores da água”. A arte Dogon, mostra sempre os Nommos parte humanos, parte répteis. Lembram o semideus anfíbio Oannes dos relatos babilônios e o seu equivalente sumério Enki. 

Os textos religiosos de muitos povos antigos referem-se aos pais das suas civilizações como seres procedentes de um lugar diferente da Terra. Coletivamente, isso é interpretado por algumas pessoas como a prova da existência de vida extraterrestre que estabeleceu contato com o nosso planeta num passado distante.
 
 
 

 

A participação africana no tráfico de escravos

O tráfico transatlântico de escravos desenvolveu-se em parte graças à participação dos próprios africanos




Apesar de o tráfico negreiro ser geralmente caracterizado como obra dos países europeus e americanos, os africanos também participaram ativamente dessa atividade. O tráfico exigia uma organização comercial complexa para a venda e o transporte dos escravos. Essa organização encontrava-se baseada nos três continentes do Atlântico. Na África ela concentrava-se nas mãos dos próprios africanos, que determinavam quem embarcava ou não para o Novo Mundo. Isso em nada diminui o envolvimento dos países europeus e americanos no tráfico de escravos, mas revela um lado pouco conhecido da participação africana nessa atividade.

Os africanos escravizavam-se uns aos outros por uma questão de identidade cultural. Ao contrário dos europeus, no princípio do tráfico negreiro, e ainda bem depois disso, os africanos não se reconheciam como africanos. Eles se identificavam de diversas maneiras, como pela sua família, clã, tribo, etnia, língua, religião, país ou Estado. Essa diversidade sugere uma sociedade bem mais complexa do que aquela a que estamos acostumados e designamos por “africana.” Pouco vale distingui-las neste momento. Contudo, deve-se atentar para essa diferença, uma vez que ela ajuda a entender a origem do tráfico de escravos e da escravidão africana no Novo Mundo.


Mercado árabe de escravos.

A escravidão foi uma instituição presente na maior parte do mundo. Na África, ela surgiu antes mesmo da era dos descobrimentos marítimos dos europeus. Desde a antiguidade clássica, escravos negros eram vendidos para os mercados da Europa e da Ásia através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Eles eram vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias de escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a China, onde eram recebidos como mercadorias exóticas. Na própria África, os africanos serviam como escravos em diversas funções, desde simples trabalhadores até comandantes ou altos funcionários de Estado. Portanto, tanto a escravidão como o comércio africano de escravos precederam à chegada dos europeus e à abertura do comércio marítimo com o Novo Mundo.




Com a colonização das Américas, um novo mercado surgiu para o comércio africano de escravos. As plantações de açúcar do Brasil e do Caribe expandiam progressivamente, demandando cada vez mais mão de obra. Contudo, as populações nativas do Novo Mundo, dizimadas em grande parte pelas doenças trazidas pelos europeus, mal podiam atender essa demanda. Os europeus, por outro lado, viam poucos motivos para trabalharem voluntariamente nas plantações de açúcar. As condições de trabalho eram geralmente precárias e pouco gratificantes, de maneira que mesmo prisioneiros ou indivíduos obrigados a um termo de trabalho raramente se sujeitavam a trabalhar nas plantações de açúcar do Novo Mundo. O problema da escassez de mão de obra foi solucionado com o tráfico transatlântico de escravos.

A escravidão na África serviu de base para o desenvolvimento do tráfico transatlântico de escravos. Inicialmente, os europeus organizaram expedições marítimas para capturar e transportar escravos pelo Atlântico. Contudo, os riscos e os custos dessas expedições eram muito altos em comparação aos ganhos. Por isso, decidiram por um método menos agressivo para a obtenção de escravos, adotando o comércio no lugar da força bruta. Os africanos responderam positivamente a essa decisão, uma vez que já estavam longamente familiarizados com o comércio de escravos. A abertura do comércio transatlântico com os europeus proporcionou aos africanos acesso a objetos que eles consideravam como de luxo, e não quinquilharias como geralmente se anuncia. Os africanos rarissimamente venderam escravos por bens de primeira necessidade. A maioria dos objetos importados pelos africanos consistia em bens supérfluos como panos asiáticos e europeus, bebidas alcoólicas, tabaco, armas de fogo, e pólvora.


Cavaleiros Mossi levando reféns.

Havia várias maneiras de um indivíduo se tornar escravo na África. O mais comum, e talvez mais eficiente, era a guerra. Guerras entre vizinhos geralmente produzia um número de indivíduos capturados que poderia ser facilmente vendido na costa como escravo. No entanto, as guerras eram um método de escravização caro, que somente sociedades centralizadas ou estatais poderiam sustentar. Outros métodos de escravização menos dispendiosos e abertos às sociedades africanas descentralizadas incluíam as razias, o endividamento, e o julgamento por crimes ou heresias. Finalmente, em tempos de carestia, havia ainda a possibilidade de escravização voluntária, na qual indivíduos livres entregavam-se à escravidão movidos pela fome, pelo abandono ou por outras ameaças.




O tráfico transatlântico consumiu mais escravos do que qualquer outro mercado da África. Contudo, a demanda por escravos do comércio transatlântico pouco alterou a maneira como os africanos concebiam a escravidão na África. Em geral, os africanos preferiam mulheres como escravas por dois motivos. Primeiro porque as mulheres eram responsáveis pelo trabalho agrícola na maioria das sociedades africanas, e segundo porque eles poderiam tomar essas mulheres por esposas, aumentando assim a sua família e a sua influência política na comunidade local. As crianças também eram consideradas escravos ideais pelos africanos, uma vez que poderiam ser facilmente assimiladas pela comunidade dos seus senhores. Ao contrário, os africanos procuravam se desfazer logo de escravos homens, que poderiam representar um perigo para a sociedade, especialmente em se tratando de soldados capturados em guerras. Nesse sentido, o tráfico transatlântico de escravos contribuiu para aliviar os senhores africanos desse tipo de escravo, já que as plantações do Novo Mundo demandavam mais homens do que mulheres e crianças como escravos.




O tráfico negreiro atuou diferentemente em várias partes da costa africana. Por isso, torna-se difícil de calcular o impacto dessa atividade no continente. Na Baía de Benin e na costa do Congo e Angola, onde o tráfico foi especialmente ativo, o seu impacto é geralmente associado à violência comercializada, a crises demográficas, e à expansão da escravidão na própria África. Em outras partes do continente, as consequências devem ter sido menos severas, apesar da economia externa africana viver hoje profundamente voltada para fora do continente. De toda maneira, o tráfico transatlântico de escravos foi uma atividade na qual os africanos atuaram tanto como vítimas quanto agentes. Talvez, o primeiro passo para se compreender a história dessa tragédia seja reconhecer que até pouco tempo a escravidão era aceita pela maior parte do mundo. Uma prova disso está na ocasião que ora se celebra. O 13 de Maio de 1888 representou o fim da escravidão no Brasil, o último pais a abolir a escravidão nas Américas, apenas cerca de dois séculos atrás. Portanto, seja entre europeus, seja entre africanos, havia poucos fatores que pudessem inibir o desenvolvimento do tráfico transatlântico de escravos.
 

