terça-feira, 30 de julho de 2013

Cultura Angolana

 
 
A África do Sul foi uma região dominada por colonizadores de origem inglesa e holandesa que, após a Guerra dos Boeres (1902) passaram a definir a política de segregação racial como uma das fórmulas para manterem o domínio sobre a população nativa. Esse regime de segregação racial - conhecido como apartheid - começou a ficar definido com a decretação do Ato de Terras Nativas e as Leis do Passe.
"O Ato de Terras Nativas" forçou o negro a viver em reservas especiais, criando uma gritante desigualdade na divisão de terras do país, já que esse grupo formado por 23 milhões de pessoas ocuparia 13% do território, enquanto os outros 87% das terras seriam ocupados pelos 4,5 milhões de brancos. A lei proibia que negros comprassem terras fora da área delimitada, impossibilitando-a de ascender economicamente ao mesmo tempo em que garantia mão de obra barata para os latifundiários brancos.
Nas cidades eram permitidos negros que executassem trabalhos essenciais, mas que viviam em áreas isoladas (guetos).
As "Leis do Passe" obrigava os negros a apresentarem o passaporte para poderem se locomover dentro do território, para obter emprego.
A partir de 1948, quando os Afrikaaners (brancos de origem holandesa) através do Partido Nacional assumiram o controle hegemônico da política do país, a segregação consolidou-se com a catalogação racial de toda criança recém-nascida, com a Lei de Repressão ao Comunismo e com a formação dos Bantustões em 1951, que eram uma forma de dividir os negros em comunidades independentes, ao mesmo tempo em que se estimulava a divisão tribal, enfraquecia-se a possibilidade de guerras contra o domínio da elite branca.

Revoltas:

Em 1960 cerca de 10.000 negros queimaram seus passaportes no gueto de Sharpeville e foram violentamente reprimidos.
Greves e manifestações eclodiram em todo o país, combatidas pela com o exército nas ruas.
Ruptura com a Comunidade Britânica (1961)
Fundada a Lança da Nação, braço armado do CNA
Em 1963 Nelson Rolihlahla Mandela foi preso e condenado a prisão perpétua.
Durante a década de 70 a radicalização aumentou, tanto com os atos de sabotagem por parte da guerrilha, como por parte de governo, utilizando-se de intensa repressão.
Na década de 80 o apoio interno e externo à luta contra a Apartheid se intensificou, destacando-se a figura de Winnie Mandela e do bispo Desmond Tutu.
A ONU, apesar de condenar o regime sul-africano, não interveio de forma efetiva, nesse sentido o boicote realizado por grandes empresas deveu-se à propaganda contrária que o comércio com a África do Sul representava.
A partir de 1989, após a ascensão de Frederick de Klerk ao poder, a elite branca começa as negociações que determinariam a legalização do CNA e de todos os grupos contrários à Apartheid e a libertação de Mandela


Hoje Desmond Mpilo Tutu (Klerksdorp, 7 de outubro de 1931) é um arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o Apartheid em seu país natal. Desmond é o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo, sendo também o Primaz da Igreja Anglicana da África Austral entre 1986 e 1996 e Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.
 
 
Esses dois principais símbolos da revolta contra a Apartheid, juntamente com Steve Biko, foram de fundamental importância para a liberdade dos negros, já que figuras de altos cargos e influência na qual possuía suas raízes na África do Sul quiseram lutar ao lado do sofrido povo sul-africano.


Trabalho escravo
Os africanos foram trazidos para trabalhar num dos ramos mais avançados da indústria ocidental no século XVI: a indústria açucareira.
A mão de obra escrava foi empregada em atividades que exigiam trabalho qualificado, tais como conserto de barris, tinas (tanoeiros), atividades de preparação do açúcar, atividades de ferreiros, etc.
Os primeiros africanos chegaram aos engenhos do Recôncavo Baiano, uma das regiões pioneiras no estabelecimento da economia açucareira.

