domingo, 28 de julho de 2013

EVOÉ AOS CLUBES DE FREVO DE PERNAMBUCO

EVOÉ AOS CLUBES DE FREVO DE PERNAMBUCO


 
A estrutura da agremiação do Clube de Frevo ou Clube Carnavalesco assemelha-se
muito às procissões quaresmais, de Cinzas e Fogaréus, comuns no Recife do século XVIII,
trazendo o estandarte (bandeira) próprio das corporações medievais, com seus integrantes
vestindo seda, calças de flanela e cordões com o distintivo da profissão. As corporações
profissionais existentes no século XIX, remanescentes dos primeiros séculos de nossa
colonização, deram origem, primeiro aos Clubes Carnavalescos Pedestres e, a seguir, aos
Clubes de Frevo ou Clubes Carnavalescos, que durante o carnaval saíam às ruas para passear,
cantando e dançando em visita a casas de pessoas amigas, onde comiam e bebiam, numa
euforia comum àquela época.
Por todo o Brasil, era costume ter à frente das bandas marciais que acompanhavam os
festejos públicos de forma geral, grupos de capoeiras. Tanto no Recife, Salvador e Rio de
Janeiro, os capoeiras eram contratados para interferir em comícios, tumultuar eleições e fazer
a segurança de políticos e latifundiários. Como também para fazer parte das guerras como a do
Paraguai, na qual, foi famosa a atuação desses negros, que vieram a ganhar uma denominação
própria: "Batalhão dos Zuavos".
O
Diario de Pernambuco, na edição de 5 de maio de 1860, chama atenção da polícia
para os bandos de capoeiras que acompanhavam os desfiles das bandas de músicas. O mesmo
jornal, em 15 de dezembro de 1864, transcreve ofício, enviado pelo coronel comandante das
armas, no qual se lia:
“Pelo reprovado costume adotado pelos escravos nesta cidade, de acompanharem as músicas
militares, dando a uma ou a outra vivas e morras, apareceram desagradáveis conflitos e isto há
muito. Ontem, o partidista de uma dessas músicas, Melquíades, preto, escravo, deu, no meio

 


 
 
dos gritos de um e outro lado, uma facada no pardo, também escravo, Elias, dizendo-se ser o
ofensor partidista de uma das músicas e ofensor de outra”.
A capoeira era considerada uma prática ilegal e, chamou a atenção da justiça,
estabelecendo castigos corporais para o negro que fosse preso em virtude da prática da
capoeira. Uma carta, datada de 31 de Outubro de 1821, fez-se Portaria ao ser assinada pelo
Ministro da Guerra, General Carlos Frederico de Paula, e Nicolau Viegas de Proença,
determinado tais castigos.
Na Proclamação da República, como muitas outras vezes no passado, a capoeira foi
proibida, passando a integrar o Código Penal Brasileiro, através do Decreto nº 847 de 11 de
outubro de 1890, capítulo XII, art. 402 – Dos vadios e capoeiras.
Nesse momento, no final do século XIX, os capoeiras afamados pela rivalidade entre
as bandas militares são impedidos, por força de lei, de saírem às ruas. Procurando esconder-se
das perseguições dos chefes de polícia, migram por afinidades ou já associados a alguma
corporação profissional, das quais, originam-se muitos dos Clubes Carnavalescos Pedestres, e
agregam-se, passando a participar dos carnavais de rua do Recife, agora, em defesa dos
símbolos dos clubes.
Assim, os Clubes Carnavalescos Pedestres levavam à frente os grupos de capoeiras,
que faziam a guarda do seu pavilhão. Na confrontação dos clubes concorrentes, os
movimentos dos capoeiras eram acelerados quando do enfrentamento, e a música, por sua vez,
também acelerada para acompanhar tais acrobacias, surgindo dessa maneira o passo e o ritmo
do frevo.
O frevo música não existia quando das primeiras formações dos Clubes de Frevo,
denominados de Clubes Pedestres e, dessa forma, a música com a qual desfilavam era a
marcha que tinha em seus primórdios, um andamento mais parecido com o dobrado, ganhando
elementos inovadores da polca e da marcha militar e, com o passar dos anos, transformando-se
na marcha pernambucana, transfigurando as antigas agremiações do século XIX nos Clubes
Carnavalescos dos nossos dias.


 
 
 
Por volta de 1930, o carnaval de rua ainda era livre, sem interferências, sem palanques,
espontâneo, e era o próprio clube que organizava seu percurso, este sempre terminava na
Pracinha do Diario. Havia trechos de ruas em que era literalmente impossível se caminhar,
sendo quase suspenso pelo povo que, alucinado e incansável, fazia o passo ao som do frevo.
Na atualidade, a formação do Clube de Frevo ou Clube Carnavalesco, tem o seu cortejo
aberto pelos clarins, seguindo-se da diretoria, ala dos diabos, ala dos morcegos, os portaestandartes
vestidos a Luiz XV, que se revezam empunhando o símbolo maior da agremiação,
presidente e dama de honra, damas de frente, fantasias de destaque do enredo, ala de passistas,
dois cordões que evoluem “fazendo passo” em torno do conjunto, diretor de orquestra e
orquestra.

CLUBES CARNAVALESCOS MISTOS OU CLUBES DE FREVO
PERNAMBUCANOS


Das Pás
fundado em 1888
 
Vassourinhas
fundado em 1889
 
Lenhadores
fundado em 1897
 
Bola de Ouro
fundado em 1915
 
Amantes das Flores
fundado em 1919
 
Prato Misterioso
fundado em 1919
 
Toureiros de Santo Antônio
fundado em 1924
 
Pão da Tarde
fundado em 1931
 
Tubarões do Pina
fundado em 1932
 
Transporte em Folia
fundado em 1936
 
Guaiamum na Vara
fundado em 1937
 
Lavadeiras de Areias
fundado em 1941
 
Papagaio Falador
fundado em 1943
 
Coqueirinho de Beberibe
fundado em 1945
 
Folhas Douradas
fundado em 1946
 
Seu Malaquias
fundado em 1954
 
Pavão Misterioso
fundado em 1975
 
Girassol da Boa Vista
fundado em 1984
 

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