 

A Arte Egípcia

A arte egípcia esteve fortemente influenciada pelos preceitos religiosos de sua cultura




No Antigo Egito, a idéia de que o desenvolvimento das artes constituía um campo autônomo de sua cultura não corresponde ao espaço ocupado por esse tipo de prática. Assim como em tantos outros aspectos de sua vida, os egípcios estabeleciam uma forte aproximação de suas manifestações artísticas para com a esfera religiosa. Dessa forma, são várias as ocasiões em que percebermos que a arte dessa civilização esteve envolta por alguma concepção espiritual.

A temática mortuária era de grande presença. A crença na vida após a morte motivava os egípcios a construírem tumbas, estatuetas, vasos e mastabas que representavam sua concepção do além-vida. As primeiras tumbas egípcias buscavam realizar uma reprodução fiel da residência de suas principais autoridades. Em contrapartida, as pessoas sem grande projeção eram enterradas em construções mais simples que, em certa medida, indicava o prestígio social do indivíduo.

O processo de centralização política e a divinização da figura do faraó tiveram grande importância para a construção das primeiras pirâmides. Essas construções, que estabelecem um importante marco na arquitetura egípcia, têm como as principais representantes as três pirâmides do deserto de Gizé, construídas pelos faraós Quóps, Quéfren e Miquerinos. Próxima a essas construções, também pode se destacar a existência da famosa esfinge do faraó Quéfren.

Tendo funções para fora do simples deleite estético, a arte dos povos egípcios era bastante padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico ou o desenvolvimento de um estilo autoral. Geralmente, as pinturas e baixos-relevos apresentavam uma mesma representação do corpo, em que o indivíduo tinha seu tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No estudo da arte, essa concepção ficou conhecida como a lei da frontalidade.

Ao longo do Novo Império (1580 – 1085 a.C.), passados os vários momentos de instabilidade da civilização egípcia, observamos a elaboração de novas e belas construções. Nessa fase, destacamos a construção dos templos de Luxor e Carnac, ambos dedicados à adoração do deus Amon. No campo da arte funerária, também podemos salientar o Templo da rainha Hatshepsut e a tumba do jovem faraó Tutancâmon, localizado no Vale dos Reis.

A escultura egípcia, ao longo de seu desenvolvimento, encontrou características bastante peculiares. Apesar de apresentar grande rigidez na maioria de suas obras, percebemos que as estátuas egípcias conseguiam revelar riquíssimas informações de caráter étnico, social e profissional de seus representados. No governo de Amenófis IV temos uma fase bastante distinta em que a rigidez da escultura é substituída por impressões de movimento.

Passado o governo de Tutancâmon, a arte egípcia passou a ganhar forte e clara conotação política. As construções, esculturas e pinturas passaram a servir de espaço para o registro dos grandes feitos empreendidos pelos faraós. Ao fim do Império, a civilização egípcia foi alvo de sucessivas invasões estrangeiras. Com isso, a hibridação com a perspectiva estética de outros povos acabou desestabilizando a presença de uma arte típica desse povo.
 

 

Arte Ife: uma herança surpreendente e sofisticada da Nigéria

Poucas civilizações na África Subsariana são tão famosas pela sua arte e a sua cultura como a de Ife, antigo reino e terra natal do povo yoruba na Nigéria




Os seus artistas criaram uma obra escultórica única, que se conta entre as esteticamente mais prodigiosas e tecnicamente mais aprimoradas do continente negro.




Técnica e visualmente, as obras de arte da antiga Ife contam-se entre as mais importantes do mundo. Incluem cabeças de tamanho natural e figuras humanas em terracota e bronze, vasos de cobre quase puro – uma façanha que, segundo os peritos, Gregos, Romanos e Chineses nunca conseguiram levar a cabo –, esculturas de quartzo e granito, peças em cobre, pedra e cristal, e também miniaturas de deliciosas representações de animais domésticos e selvagens em terracota e pedra, exemplares dos monumentais menires de granito, expressivas caricaturas de anciãos, figurações de doenças atrozes, monstruosas configurações imaginárias e vívidas figuras de animais.




Trata-se de objectos de grande força visual, complexidade icónica e variedade de formas, que revelam a extraordinária mestria criativa e técnica dos artistas e o gosto dos mecenas e cidadãos de Ife.




A sofisticação alia-se à audácia tecnológica e às notáveis qualidades estéticas e o resultado é uma visão do brilhantismo da civilização Ife, que possibilita a compreensão de preocupações culturais e da profunda importância da arte como testemunho histórico.




Os factores “dinastia” e “divindade” ajudaram a modelar excepcionais obras escultóricas, incomparáveis com outras expressões africanas, recriando, de algum modo, os diferentes âmbitos da cultura Ife, como o político e o religioso. 

Situada no Sudoeste da Nigéria, Ife teve o seu apogeu entre os séculos XII e XV, quando foi a capital da região. Na actualidade, a cidade de Ife continua a ser o coração espiritual dos Yoruba. Aliás, de acordo com uma das múltiplas versões da tradição, esta cidade foi o palco escolhido pelos deuses para descerem e criarem o mundo.

Independentemente das inspirações, o certo é que quando se deram a conhecer as primeiras mostras da actividade Ife, o etnógrafo alemão Leo Frobenius adiantou que a única explicação possível para tal semelhança com o realismo idealista do classicismo grego patente nas figuras era uma eventual colónia grega na mítica Atlântida que tivesse levado a arte clássica às selvas da Nigéria. Os especialistas afirmam que foi a partir do ano 1000 que se desenvolveu verdadeiramente a arte escultórica que deu fama a Ife, elevando-a aos píncaros das artes africanas.
 

 

A Arte Mesopotâmica

Teocráticas e absolutistas, as civilizações mesopotâmicas produziram manifestações artísticas subordinadas aos interesses 
do estado e da religião, o que não impediu a criação de formas expressivas de grande originalidade e valor estético




Três fatores contribuíram para caracterizar a arte e a arquitetura mesopotâmicas. Primeiro, a organização sociopolítica das cidades-estados sumérias e dos reinos e impérios que lhes sucederam. A guerra era uma constante preocupação dos governos das cobiçadas terras mesopotâmicas, razão pela qual grande parte da produção artística se voltava para a glorificação das vitórias militares. O segundo fator foi o importante papel desempenhado pela religião nos assuntos de estado. Dava-se especial importância às construções religiosas e a maioria das esculturas servia a fins espirituais. O último fator foi a influência exercida pelo meio ambiente. Em virtude da inexistência de pedra e madeira na planície aluvial, os escultores dependiam da importação desses materiais ou tinham que utilizar substitutos como a terracota.

A arquitetura também foi afetada pela necessidade de empregar o tijolo como material e por problemas técnicos na construção dos telhados, apenas em parte solucionados com a invenção da abóbada de tijolos no segundo milênio.


Ruínas da Babilônia, no Iraque; A cidade foi
fundada provavelmente por volta de 3800 a.C..