O trabalho do negro substituiu o do indígena por várias razões:


Uma dessas razões, por exemplo, foi por ser a mão de obra negra mais qualificada do que a indígena. Outra forte razão foram os altos lucros que o tráfico de escravos africanos rendia para os comerciantes. O tráfico era, sem dúvida, uma das atividades mais lucrativas do sistema colonial.
A partir da segunda metade do século XVI, os africanos foram pouco a pouco substituindo os índios, também nos partidos de cana. São as seguintes, as razões que explicam esta substituição:

o Declínio da população nativa;
o Sua inexperiência e resistência ao trabalho contínuo na lavoura;

O interesse português no tráfico de escravos africanos, tendo em vista a sua lucratividade.

 
A mão de obra escrava, na maioria das vezes de negros, era valorizada na época da colonização, pois era mais qualificada em relação à mão de obra indígena. Além disso, o lucro que eles obtiveram com o tráfico de escravos era de extrema importância no período colonial por ser alto e, pouco a pouco, eles substituíram totalmente os índios.
 
 
 
Quilombos

Foi ao longo dos séculos XVIII e XIX que se formou a maior parte dos quilombos no Recôncavo Baiano. Ao fugir para esses aldeamentos, conhecidos também por mocambos, o escravo conquistava a garantia de autonomia e de liberdade de ação e de movimento.
Segundo o historiador Vicente Salles, a fuga para os mocambos representava, no início, uma solução difícil e arriscada. O escravo aventurava-se sozinho, indo abrigar-se, muitas vezes, em aldeias indígenas.
Com o tempo, aprenderam a se organizar. A fuga passou a ser uma estratégia coletiva de resistência ao regime escravista. Surgiram personagens como os acoitadores, que se encarregavam de dirigir os grupos de fugitivos para os quilombos e se tornaram os principais inimigos dos proprietários de escravos.
Organizada a fuga, os quilombos cresceram rapidamente, pois eram o principal foco de atração dos negros que escapavam das cidades e das fazendas. A fuga de escravos tornou-se um processo contínuo e rotineiro a partir da segunda metade do século XVIII e início do XIX, quando também aumentaram as notícias sobre os quilombos na imprensa local.



 
No começo, os escravos fugiam sozinhos numa aventura arriscada e de árdua execução, e quase sempre se abrigavam em ocas indígenas. Com o passar do tempo os fugitivos foram aprendendo a se organizar, tornando a fuga numa simples estratégia para resistir ao regime imposto pelos colonizadores. 
 
 
 
Cultura Angolana

A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objectos de uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia, é comprovada a qualidade artística angolana, patente em museus, galerias de arte e feiras. Associado às festas tradicionais promovidas por etnias locais está também um grande valor cultural.

A música anuncia a riqueza artística de Angola, com os ritmos do kizomba, semba, rebita, cabetula e os novos estilos, como o zouk e kuduro, a animar as noites africanas. As danças tradicionais assumem, paralelamente, particular relevância, a par da gastronomia rica e variada.

A literatura angolana tem origem no século XIX, com uma função marcadamente “intervencionista e panfletária de uma imprensa feita pelos nativos da terra” (Angola Digital). A literatura reflecte a riqueza cultural do país.

Em 1935, o romance “O segredo da morta”, de António Assis Júnior, atinge uma notoriedade significativa, assinalando um ano de viragem. No decorrer das décadas seguintes outras obras e autores se afirmam, contribuindo para a diversidade temática. Em Portugal, escritores como José Eduardo Agualusa fazem parte da moderna literatura de origem angolana. Outros nomes, como Ondjaki, integram a nova geração de escritores do país.
 