Poucas obras da arquitetura mesopotâmica sobreviveram ao tempo, ou por que na sua maioria eram construídas com tijolos de barro, ou devido as inúmeras guerras vividas pela região.


Relevo assírio representando o transporte
de cedro libanês (século VIII a.c.)

As principais estátuas da região da mesopotâmia representam homens em pé, e são chamadas de "oradores", onde destacam-se a face e principalmente os olhos. No entanto, os relevos foram a principal expressão artística da região, não só pelas características artísticas, mas para a compreensão da história e da religiosidade dos povos.

As principais manifestações da arquitetura mesopotâmica eram os palácios, em geral muito grandiosos; como havia pouca pedra, as paredes tinham que ser grossas, pois eram feitas de tijolos. Os templos possuíam instalações completas, com aposentos para os sacerdotes e outros compartimentos. Um traço característico dessa arquitetura era o “Zigurate”, torre de vários andares, em geral sete, sobre a qual havia uma capela, usada para observar o céu.


Guennol Lioness(Leoa de Guennol), uma figura de calcário de 8,3
centímetros de altura esculpida há 5 mil anos na Mesopotâmia.

Os escultores representavam o corpo humano de forma rígida, sem expressão de movimento e sem detalhes anatômicos. Pés, mãos e braços ficavam colados ao corpo, coberto com longos mantos; os olhos eram completados com esmalte brilhante. As estátuas conservavam sempre uma postura estática ante a grandiosidade dos deuses. As figuras esculpidas em baixo-relevo se caracterizavam por um grande realismo.

Na pintura os artistas se utilizavam de cores claras e reproduziam caçadas, batalhas e cenas da vida dos reis e dos deuses.


Estandarte de Ur, um dos mosaicos mais
antigos encontrados até os dias de hoje.

O "Estandarte de Ur"(3500 A.C), é considerado pela maioria dos historiadores como o mosaico mais antigo que se tem conhecimento.

Os sumérios empregaram a arte musiva(Mosaico) para decorar colunas e paredes. Eles usavam pequenos fragmentos esmaltados de cerâmica.


Colar de ouro mesopotâmico produzido
entre os séculos 17 e 16 a.C.

Na Mesopotâmia a ourivesaria era uma das atividades artísticas mais importantes. Estatuetas de cobre, colares e braceletes, assim como utensílios trabalhados em ouro e prata com incrustações de pedras eram muito comuns, e com estilos variados dada a diversidade de povos que ocupou a região.

Período Sumério

Arquitetura

A arquitetura monumental na Mesopotâmia surgiu juntamente com a fundação das cidades sumérias e a invenção da escrita, por volta de 3100 a.C. O templo sumério típico da época proto-histórica (período compreendido entre a pré-história e o surgimento dos primeiros documentos escritos) era construído em tijolos de barro sobre uma plataforma do mesmo material. O extenso santuário central era ladeado por duas câmaras, com um altar num extremo e uma mesa de sacrifícios no outro. Em geral, as paredes internas do templo eram decoradas com pinturas murais e com mosaicos feitos de cones de terracota, engastados no muro e pintados em cores vivas. Os tetos eram provavelmente planos.

Escultura

O culto religioso estimulou o desenvolvimento da escultura suméria. Muitas das figuras conservadas são estátuas votivas. Os homens estão quase sempre de pé ou sentados, com as mãos postas, em atitude de oração. Geralmente nus da cintura para cima, vestem uma saia com adornos em forma de pétalas superpostas, têm cabelos longos e barbas cerradas. O penteado das mulheres consiste, predominantemente, de um cacho de cabelos disposto verticalmente, de orelha a orelha, e um coque. Distinguem-se dois estilos sucessivos nesse período: o de Tall al-Asmar e o de um grupo importante originário da antiga capital, Mari. Os sumérios cultivaram também a escultura em metal, na qual alcançaram grande refinamento.

Os relevos de pedra foram um meio expressivo muito difundido entre os sumérios, embora, nesse primeiro período, seu estilo tenha sido muito convencional. Foram encontrados, entretanto, fragmentos de estelas mais audaciosas. A estela dos Abutres, conservada no Museu do Louvre, comemora uma vitória militar, mas tem conteúdo religioso. Em outra categoria estão os selos cilíndricos, que, gravados em pedra com grande delicadeza, representam uma das mais refinadas formas da arte suméria.

Período Acadiano

Sargão I, da Acádia, que reinou entre 2334 e 2279 a.C., unificou as cidades-estados sumérias e criou o primeiro império mesopotâmico. O novo conceito de poder monárquico se manifestou em grandiosas obras de arte de caráter laico, até então inéditas.

Arquitetura

A dinastia semita da Acádia se dedicou à reconstrução e ampliação de muitos templos sumérios, como o de Nippur. Construiu também palácios, como o de Tall al-Asmar, e fortalezas, como a de Tell Brak.

Escultura

Conservam-se duas notáveis cabeças de estátuas do período acadiano. Uma delas, em bronze, representa provavelmente Sargão (Museu do Iraque) e é considerada uma das obras-primas da arte antiga. A outra, em pedra, também integra o acervo do Museu do Iraque e procede de Bismaya. Quanto aos relevos, observa-se um aperfeiçoamento ainda maior, evidente na famosa estela de Naram-Sin, do Louvre. Em comparação com as poucas esculturas acadianas descobertas, encontrou-se grande variedade de selos cilíndricos, nos quais a técnica acadiana atingiu um nível de perfeição que não foi superado em épocas posteriores.

A dinastia acadiana acabou quando o vale foi conquistado pelas tribos bárbaras das montanhas persas. De todas as cidades mesopotâmicas, apenas Lagash parece ter permanecido fora do conflito e, sob seu famoso governador Gudéia, conseguiu dar continuidade à tradição artística mesopotâmica. A escultura desse período (por volta de 2100 a.C.) parece constituir uma espécie de reflorescimento póstumo da arte suméria. Um grupo de estátuas do governador e outros dignitários é conservado no Louvre e no Museu Britânico. A pedra é lavrada com grande mestria e a impressão de serena autoridade que emana dessas estátuas justifica sua inclusão entre as obras mais perfeitas da arte antiga do Oriente Médio.

Renascimento Sumério

Ao curto intervalo histórico representado pelas esculturas de Gudéia seguiu-se um renascimento sumério que durou quatro séculos e culminou com a unificação de todo o país sob o reinado de Hamurabi da Babilônia, no início do século XVIII a.C. Antes da implantação do império babilônico, os povos da antiga Suméria foram dominados pela terceira dinastia de Ur e pelos estados rivais de Isin e Larsa e voltaram às suas tradições pré-acadianas. Esse período caracterizou-se pelo avanço registrado no planejamento arquitetônico e na reconstrução de edifícios. No sul, surgiram os grandes zigurates, ou torres de diversos andares como as de Ur, Eridu, Kish e Uruk e Nippur. Os templos edificados ao nível do solo consistiam em uma entrada ladeada por torres, um pátio central, um vestíbulo interior e um santuário, todos alinhados longitudinalmente. Os melhores exemplos de palácios residenciais foram encontrados no norte, especialmente em Mari, onde um soberano chamado Zimri-Lim construiu um grande edifício com mais de 200 cômodos.

Período Assírio

Arquitetura. Assur, pequena cidade-estado suméria, começou a ganhar proeminência política no período anterior a Hamurabi. Na segunda metade do segundo milênio a.C., o poder da Assíria se estendeu pela maior parte da Mesopotâmia. O esplendor da arquitetura assíria não se manifestou antes do século IX, quando Assurnasirpal II transferiu sua capital para Nimrud. Os grandes palácios ressaltam o novo interesse pelos edifícios laicos e retratam a grandeza dos reis assírios. Construídos em geral sobre uma plataforma, têm portas ladeadas por colossais esculturas de pedra e aposentos decorados com relevos. Entre eles, vale citar os de Nimrud, Khorsabad e Nínive.

Escultura

O gênero de arte assíria mais característico eram as esculturas de portais, impressionantes figuras de guardiães (em geral, touros ou leões com cabeça humana) colocadas em ambos os lados de portais arqueados. Embora menos espetaculares, os relevos representam também um importante gênero de arte assíria. Os primeiros datam do século IX. Seu principal objetivo é a glorificação do rei: são muito comuns as cenas de conquista - que se distinguem pela vitalidade e pelas minúcias - e as cenas de caça, nas quais os animais são estudados e desenhados com muito cuidado. Um dos relevos mais conhecidos é o da "Leoa ferida", do Museu Britânico.

Período Neobabilônico

Durante os cinqüenta anos que se seguiram à queda de Nínive, no ano 612 a.C., registrou-se o último florescimento da cultura mesopotâmica no sul do Iraque, sob a última dinastia dos reis babilônicos. Nos reinados de Nabopolassar e de seu filho Nabucodonosor II, a atividade de construção foi muito intensa. A Babilônia se viu ampliada e cercada por uma dupla linha de fortificações. No interior da cidade, os edifícios públicos foram dispostos ao longo de uma alameda que conduzia, pelo centro da cidade, ao templo e ao zigurate de seu deus protetor, Marduk. As fachadas da famosa porta de Ishtar (Museu do Oriente Médio, Berlim), são decoradas com figuras de animais em ladrilhos esmaltados. Essa forma de decoração aparece também no pátio de honra do magnífico palácio do rei Nabucodonosor.

 

A Arte da Joalheria Cita



Os citas eram tribos nômades que viveram nas estepes ao norte do Mar Negro. No século III AC, o império cita ia até à leste do rio Danúbio, mas com o aparecimento dos sármatas em fins deste século, os citas foram forçados para a península da Criméia, onde estabeleceram sua capital, Neápolis, e deixaram a vida nômade. Por volta do século III DC, o império e a cultura cita já haviam desaparecido completamente.

Eles foram um dos primeiros povos a domesticar cavalos e o historiador grego Heródoto escreveu que onde estavam as tribos citas, ali estava também a devastação: praticamente tudo era destruído – plantações, edificações e populações – e os escravos que eram feitos eram invariavelmente privados da visão.

Ao contrário de outros povos nômades das montanhas Altai e da Ásia Central, os citas não usavam tendas ou barracas. Grande parte do seu tempo era passada em cima dos cavalos ou em carroças, e milho e outros grãos eram obtidos com tribos vizinhas, sendo esta sua alimentação básica, adicionada de carne de animais e do leito do iaque. Apesar de desprezarem outros tipos de cultura, praticaram ativamente o comércio com os gregos nas cidades e portos gregos situados no mar Negro. Com as trocas comerciais, veio também a influência grega nas técnicas de decoração e confecção da joalheria cita.

As belas jóias citas estão, em grande parte, no museu Hermitage de São Petersburgo, Rússia. Os artesãos e ourives citas utilizavam as técnicas de repoussé e de gravação na decoração das jóias e as gemas preferidas eram a turquesa e a ágata.


Vaso de ouro que faz parte de um conjunto de 3.
Representam fatos simples da vida dos citas;
Pente encontrado em túmulo cita, na Ucrânia.

Retrataram nas jóias aspectos da sua vida nômade, com riqueza de detalhes e refinamento técnico.


Pantera enrodilhada que provavelmente pela
geometrização adornava um escudo; Como na pantera,
note-se a formas. Ornamento em par, para prender vestes.

Os temas decorativos preferidos eram os animais: cavalos, águias e outros pássaros, tigres, serpentes e iaques, mas também as palmeiras e alguns poucos temas florais – como as rosetas - foram utilizados.
As jóias citas que chegaram até nós são compostas por fivelas para mantos e cinturões, placas peitorais, braceletes, grandes pendentes e botões para vestimentas.
 
 

História da Arte Anatólia

A península do extremo oeste da Ásia, que hoje pertence à Turquia, é uma região que tem muitas peças artísticas cujo significado passa uma idéia de seu verdadeiro valor, que era "brilho do Sol" ou "do leste". Conheça esse vasto mundo que hoje merece a atenção dos historiadores

Ícone retirado de Monte Atos representando
o primeiro conselho ecumênico em Nicéia.

A Península da Anatólia é uma ponte cultural desde tempos remotos. Ligando a Ásia à Europa, propiciou o trânsito de mão dupla de povos e de idéias. Aí se concentra o maior número de cidades antigas do Oriente Próximo. Não é inútil lembrar a história do nome. Homero utilizou o termo anatolé (talvez de origem hitita) como indicativo do nascer do sol; quase dois mil anos depois, no século X d. C., por iniciativa do imperador de Bizâncio Constantino Porfirogeneta, Anatólia passou a ser sinônimo de Ásia Menor, o território asiático a leste do Mar Egeu, que atualmente designa a parte asiática da Turquia. O historiador espanhol Paulo Orósio, do século V d. C., parece ter sido o primeiro a falar em Ásia Menor e fez isso para diferenciar a província romana asiática do restante da Ásia, incomparavelmente maior.

Faltou à península um centro natural e um rio de grande porte que lhe servisse como via de ligação, por isso a Ásia Menor favoreceu a autonomia política entre seus vales habitados. Diferentemente do que se verifica no Vale do Nilo e na Mesopotâmia, a Anatólia não experimentou uma dinâmica de integração política em grande escala. É também uma área de grande atividade sísmica e vulcânica, particularidade que condiz com o aspecto muitas vezes sinistro e mórbido da sua arte antiga. Essa instabilidade geológica da Ásia Menor propiciou a riqueza dos povos que a dominaram na Antiguidade, pois as mesmas intempéries destruidoras deixavam como recompensa para os sobreviventes um solo rico em obsidiana, cobre, prata, chumbo e ferro, daí o papel importantíssimo desempenhado pelos anatólios como exportadores desses mesmos materiais para todo o Oriente Próximo e o mundo egeu.