 
Entenda a seca no Chifre da África
A pior seca dos últimos 60 anos afetou 12,5 milhões de pessoas na região conhecida como Chifre da África (que inclui Somália, Djibouti, Quênia, Uganda e Etiópia). A ONU declarou fome crônica em duas regiões do sul da Somália, e anunciou que caso não haja nenhuma providência, a situação pode se transformar num caos, que afetará grande parte da humanidade.
A seca não é novidade para os moradores do nordeste africano. Ela acontece a cada dois anos ou mais. No entanto, um estudo que foi realizado no começo do ano por cientistas do Serviço Geológico dos EUA (USGS) e da Universidade da Califórnia mostra que o aquecimento global pode estar por trás da piora da seca neste ano.
"É muito difícil atribuir um único evento à mudança climática, mas nossa pesquisa sugere fortemente que o aquecimento do Oceano Índico (que está fortemente ligado ao aquecimento global) está contribuindo para mais frequentes e intensas secas", explicou o pesquisador do USGS Chris Funk ao site G1.
Segundo ele, todas as observações e modelos climáticos indicam que o Oceano Índico está aquecendo muito depressa. "Enquanto a magnitude absoluta do aquecimento é muito menor do que em lugares como o Atlântico norte, os impactos da mudança climática podem ser dramáticos, já que o aquecimento de um oceano já muito quente pode criar mudanças climáticas significativas."

  • Motivos políticos
Além da questão climática, existem fatores políticos que pioram as condições dos moradores da região. "Não é o fator natural que está produzindo a fome. A ONU e o mundo ocidental estão dizendo que é uma seca que assolou as pessoas. Nessa parte do mundo as secas são endêmicas. Elas acontecem a cada poucos anos, mas as pessoas desenvolveram mecanismos para lidar com isso durante os anos. Esses mecanismos foram destruídos pela guerra civil, pela guerra ao terror e pela ocupação etíope. As pessoas ficaram tão vulneráveis que elas perderam tudo o que tinham antes de a seca chegar. Quando a seca chegou, eles já não tinham nada e ficaram famintos", explicou o professor de geografia e estudos globais da Universidade de Minnessota, nos EUA, Abdi Samatar.
Segundo Samatar, que é somali, os muitos anos de guerra civil, a pirataria, o avanço do grupo extremista Al-Shabaab e a inimizade com os etíopes tornou a situação do país insistentável. "É uma solução política, de um governo nacional somali. Pense se não houvesse um estados unidos durante a catástrofe do Katrina na Louisiana, a maioria das pessoas teria morrido, o governo dos EUA foi ajuda-los. Então o jeito de ajudar os Somália é a comunidade internacional dizer: há questões que o mundo precisa ajudar a resolver: uma delas é a questão da pirataria. Existem vários tipos de pirataria, a maioria deles não é somali. A questão do possível terrorismo é que devemos ter um estado que dê conta de suas pessoas. Sem isso a desordem irá continuar para sempre."

  • Poucas chuvas anteriores
A atual seca, vinda após repetidos episódios de poucas chuvas em 2007, 2008 e 2009, está causando severos impactos na questão alimentar, com emergências decretadas em diversas regiões dos países do Chifre da África. "Uma parte fundamental dos impactos é que tanto as chuvas de outubro a dezembro de 2010, como as de março a junho de 2011 foram muito ruins. Então o total de chuvas em 12 meses foi muito baixo, um dos piores já registrados", diz Chris.
Em algumas regiões pastoris, foram registradas mortes de 15% a 30% do rebanho entre março e maio deste ano. A época de colheita deve atrasar e ficar aquém do esperado, o que deve aumentar ainda mais o preço dos alimentos, piorando a crise já instalada.
Segundo o cientista, ainda é cedo para prever chuvas em outubro, mas "será uma longa espera até que as águas reabasteçam a forragem para o rebanho e até mais até que as colheitas no início de 2012 tragam alívio. Então mesmo que a seca não piore, os impactos podem se intensificar nos próximos meses."

O Brasil anunciou no dia 28 de julho o envio de 38 mil toneladas de gêneros alimentícios à Somália e 15 mil toneladas de alimentos aos campos de refugiados na Etiópia.
 
 
Quem disse que os negros não são importantes?