Tomando o sentido oeste, os conhecimentos científicos da Mesopotâmia atravessaram a Ásia Menor, atingindo a Jônia e os Bálcãs - um fenômeno que se liga diretamente à ascensão cultural da Grécia em meados do primeiro milênio a. C.: o conhecido "milagre grego". Poucos séculos depois, viajando no sentido inverso, os helenos guiados por Alexandre Magno cruzaram a mesma península, chegando à Mesopotâmia, ao Irã, à Índia e à Ásia Central, difundindo a cultura grega por todo o mundo antigo, que nunca mais foi o mesmo. Interessa-nos falar aqui principalmente de uma época anterior a Alexandre; época em que a Anatólia foi o centro difusor de algumas inovações fundamentais para o Oriente Próximo, tais como o aproveitamento da roda na locomoção de carros de guerra, considerada "a invenção mais importante do segundo milênio a. C.", como diz C. W. Ceram no seu ensaio sobre a cultura hitita. A bem dizer, tanto o cavalo quanto o carro de guerra já eram empregados no Oriente Próximo desde tempos anteriores.

Mas era um emprego reduzido, que nada tinha de sistemático. Melhorando as condições de criação e treinamento dos cavalos e aperfeiçoando do carro de duas rodas, os hurritas "criaram uma arma nova e temível a ser utilizada em todos os campos de batalha orientais a partir do século XV a. C.; eis aí sem dúvida a grande contribuição dos indo-arianos para a civilização mesopotâmia", segundo Georges Roux. O cavalo adquiriu importância extrema na guerra, no transporte e em diversos outros contextos sociais no Oriente Próximo e, por extensão, em praticamente todas as outras sociedades que o conheceram. Isso ajuda a explicar o estatuto de nobreza que os homens costumam lhe conceder. Dada a tendência humana a tratar o útil e o belo como uma só qualidade, é natural que haja um consenso universal quanto à beleza do cavalo - e que, por isso, ele seja um tema freqüente em todas as artes. A mesma argumentação nos leva a compreender a admiração que os beduínos do Oriente Próximo desenvolveram pelo camelo, chegando a fazer dele um paradigma da beleza e a usar mais de mil palavras diferentes para designá-lo.


Relevo em mármore do deus
frigio Men, do fim do século II d.C.

A situação geográfica da Anatólia, tão próxima e facilmente conectada aos continentes vizinhos (a própria África não dista muito, dada a estreiteza do mar Mediterrâneo, sem contar a existência de várias ilhas e portos que sempre serviram de escalas intermediárias aos barcos), podia atuar como vantagem ou desvantagem, dependendo das circunstâncias. Essa posição centralizante e de fácil acesso favorecia o intercâmbio cultural benéfico, mas também deixava a península exposta a invasões vindas de todos os pontos cardeais. Os mesmos povos que vinham da região do Danúbio, do Cáucaso, da Grécia e da Mesopotâmia traziam à Anatólia a sua contribuição artística juntamente com uma diversidade de convulsões sociais, que muitas vezes se traduziam por guerras visando a conquista ou simplesmente a pilhagem.

Nisso encontra-se uma explicação para a instabilidade política que marca os rumos da história da Ásia Menor, sobretudo no período que precede a helenização quase completa da península a partir da ascensão de Alexandre Magno. Por sua vez, essa inconstância política e social desfavoreceu o florescimento das artes na Ásia Menor, o que ajuda a compreender a posição subalterna do seu patrimônio artístico perante os grandes pólos civilizatórios do Egito e da Mesopotâmia, seus contemporâneos. É uma situação semelhante à do eixo geográfico formado pela Palestina, a Síria e a Fenícia, bem como à do Irã, já ao leste da Mesopotâmia. Eis por que podemos considerá-las zonas periféricas relativamente à Mesopotâmia e ao Egito.

"Dentre todas as estruturas políticas do antigo Oriente Próximo, nenhuma alcançou uma solidez comparável à do Egito"

Cabe insistir que estamos a falar de um papel subalterno relativo a essas culturas vizinhas. A superioridade em apreço decorre da rapidez com que o neolítico deu lugar à civilização na Mesopotâmia e no Egito. O ocorrido na Mesopotâmia e no Egito foi algo de extraordinário; não seria exagero falarmos em "milagre mesopotâmio" e em "milagre egípcio". A Ásia Menor, a Palestina, a Fenícia, a Síria e o Irã seguiram um desenvolvimento cultural muito mais lento, que é o consoante à regra na história da cultura. A exceção está do outro lado, em Sumer e no Vale do Nilo. Dentre todas as estruturas políticas do antigo Oriente Próximo, nenhuma alcançou uma solidez comparável à do Egito. A Mesopotâmia carece de fronteiras naturais, o que condiz com a sua indefinição geográfica.

As invasões constantes e as guerras quase ininterruptas que marcam a Mesopotâmia antiga (características que tornam a sua história praticamente inversa à do Egito) não impediram que a cultura e a arte se desenvolvessem de forma contínua, sem as rupturas típicas das zonas periféricas. Henri Frankfort esclarece que em quaisquer outras partes da Ásia - Anatólia, Síria, Palestina e Pérsia - convulsões similares tiveram um efeito muito mais destrutivo, pois a fábrica cultural era menos resistente. Há, é claro, uma produção artística digna de interesse nessas partes da Ásia. Falta-lhes por vezes um vínculo que nos permita detectar devidamente seus ancestrais e herdeiros; boa parte dos monumentos artísticos nessas regiões caracteriza-se pela carência de habilidade técnica. Apesar de tudo, é através das zonas periféricas que a arte da Mesopotâmia chega à Europa, inicialmente no século VI a.C, e posteriormente na Idade Média. Concentremo-nos, doravante, na Ásia Menor.

Povoada desde o paleolítico, a Anatólia deixa dúvidas quando à continuidade do seu processo de povoamento. Os estudos arqueológicos permitem dizer que a península chegou a abrigar uma população considerável naquele período. A única gruta representativa de uma ocupação humana ininterrupta no paleolítico (Karain, perto de Antalya, no litoral sul da Ásia Menor) guarda no seu interior, além de ferramentas feitas com pedra e osso e alguns artefatos portáveis, vestígios fósseis tanto do homem de Neanderthal quanto do Homo sapiens sapiens. A Ásia Menor ingressa no neolítico por volta do oitavo milênio a. C., graças à contribuição cultural que lhe é trazida por emigrantes vindos do norte da Síria e que se instalaram na parte oriental da cordilheira do Taurus.

Surgem a agricultura e as primeiras aldeias, com casas feitas de tijolos crus e apoiadas sobre bases de pedra. As inovações técnicas do neolítico chegam ao centro da península entre 6.500 e 6.000 a. C.: é a época estimada para os sítios arqueológicos de Hacilar e Çatal Hüyük, vilas aglutinantes em que as casas se uniam umas às outras de tal forma que as vias de entrada e saída precisavam estar situadas na parte superior das habitações. A cerâmica surge no fim do sétimo milênio a. C. em Çatal Hüyük, perto da atual cidade de Konya; foi a sede de uma cultura florescente entre 6.000 e 5.500 a. C. Decoradas com relevos e pinturas, as casas continham ainda estatuetas de pedra e de terracota.