Negro, americano, e revolucionário Martin Luther King contribuíram para a luta dos afrodescendentes na política.
Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar num ônibus para uma mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote aos ônibus de Montgomery para protestar contra a segregação racial em vigor no transporte. Durante a campanha de um ano e dezesseis dias, coliderada por Martin Luther King, muitas ameaças foram feitas contra a sua vida, foi preso e viu sua casa ser atacada. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.
Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas batistas. King era seguidor das ideias de desobediência civil não violenta, preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano também conhecido como Mahatma Gandhi) e aplicava essas ideias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos Estados Unidos, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.
Martin Luther King Jr. profere o seu famoso discurso "Eu tenho um sonho" em março de 1963 frente ao Memorial Lincoln em Washington, durante a chamada "marcha pelo emprego e pela liberdade".
Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estadunidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).
King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Albany (Alabama) (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir, participou dos protestos em Birmingham (1963) e do protesto em St. Augustine, na Flórida (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma (Alabama).
Em 14 de outubro de 1964, King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua nação e à sua liderança na resistência não violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.
Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março.
Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas seis blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou dessa marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estadunidense e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Esse ato causou surpresa e indignação em muitos ativistas locais.
A marcha, finalmente, se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power".
Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que, inicialmente, deveria ser uma marcha de protesto, mas, depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante os ativistas mais radicais e menos ingênuos.
A partir de 1965, o líder negro passou a duvidar das intenções estadunidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e, novamente, em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os Estados Unidos desempenhavam na guerra. Em 1968, King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça socioeconômica, contra a pobreza (a "Campanha dos Pobres"), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.
Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.
Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas, anos depois, repudiou sua confissão. Encontra-se sepultado no Centro Martin Luther King Jr., Atlanta, Fulton County, Geórgia (Estados Unidos) nos Estados Unidos. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 000 dólares pelo assassinato de King.
Em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.

Etnocêntrico, ser ou não ser?
Atualmente o mundo é uma mistura de culturas, cada país possui separadamente um modo diferente de vestir, comer, dançar, falar e interpretar a vida. Contudo, algumas pessoas tem uma visão que mostram a cultura do outro como algo menor, sem valor, errado, primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, limitando-se à visão que possui como referência cultural.
O etnocentrismo trata-se de uma avaliação pautada em juízos de valor daquilo que é considerado diferente. Se a cultura, no que se diz respeito aos valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral) limitar-se a apenas uma cultura, desconhecendo ou depreciando as demais de povos ou grupos, pode levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana.
Logo, tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e de seus hábitos acaba por gerar uma visão etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está, certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia (preconceito contra estrangeiros ou pessoas oriundas de outras origens). Basta pensarmos nas relações entre norte-americanos e latinos imigrantes e entre franceses e os povos vindos do norte do continente africano que buscam residência neste país. A visão etnocêntrica caminha na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como a internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.
Contudo, a inevitabilidade do choque cultural é um fato, pois as culturas naturalmente possuem bases e estruturas diferentes, dando significação à vida de formas distintas. Prova disso estaria no papel social assumido pelas mulheres, que certamente não possuem os mesmos direitos enquanto pessoa humana em sociedades ocidentais e orientais. Este fato, aliás, tem sido objeto de longas discussões internacionais acerca dos direitos humanos e das questões de gênero. A complexidade dessa questão é muito clara, pois se para nós do lado ocidental algumas práticas são contra o direito à vida e à emancipação; para outras culturas essas mesmas práticas devem ser aceitas com naturalidade, pois apenas reproduziriam uma tradição.
Dessa forma, a tolerância com relação às diferenças é válida, mas seu limite não está claro, pois como podemos aceitar pacificamente o apedrejamento de mulheres ou a mutilação de seus corpos? Daí a necessidade da reflexão constante sobre tais limites, uma vez que o maior objetivo sempre será o convívio harmonioso e a valorização da vida.
 