A música era praticada em conjunção com a dança, a julgar pelo que nos dizem algumas daquelas pinturas sobreviventes. Quase tão antiga quanto Jericó, Çatal Hüyük foi um centro urbano avançadíssimo para a sua época; não teve rivais nem no Oriente Próximo e nem no mundo egeu durante o neolítico. Quanto ao pioneirismo da técnica agrícola, devemos pensar em Jericó, por volta de 8.000 a. C. Cabe referir também a existência de um assentamento antigo (do sexto milênio a. C.) na Macedônia grega, que demonstra laços culturais tanto com Çatal Hüyük quanto com a ilha de Creta. Trata-se de uma corrente leste-oeste de grande importância para os primeiros assentamentos europeus. (Pouco sabemos sobre as línguas indígenas da Anatólia, chamadas "anatólias" ou "asiânicas". Foram faladas na Ásia Menor até os primeiros séculos da era cristã, quando o grego as suplantou. O assunto é muito complexo e as fontes para o seu conhecimento são de origem grega, indireta portanto.)


Três figuras típicas da arte da Anatólia,
datadas do início da idade do Bronze, expostas
em um museu alemão de Badisches.

Passado o período calcolítico (5.000 a 3.000 a. C.), que transcorre sem grandes inovações, a Anatólia entra num período resplandecente. É a idade do bronze, marcada pelo surgimento de grandes civilizações, como é o caso de Tróia, cujos primeiros assentamentos são estabelecidos entre 3.000 e 2.500 a. C. (Historiadores como Fritz Baumgart referem-se a uma influência da arquitetura troiana sobre a Grécia.) Durante o terceiro milênio a. C. parecem ter chegado os primeiros indo-europeus, que assumiram o comando das populações autóctones, das quais se destacavam os hurritas. A arquitetura dessa época não ultrapassa o contexto puramente utilitário; surgem as artes plásticas, estimuladas pela metalurgia (cobre, ouro e prata eram fartos), que propicia não só a produção de ornamentos, mas também - e talvez principalmente - a de armas e ferramentas.

A falta de minérios nas suas terras levou os mesopotâmios a se interessarem pela Anatólia, rica em jazidas. Isso rompeu o isolamento milenar dos anatólios das terras altas, que passaram a exportar seus minérios para os povos da planície da Mesopotâmia, cujo estilo ornamental influiu diretamente na técnica dos ferreiros e joalheiros da Ásia Menor a partir do período dinástico na Suméria (2.850 a 2.340 a. C.). Integrada assim à órbita cultural da Mesopotâmia, da qual ela até então havia estado à margem, a Anatólia começou a usufruir diretamente do progresso nascido nas terras baixas da Suméria. Juntamente com o comércio vem a escrita e o estilo zoomórfico do artesanato. A dependência estilística perante os sumérios não é suficiente para explicar toda a produção artística do período. Isso é flagrante, por exemplo, em certos ornamentos encontrados em Tróia, que parecem apontar para remanescências neolíticas.
 

 

Arte Romana

Roma é um dos centros culturais mais importantes do Ocidente e boa parte de seus monumentos remonta à antiguidade. 


Museu de Arte Romana em Mérida, Espanha.

Caius Mecenas, conselheiro do imperador Augustus, que reinou no final do século I a.C., foi o primeiro dos grandes patronos da arte. Em sua época surgiram o conhecedor de arte e o turista em busca de tesouros culturais e, pela primeira vez, os artistas obtiveram o mesmo prestígio que políticos e soldados. Arte romana é o conjunto das manifestações culturais que floresceram na península itálica do início do século VIII a.C. até o século IV d.C., quando foram substituídas pela arte cristã primitiva. As criações artísticas dos romanos, sobretudo a arquitetura e as artes plásticas, atingiram notável unidade, em conseqüência de um poder político que se estendia por um vasto império. A civilização romana criou grandes cidades e a estrutura militar favoreceu as construções defensivas, como fortalezas e muralhas, e as obras públicas (estradas, aquedutos, pontes etc.). O alto grau de organização da sociedade e o utilitarismo do modo de vida romano foram os principais fatores que caracterizaram sua produção artística.

ARQUITETURA

O conhecimento atual sobre a antiga arquitetura romana provém de escavações arqueológicas por toda a área do império e de registros escritos, como livros, dedicatórias e inscrições. Seguindo o plano etrusco, os romanos erigiam as cidades em torno de duas avenidas principais: uma no sentido norte-sul, outra de leste a oeste, e uma praça (forum) na intersecção. Os edifícios públicos agrupavam-se em geral em torno do forum. Inicialmente dominada pela influência etrusca, a arquitetura romana adquiriu um estilo próprio com a descoberta do cimento, no século II a.C., a construção com tijolos e ao aprimoramento do arco. As construções dos dois últimos séculos do império incluem-se entre as manifestações mais importantes da arte romana. Depois do grande incêndio no reinado de Nero, o aspecto urbano transformou-se com as reconstruções. Destacam-se os grandes foruns imperiais e o mais suntuoso de todos, o de Trajanus, em que predominavam os "mercados", seis andares de lojas ligados por corredores e escadarias, escavados na rocha viva do monte Quirinal. Obra-prima da engenharia e da arquitetura romana em sua técnica de origem oriental, o foro de Trajanus era cercado por grande muralha revestida de mármores e possuía salas de reunião, bibliotecas, um templo consagrado a Trajanus e uma basílica. As termas são uma criação original dos arquitetos romanos. Nas grandes cidades, ocupavam um espaço considerável, com banhos, saunas e numerosos estabelecimentos anexos. Os banhos de Agrippa, em Roma, hoje desaparecidos, são o primeiro exemplo da concepção monumental das termas romanas dos séculos II e III, das quais as mais famosas são as do imperador Caracalla, com bibliotecas, salas de leitura e conversação, ginásios e um teatro; e as de Diocletianus, a maior de todas, com 140.000m2.

Pompeu construiu o primeiro teatro de alvenaria, em substituição à madeira, por volta de 50 a.C. Diferentes dos gregos, os teatros romanos possuem uma cávea (espaço reservado à platéia) semicircular, uma orquestra (local destinado às danças, aos músicos e aos coros) pequena, às vezes ocupada por assentos, e um palco maior com fundo de alvenaria. O Coliseu é o anfiteatro mais famoso da segunda fase do império, a partir do século I. Deve seu nome a uma colossal estátua de Nero, depois desaparecida. Tem forma elíptica, com 524m de circunferência, e podia receber cerca de cem mil espectadores. As necrópoles situavam-se à margem das estradas. Havia tumbas coletivas, com nichos funerários, e particulares. O mausoléu, espécie de túmulo e templo, prevaleceu a partir do reinado de Augustus. Dos templos mais antigos, restam apenas vestígios, como os de Júpiter Capitolino, Saturno e Ceres, todos em Roma. A partir do século I acentuou-se a influência Síria, com grande riqueza de elementos decorativos.

ESCULTURA

Os poucos vestígios remanescentes da escultura romana até o século II a.C. evidenciam a influência etrusca. Predominou a seguir o estilo helênico, trazido por meio de pilhagens aos santuários gregos do sul da Itália, da Anatólia e da Grécia. Mais tarde, artistas gregos, instalados em Roma, fizeram réplicas e imitações das obras gregas mais apreciadas. Simultaneamente, a escultura romana começou a desenvolver um estilo próprio. O nome dos artistas não é conhecido e mesmo obras importantes como a "Ara pacis Augustae" ("Altar da paz de Augustus") permaneceram anônimas. A aversão dos romanos à nudez atlética da escultura grega explica, em parte, a ausência de estudos de anatomia nessa arte. O rosto é a parte mais importante das peças e são desenvolvidas ao máximo as tendências realistas e psicológicas da época Helenística. Os primeiros retratos escultóricos, do século II a.C., denotam a fusão dos estilos etrusco, itálico e grego. Nos retratos do reinado de Augustus prevalece a influência grega, patente na idealização das figuras e na boa técnica do bronze. A tendência à idealização, para demonstrar a majestade impassível dos caesares, continuou em retratos imperiais como os de Claudius e Nero, enquanto em outros, como o de Caracalla, transparece a personalidade atormentada do retratado.

A escultura floresceu nos séculos I e II, especialmente no reinado de Hadrianus, sob forte influência grega. Um segundo período áureo iniciou-se no ano 193, com Septimius Severus. Entretanto, as condições políticas a partir do século III e a mediocridade dos artistas trouxeram a decadência de todas as artes e da escultura em particular. Entre os objetos domésticos (lâmpadas, ferramentas, armas etc.), executados predominantemente em bronze, existem verdadeiras obras de arte.

PINTURA

As casas de Pompéia, de Herculanus e da capital atestam a grande difusão da pintura mural na antiga Roma. As mais antigas pinturas romanas conhecidas são os afrescos descobertos numa tumba do monte Esquilino e datam aproximadamente do século III a.C. Assim como a escultura, a pintura em sua primeira fase reflete a influência etrusca e, em seguida, itálica e helênica. Os quatro estilos das pinturas murais de Pompéia encontram correspondentes no resto da Itália. O primeiro estilo, de incrustação, imita obras da Anatólia e da ilha de Delos e reproduz revestimentos de mármore multicolorido. Entre 70 a.C. e o ano 20 da era cristã, o segundo estilo, dito arquitetônico - da casa de Cleópatra, construída por Julius Caesar, e da casa de Augustus, em Roma - apresenta técnica aprimorada e baseia-se em originais gregos. Os painéis parecem abrir-se para paisagens e palácios povoados por personagens da Mitologia Grega. O terceiro estilo, ornamental, aparece em Pompéia no fim do século I a.C. O realismo dá lugar à idealização e os personagens míticos dominam completamente as paisagens. O quarto estilo, fantástico, corresponde ao reinado de Nero, entre os anos 54 e 68. Os motivos arquitetônicos derivam-se do teatro e emolduram com arabescos composições mitológicas, como na casa dos Vetii, em Pompéia, e na casa do Tocador de Cítara, em Herculanus. Seguiu-se uma expansão da arte religiosa a serviço dos imperadores divinizados. Os temas referem-se sobretudo à imortalidade da alma e à vida depois da morte. Na arte mural, destacam-se também os mosaicos, de forte influência oriental.

MÚSICA E DANÇA

A cultura musical do leste do Mediterrâneo, sobretudo da Grécia, trazida pelas legiões romanas em seu retorno, foi modificada e simplificada. Mesmo assim, suas teorias musicais e acústicas, princípios de construção de instrumentos, sistema de notação e acervo de melodias predominaram e formaram a base de toda a música ocidental posterior. Na dança, ao contrário do que ocorreu em outras artes, o Império Romano não seguiu os passos da cultura etrusca, que evidenciou, na abundante decoração funerária, o importante papel que concedia a essa arte. Aparentemente, as mulheres etruscas desempenhavam um importante papel nas danças em pares, realizadas sem máscaras em locais públicos. A cultura romana, em seu sóbrio racionalismo, era avessa à dança, que, até o início do século III, restringia-se a formas processionais, ligadas a ritos de guerra e agrícolas. Mais tarde, a influência etrusca e grega se disseminou, mas as pessoas que dançavam eram consideradas suspeitas, efeminadas e mesmo perigosas pela aristocracia romana. Cícero afirmou que a dança era um sinal de insanidade. O culto grego a Dioniso incluía a indução ao êxtase por meio de uma dança convulsiva e catártica. No Império Romano, transformaram-se nas festas orgiásticas de Baco, a princípio só para mulheres e realizadas durante três dias no ano. Embora secretos, tais cultos se disseminaram, passaram a incluir também os homens e chegaram a uma freqüência de cinco por mês. No ano 186 a.C., sob a alegação de obscenidade, foram proibidos e seus praticantes sofreram implacável perseguição, só comparável à movida contra os cristãos. Na verdade, seu caráter de sociedade secreta era ameaçador para o estado. Por volta do ano 150 a.C., foi ordenado também o fechamento de todas as escolas de dança, o que não erradicou a prática: dançarinos e professores eram trazidos, em número cada vez maior, de outros países.

TEATRO

O teatro romano era inteiramente calcado na tradição grega. Seu declínio, que causou um vácuo de quatro séculos na produção teatral, parece ter sido mais significativo para a história da cultura ocidental do que sua própria existência. Uma incipiente tradição teatral, de influência etrusca, já existia na península itálica. No ano 240 a.C. foi apresentada pela primeira vez uma peça traduzida do grego durante os jogos romanos. O primeiro autor teatral romano a produzir uma obra de qualidade, que estreou em 235 a.C., foi Cneu Nevius. O teatro histórico foi a primeira criação original desse autor, que incorporou a suas peças, mordazes e francas, críticas à aristocracia romana, pelo que parece ter sido preso ou exilado. Talvez em vista dessas circunstâncias, seu sucessor, o grande poeta Quintus Enius, tenha adaptado seu talento às exigências do momento e se dedicou à tradução das tragédias gregas. A verdadeira comédia latina surgiu apenas no final do século II a.C. As representações teatrais eram parte do entretenimento gratuito oferecido nos festivais públicos. Desde o início, no entanto, o teatro romano dependeu do gosto popular, de uma forma que nunca havia ocorrido na Grécia. Caso uma peça não agradasse ao público, o promotor do festival era obrigado a devolver parte do subsídio que recebera. Por isso, mesmo durante a república, havia certa ansiedade em oferecer à platéia algo que a agradasse, o que logo se comprovou ser o sensacional, o espetacular e o grosseiro. Os imperadores romanos fizeram um uso cínico desse fato, provendo "pão e circo", segundo a famosa frase do satirista Juvenal, para que o povo se distraísse de suas miseráveis condições de vida. O grandioso Coliseu e outros anfiteatros espalhados por todo o império atestam o poder e a grandeza de Roma, mas não sua energia artística. Não há razões para crer que tais construções se destinavam a outra coisa que não espetáculos banais e degradantes. As arenas foram então totalmente ocupadas por gladiadores em combates mortais, feras espicaçadas até se fazerem em pedaços, cristãos cobertos de piche e usados como tochas humanas. Não é de se admirar que tanto os escritores como o público de outra índole passassem a considerar o teatro como manifestação indigna e aviltante. Durante o período imperial, surgiram as tragédias para pequenos recintos privados ou para declamação sem encenação. São desse tipo as obras de Sêneca, filósofo estóico e principal conselheiro de Nero, as quais exerceram enorme influência durante o Renascimento, sobretudo na Inglaterra. Ainda durante a República, a mímica e a pantomima tornaram-se as formas teatrais mais populares. Baseadas nas improvisações e agilidade física dos atores, ofereciam ampla oportunidade para a audaciosa apresentação de cenas imorais e pornográficas. No tempo da perseguição aos cristãos, sob Nero e Domitianus, a fé cristã era ridicularizada. Depois do triunfo do cristianismo, as apresentações teatrais foram proibidas.
 