 
Diáspora

O conceito de diáspora está relacionado ao deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona para outra distinta. Em termos gerais, diáspora pode significar a dispersão de qualquer povo ou etnia pelo mundo. A palavra foi originalmente criada para designar a migração e colonização. Como objetivo principal desse artigo, temos a relação entre o tráfico negreiro para o Brasil, o retorno dos negros alforriados (os retornados) e o conceito de diáspora.
O tráfico no Brasil teve grande crescimento com a expansão da produção de açúcar a partir de 1560, e com a descoberta de ouro no século XVIII. Na viagem para o Brasil, muitos dos negros embarcados morriam, mas no final do percurso, sempre havia lucro. Dessa forma, concluímos que o tráfico negreiro provocou um dos maiores deslocamentos populacional da história da humanidade, já que muitos africanos foram escravizados e exportados para a América.
Os negros que embarcaram à procura de suas regiões de origem na África, foram após a abolição da escravidão, ou como fugitivos, antes da Lei Áurea. Eles ficaram conhecidos como “os retornados” e tinham duas opções: Ou voltavam para onde haviam nascido, ou estabeleciam-se nas cidades da costa. Voltar para sua cidade natal apresentava muitas dificuldades, pois as comunidades do interior haviam sofrido com a invasão de outros povos e consequentemente, aprenderam a guerrear e passaram a se defender violentamente. Além disso, muitos desses homens haviam deixado à África por muito tempo, e outros tinham nascido no Brasil. Por conta disso, eles optaram pela segunda alternativa, que seria a de permanecer na costa, cujos retornados dominavam a língua portuguesa e a de difundir sua cultura pela região.
 
 
 
Comentário
 
 
Vimos que a diáspora, além de seu real significado, foi conceituada e ligada à história do Brasil com o tráfico negreiro e o retorno dos negros alforriados, fatos de grande relevância. As dificuldades enfrentadas pelos africanos na época em que estes foram retirados de seu lugar de origem para um continente desconhecido serviu para que eles se rebelassem e ficassem conhecidos como “os retornados”, que foram a transformação e a “volta por cima” para terem o reconhecimento que tem hoje através de sua história.
 
 
aqui vão algumas sinopses de livros que envolvem a história dos afro-brasileiros. Não só na escravidão, mas também na introdução de cultura no nosso país.

1º) O Brasil que veio da África
A saga de um rei africano e seu antigo escravo, agora na condição de cativos no Brasil. Romance juvenil com referências históricas, tem como tema principal o protagonismo negro na luta e conquista da liberdade, em ambientes que vão de senzalas a quilombos, de vilas a fazendas.

Histórias de amor, solidariedade, amizade, ambição se misturam em uma trama na qual as heranças culturais africanas são mostradas em seu nascedouro. - Arlene Holanda

2º) Os sons dos negros no Brasil

Muito se fala sobre a influência dos povos africanos na formação da cultura brasileira, mas pouco se sabe sobre as origens desse processo. José Ramos Tinhorão vem preencher a lacuna neste livro que reúne os primeiros registros de manifestações musicais dos negros no Brasil, praticamente ignorados pela historiografia mais tradicional.

Recorrendo as mais diversas fontes de pesquisa, como cartas de missionários jesuítas, pinturas de Frans Post, poemas de Gregório de Matos e relatos de viajantes, dentre outros documentos raros, o autor resgata momentos-chave que sintetizam a gênese de uma cultura especificamente brasileira - nem africana, nem européia, nem indígena,

Nela, os rituais religiosos trazidos da África pelos escravos, mesmo proscritos, vão gradualmente se transformando em ritmos, coreografias e cantos autônomos, inicialmente cultivados pela população mesquiça e, num segundo momento, dentro dos teatros e das casas dos brancos, já sob a forma de canções ou danças como a fofa, o lundu e o fado.