 

Arte Germânica

Arte Germânica refere-se à arte dos povos conhecidos como germânicos(vândalos, francos, Visigodos e suevos entre outros) que, depois da queda do Império Romano, avançaram definitivamente sobre a Europa. 


Fíbula merovíngia.

Esses grupos não demoraram a assimilar a cultura e a religião (Cristianismo) dos povos conquistados, ao mesmo tempo que lhes transmitiam seus próprios traços culturais, o que deu origem a uma arte completamente diferente, que assentaria as bases para a arte européia dos séculos VIII e IX: o estilo românico. Foi também a partir dessa época que artistas e artesãos se organizaram em oficinas supervisionadas pela Igreja, origem das corporações de ofício que perdurariam por quase mil anos.

O fato de não possuírem um habitat fixo influenciou grandemente os costumes e expressões artísticas dos germanos. Era notável sua destreza naquelas disciplinas que permitiam a fabricação de objetos facilmente transportáveis, fossem eles de luxo ou utilitários. Assim, não é de admirar que tenham sobressaído na ourivesaria, na fundição e moldagem de metais, tanto para a fabricação de armas quanto de jóias, e nas técnicas de decoração correspondentes, como a tauxia ou damasquinagem, a esmaltação, a entalhadura e a filigrana.

Todos esses povos tiveram uma origem comum na civilização celta, que desde o século V a.C. até a dominação romana se estabeleceu na Europa de norte a sul e de leste a oeste. Em suas crônicas, os romanos os descrevem como temíveis guerreiros e hábeis fundidores de metais. Uma vez dominados, uma boa parte da população foi assimilada pelo império e outra fugiu para o norte. Somente quando o império começou a ruir conseguiram penetrar em suas fronteiras e estabelecer numerosos reinos, dos quais se originaram, em parte, as nacionalidades européias.

A Europa entrou assim num dos períodos históricos mais obscuros, a meio caminho entre a religiosidade, agora em parte aceita, dos primeiros cristãos e a beligerância selvagem dos novos senhores. Mais tarde sofreria também o açoite dos vikings dinamarqueses vindos do norte, em perpétua luta contra os francos e os eslavos ocidentais. Por seu lado, a Igreja ia ganhando posições com a proliferação de mosteiros exatamente onde os mais temíveis exércitos não conseguiam vencer as batalhas: as ilhas britânicas e o leste da Europa.

Arquitetura


Igreja visigótica de San Pedro de la Nave. Zamora, Espanha.

Toda vez que um povo culturalmente bem desenvolvido conquistou um outro que lhe era superior nesse campo, o vencedor assimilou a arte e a língua do vencido. Os germanos não foram exceção. Quase completamente desprovidos de arquitetura, logo se apropriaram das formas da Antiguidade tardia e de Bizâncio, às quais acrescentaram alguns elementos próprios. Na Gália (França), os francos adotaram em suas construções as salas retangulares de três naves e abside semicircular, com silharia de madeira para as igrejas, e cúpula para os batistérios.

Algumas plantas enriqueceram a distribuição espacial com o acréscimo de uma galeria. Os ostrogodos, na Itália, levantaram edifícios mais representativos e ricamente decorados com mosaicos, nos quais combinaram as formas bizantinas com as romanas. Na Espanha, procedeu-se à recuperação de edifícios romanos nos centros de cada cidade, aos quais se juntava uma igreja cristã, geralmente de planta em forma de cruz latina, com naves de alturas diferentes e decoradas com relevos e frisos.

Os celtas e vikings resistiram mais às formas mediterrâneas. No entanto, graças à presença dos numerosos mosteiros, a arquitetura e as artes acabaram sendo favorecidas. Misturando pedra com madeira, construíram igrejas com telhados de pedra de duas águas, ladeados por torres cilíndricas, também de pedra, que lembram seus monumentos funerários.

Escultura




A escultura em pedra foi destinada à decoração de igrejas e batistérios, na forma de relevos planos, capitéis e sarcófagos, seguindo o estilo do Império Romano. A entalhadura do marfim não foi menos importante. Continuou-se com a tradição dos dípticos consulares de Bizâncio, cujas formas foram adotadas na confecção de capas de livros evangélicos e Bíblias. Sabe-se que as oficinas dos artesãos que trabalhavam com marfim eram numerosas tanto na Gália quanto na Península Itálica, devido à grande demanda de exemplares.

A experiência de celtas e citas como ourives inegavelmente estava ligada à sua experiência como entalhadores. As pedras com entalhes de runas e ídolos nórdicos entre os vikings, saxões e os próprios celtas mostram sua passagem pelos diferentes assentamentos e lugares conquistados. Na Península Ibérica, a fusão de culturas, como entre fenícios, celtas, visigodos e ibéricos, além de gregos e romanos, deixou importantes amostras de escultura, como os Touros de Guisando ou a Dama de Elche.

Ourivesaria


Tesouro de Guarrazar: coroa votiva
visigótica do século VII, Espanha.

Um dos traços comuns a todos os povos bárbaros foi o excelente trabalho com metais, tanto na confecção de jóias quanto de objetos de uso doméstico ou armas. Atestam isso os tesouros encontrados nas tumbas de príncipes e reis da época, como Sutton Hoo, na Inglaterra, o de Guarrazar, em Toledo, e o de Gummersark, em Copenhague. As peças mais características são as chamadas brácteas ou moedas cunhadas apenas de um lado, assim como as presilhas e fivelas esmaltadas com a técnica do Cloisonné. O fato de os povos germanos conhecerem tão bem as técnicas da fundição de metal - a tauxia, ou damasquinagem, e a filigrana - se deve ao seu contato com povos do Oriente Próximo e Extremo Oriente, assim como a suas próprias necessidades. É preciso não esquecer que além de objetos de luxo, esses povos fabricavam armas, que eram suas ferramentas mais valorizadas no árduo trabalho da guerra. Além disso, a ourivesaria era uma das poucas atividades que podiam exercer os artesãos, que estavam mudando de habitat.
 
 
 
 
 
 
 
 

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