Abordando também os autos de coroação dos reis do Congo, que darão origem ao maracatu pernambucano e ao afoxé baiano, e os cantos de trabalho dos escravos no campo e nas cidades. "Os sons dos negros no Brasil" ilumina uma série de fatos culturais que estão na base daquilo que se denominaria música popular brasileira. - José Ramos Tinhorão

3º) África e Brasil Africano


África e Brasil Africano traz ao leitor um amplo panorama do continente africano, mostrando a variedade de sociedades locais, sua história e cultura antes e depois da escravidão. Destaca também a trajetória do negro no Brasil e sua contribuição para a sociedade brasileira contemporânea, levando-nos à descoberta do que existe de africano em nosso país. Neste livro, Marina de Mello e Souza retrata a mestiçagem decorrente da importação de quase 5 milhões de escravos ao longo de mais trezentos anos e mostra as marcas de um legado artístico e cultural que ainda hoje influencia a sociedade da qual fazemos parte.

Um rico trabalho iconográfico complementa a abordagem do tema, aqui tratado de modo original e singular, resultando num livro de agradável leitura. - Marina de Mello e Souza

4º) A Manilha e o Libambo

A história da escravidão no Brasil começa na África - e é inseparável da história africana. Foi desta perspectiva que se escreveu este livro ambicioso e singular, no qual o muralista, atento à amplidão da paisagem, não esqueceu a pequenina concha sobre a areia.

Pela riqueza de informações, cada qual de seus capítulos poderia ser desenvolvido num volume, se Alberto da Costa e Silva não tivesse aspirado a entregar ao leitor comum, sem lhe subtrair amplidão e movimento, uma síntese do que se passou nas várias Áfricas - na que se volta, pelo Saara, para o Mediterrâneo, na que flui para o Atlântico, na que se inclina para o Índico e na que se divide entre os três mares ou a todos ignora -, durante os primeiros duzentos anos da expansão oceânica européia.

Como o escravo é a personagem onipresente, o livro principia um relato rápido sobre o negro como trabalhador forçado no Egito faraônico, Grécia, Império Romano, Índia, China e Europa medieval, sobre os vários tipos de escravidão prevalecentes na África e a forte expansão que experimentou o cativeiro de africanos nas terras regidas pelo Islame, antes de centrar a atenção do leitor no tráfico promovido pelos cristãos para as Américas e no impacto que esse tráfico teve sobre as diferentes sociedades africanas.

Em suas páginas, conta-se como em cada parte da África se trabalhava a terra, se cuidava dos rebanhos, se fundia o ferro, se fiava, se tecia e se comerciava, se adoravam os deuses, se organizavam os governos, se acolhiam os estrangeiros, se armavam os exércitos e se usavam os escravos. Sob esse aspecto, a Manilha e o Libambo continua a enxada e a lança e, tal qual sucedeu a este último, do mesmo autor e também publicado pela Editora Nova Fronteira, já surge como um livro de leitura obrigatória e destinado a tornar-se um clássico.
 
 

 

Tribos da África - Curiosidades


O continente africano foi o primeiro território a ser habitado e hoje é um dos mais ricos em diversidade cultural. A África abriga diversas tribos e grupos étnicos. Cada um desses grupos e dessas tribos, que podem ser formados por centenas, milhares ou até milhões de pessoas, possuem sua própria cultura, tradições e costumes.
Esses costumes e tradições chamam a atenção por serem, em muitos casos, curiosos, esquisitos, chocantes e polêmicos. Na cultura das tribos africanas existem várias crenças e rituais, que, na maioria das vezes, são muito distantes da nossa realidade, das crenças e tradições ocidentais.

Tribo Surma
Essa tribo é composta por um povo isolado no sudoeste da Etiópia e suas mulheres têm como costume o uso de discos de argila em seus lábios inferiores.
Em ocasiões festivas, também costumam pintar seus corpos. O tamanho do disco é proporcional à grandeza do dote que a família da noiva pode pagar ao noivo. Elas só podem tirar o disco quando não há homens por perto. Para essa tribo, quanto maior o disco, mais bonita e rica é a mulher!
Tribo Ndebele e Padaung

A Ndebele fica em Lesedi na África. As mulheres que a habitam usam pesadas argolas de metal no pescoço, pernas e braços, depois que casam. Segundo elas, as argolas servem para não fugirem de seus maridos e nem olharem para o lado.
Na tribo de Padaung, em Burma, as mulheres também têm o mesmo costume e são conhecidas como “mulheres girafas”. O pescoço delas é alongado utilizando anéis metálicos.
Para o povo Padaung o pescoço é o centro da alma, é a identidade da tribo, por isso protegem muito bem com os anéis feitos de latão e cobre que também são colocados nos pulsos e tornozelos.
As mulheres retiram os anéis para tomar banho, mas, segundo elas, depois de dez anos contínuos usando essas argolas elas passam a sentir como se fossem parte do seu corpo.

Tribos do vale do Omo
Os habitantes dessas tribos, que ficam no leste da África, usam elementos da natureza para pintar e decorar o corpo. A região possui uma imensa paleta de cores – ocre vermelho, caulim branco, verde cobre amarelo luminoso ou cinzento – que são extraídas de pedras em pó, barro, fruto e plantas. Eles possuem uma criatividade e bom gosto ao escolher formas, texturas e combinar cores que dá inveja em qualquer produtor de moda.

Tribos da Nigéria
Em algumas regiões da Nigéria, as mulheres fazem escarificações no corpo, marcas feitas com cortes na pele que representam fases importantes em suas vidas. Quando cicatrizam, os cortes ficam parecidos com uma renda. Como elas não usam roupas, as cicatrizes também são estéticas e símbolo de beleza.
As jovens só são consideradas adultas e aptas para o casamento quando toda a sequência de desenhos estiverem completas.
 

A influência africana na cultura contemporânea brasileira

Os escravos africanos chegavam ao Brasil através do tráfico negreiro. Ao chegar a seu destino, eram obrigados a trabalhar como escravos em lavouras de cana-de-açúcar, jazidas de metais preciosos, como ouro e diamante em benefício de Portugal. Mesmo tendo que se adaptar aos costumes do novo espaço onde eram obrigados a trabalhar com péssimas condições de vida, não abandonaram suas raízes culturais. Essa “fidelidade” deixou resquícios que contribuíram para a formação atual da diversificada cultura brasileira.
Naturalizados pelo animismo, os africanos logo que desembarcavam nos portos eram batizados e recebiam nomes cristãos (João, José, Lucas e etc.) sendo obrigados a seguir a religião da coroa portuguesa, mas muitos mantinham seus cultos africanos escondidos, já que de acordo com a primeira constituição ,promulgada em 1888, o catolicismo era considerado a religião oficial da colônia, sendo outros cultos permitidos desde que não houvessem templos ou locais de adoração.De qualquer forma,as religiões afro-brasileiras continuavam na ilegalidade e sob perseguição uma vez que não eram consideradas religiões pelos europeus.
Muitos habitantes do norte da África chegavam ao Brasil cultuando o islamismo. Tais negros desembarcaram principalmente nas cidades de Salvador e compunham o grupo étnico mais perseguido pelas autoridades devido as constantes rebeliões incitadas pelos mesmos.
Na época do escravismo, havia também lideres religiosos, os quais acreditava-se que eram capazes de lidar com o sobrenatural. Esses eram os curandeiros, procurados pelos africanos para tratar de alguma doença física ou mental. Acreditava-se também que os mortos agiam para proteger os vivos de doenças e espíritos malignos, uma vez que o elo com os vivos não se rompia após a morte. Tal crença é bem comum no Brasil atualmente.
As religiões afro-brasileiras expandiram-se pela sua capacidade de atrair pessoas, inclusive, brancas e livres. A presença dessas pessoas caiu como uma luva, pois aproveitaram desse envolvimento para conseguir respeito e segurança.
A expansão do candomblé ocorreu em 1888, porém continuava a ser perseguido por policiais e sofrendo preconceito. Após muita luta contra essa barreira montada pela coroa, a partir de 1976 os candomblés foram permitidos a cultuar seus orixás livremente, sem preocupações ou restrições. Essa expansão e consequente liberação de culto resultaram na adoção do candomblé como religião oficial por parte de grande numero de brasileiros, em torno de três milhões habitantes.

 
Na época da escravidão, a arte e a religião estavam muito ligadas uma com a outra. Na África, cada Orixá tinha suas cores, suas músicas, suas danças e tudo isso tinha um significado e fazia parte de determinados rituais. Para quem não sabe, Orixás são semideuses criados pelo deus supremo Olorun, para proteger todos os elementos da natureza. Os artistas africanos usavam sua criatividade para pintar e esculpir imagens de Orixás e divindades, já que as pinturas e esculturas dos deuses e semideuses (Orixás e divindades) não seguiam uma forma padrão. Mas não é porque os artistas africanos podiam usar a criatividade, que eles iam pintar qualquer coisa para representá-los. Os africanos tinham de ser fiéis as características e feições mágicas de cada divindade e Orixá.
Muitas igrejas no estado de Minas Gerais foram ornamentadas por pintores, entalhadores e douradores africanos. Executavam um trabalho manual, e já que havia muito preconceito nessa época, a maioria da população recusava essas atividades. Com isso, muitos escravos brilharam com seus talentos e criatividade. Alguns ficaram famosos esculpindo imagens de santos, santas e anjos. Como exemplo temos Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto, Minas Gerais. Lisboa era filho de um mestre de obras português e de uma escrava africana. Por questão de uma doença que comprometeu o movimento de suas mãos e seus pés, Lisboa pintava e esculpia com as ferramentas amarradas nas mãos. Após essa doença, Lisboa ficou conhecido como Aleijadinho. Mesmo ficando famoso, Aleijadinho morreu pobre e abandonado.
Outro escultor e pintor famoso foi Valentim da Fonseca e Silva, que também era filho de mãe escrava. Valentim realizou vários trabalhos de talhas douradas em igrejas cariocas. Assim como Aleijadinho, introduziu inovações na forma de pintar e esculpir, não se submetendo aos modelos de representação europeus.


Havia também escravos e filhos de escravos que se tornavam músicos no interior das igrejas. Muitos desses músicos fizeram fama em Minas Gerais. Um deles foi Antônio de Sousa Lobo, que se destacou como grande compositor no século XVIII,e seu grupo de músicos havia até um lugar certo onde tocar, que eram em grandes festas em Vila Rica. Como sempre, havia os preconceituosos que falavam que os africanos usavam as músicas sacras introduzindo elementos da musicalidade africana.
Com todas essas obras africanas, não foram só as igrejas que passaram a comprá-las, os governos e particulares também passaram a comprar com frequência muitas obras feitas por artistas africanos para decorarem suas mansões. Além disso, foi aberta no Rio de Janeiro, uma academia de artes, mas, poucos africanos conseguiram entrar para essa academia. Entre eles estão os irmãos João Timoteo da Costa e Artur Timoteo da Costa, Antônio Rafael Pinto Bandeira, Horácio da Hora, entre outros.
Após o fim da escravidão, o panorama da arte brasileira mudou bastante. Uma grande mudança foi que houve uma maior aceitação nas academias de artes. Muitos artistas negros e brancos foram conquistando liberdade de expressão, inclusive de dialogar sobre as temáticas e influências africanas.
           

Abaixo falaremos um pouco sobre dois artistas que representaram os novos tempos:Heitor dos Prazeres – Nasceu no Rio de Janeiro. Era cantor, compositor e pintor. Sambas e marchinhas compostas por ele ganharam projeção nacional. Foi após a morte de sua esposa que Heitor começou sua carreira de pintor, tendo assim, um reconhecimento internacional. Suas obras mostravam os morros cariocas e o samba com tons fortes.

   Deoscóredes Maximiliano dos Santos – Nasceu em Salvador, Bahia. Era artista plástico, escritor e sacerdote afro-brasileiro. Suas obras estavam cheias de sentidos e visões do sagrado. Reconhecido mundialmente, suas obras representam os valores civilizatórios da cultura e da religiosidade afro-brasileira.
 
 
 




Nenhum comentário:

Postar um comentário