segunda-feira, 29 de julho de 2013

História dos Congos

 

História dos Congos

República do Congo

O Congo (por vezes chamado Congo-Brazzaville para o distinguir da vizinha República Democrática do Congo) é um país africano limitado a norte pelos Camarões e pela República Centro-Africana, a leste e a sul pela República Democrática do Congo, a sul por Angola (através de Cabinda) e a oeste pelo Oceano Atlântico e pelo Rio Congo e Gabão. A capital é Brazzaville.



O estado do Congo não deve ser confundido com República Democrática do Congo. A República Democrática do Congo (ex-Zaire) foi dominada pela Bélgica e conquistou sua independência em 30 de junho de 1960, e é conhecida como Congo-Kinshasa. Já o Congo é conhecido como Congo-Brazzaville e foi dominado pela França até 15 de agosto de 1960, quando o país conquistou sua independência. Atualmente, Congo é um país em desenvolvimento, enquanto que a República Democrática do Congo é pobre e um país subdesenvolvido.

História

A região no passado fazia parte dos reinos do Congo e Luangu. Ficou sob o domínio francês por 49 anos. O Congo obteve a sua independência da França em 15 de agosto de 1960.

Seu primeiro presidente foi Fulbert Youlou, forçado a deixar o governo por uma revolta, em 1963. Assume, então, a presidência Alphonse Massamba-Délbat que, em 1964, fundou um partido de índole marxista-leninista adotando uma economia planificada, de base socialista. A seguir, dá início a um "Plano Qüinqüenal" que levou a uma expansão inicial da agricultura e da indústria.

A tensão entre o governo e os militares cresce e, em 1968, o Exército dá um golpe-de-estado, liderado pelo major Marien Ngouabi, que assume o poder. Ele manteve a linha socialista, porém criando o seu próprio partido, o "Partido Congolês dos Trabalhadores" (PCT). Em 1970, o país adota a denominação de República Popular do Congo e consolida seu regime ligado ao marxismo-leninismo. Neste mesmo ano, o Exército esmaga uma tentativa de golpe contra o presidente, liderada pelo ex-tenente pára-quedista Pierre Xitonga, e executa todos os conspiradores, com exceção do ex-ministro da Defesa, Augustin Poignet, que consegue fugir. Aproveitando-se desta situação, dá início a um expurgo geral de todos os suspeitos de serem contrários ao seu governo.

O Partido Congolês do Trabalho (PCT) permanece como sendo o único legal e, em 1977, o presidente foi assassinado, assumindo o poder uma junta militar. Em 1979 passa à presidência o coronel Sassou-Nguesso, que exerce poderes ditatoriais até 1989, quando o colapso comunista do leste europeu o leva a anunciar reformas políticas e a transição para a economia de mercado. O governo mantém uma política internacional de neutralidade, relacionando-se tanto com o capitalismo como com o comunismo.

Em 1990, o PCT abandona o marxismo-leninismo. No ano seguinte, tropas cubanas estacionadas no país desde 1977, deixam o Congo. Em 1992 é votada a nova Constituição, onde está previsto um sistema político multipartidário.

Em 1993 milícias promovem ataques contra tropas do governo, cujo presidente é Pascal Lissouba. A situação persiste até 1995, com greves e motins. Sassiy-Nguesso dá um golpe de estado em 1997 apoiado por Angola (até então também em guerra civil). Em 1998 e 1999 tropas do novo governo e aliados enfrentam rebeldes orientados pelo antigo governo (Lissouba e Kolelas), deposto. Em 1999 é assinado cessar-fogo e chega ao fim a guerra civil. Na Justiça, Kolelas é condenado à morte. As perdas são estimadas em US$ 2,5 bilhões, além de 10 mil mortos.

Geografia

Localizado no centro-oeste da África, com uma pequena porção de costa no Oceano Atlântico e cortado pela linha do Equador, o Congo tem clima quente e úmido. Cerca de 55% do território é coberto por florestas tropicais.


Geografia da República do Congo.

O Congo situa-se na parte centro-oeste da África subsariana, e é atravessado pelo equador. Ao sul e leste, é limitado pelo rio Congo e um dos seus afluentes, o rio Ubangi, sendo que as margens esquerdas de ambos os rios pertencem à República Democrática do Congo. As outras fronteiras do país são com o Gabão a oeste, os Camarões e a República Centro-Africana a norte e (Angola) a sudoeste. O Congo tem também uma curta costa atlântica.

A sua capital, Brazzaville, situa-se nas margens do rio Congo, no sul do país, mesmo em frente de Kinshasa, a capital da RD do Congo.

O sudoeste do país é uma planície costeira, que é drenada principalmente pelo rio Kouilou-Niari. O interior consiste de um planalto central entre duas bacias, a norte e a sul.

Fonte: Wikipédia


República Democrática do Congo

A República Democrática do Congo (anteriormente Zaire) é por vezes designada Congo-Kinshasa, Congo-Quinxasa ou Congo-Quinxassa para diferenciá-la do vizinho Congo-Brazzavile. É um dos maiores países de África. Confina a norte com a República Centro-Africana, a leste com Uganda, Ruanda, Burundi e a Tanzânia, a leste e a sul com a Zâmbia, a sul com Angola e a oeste com o Oceano Atlântico, com o enclave de Cabinda e com o Congo. Capital: Kinshasa.




História

A região é ocupada na antiguidade por bantos da África Oriental e povos do rio Nilo, que ali fundam os reinos de Luba, Baluba, Ngoyo, Kuba, Lunda e do Congo. Em 1878, o explorador Henry Stanley funda entrepostos comerciais no rio Congo, sob ordem do rei belga Leopoldo II. Na Conferência de Berlim, em 1885, que divide a África entre as potências européias, Leopoldo II recebe o território como possessão pessoal. Em 1908, o Estado Livre do Congo deixa de ser propriedade da Coroa e torna-se colônia da Bélgica, chamada Congo Belga.

O movimento nacionalista tem início nos anos 50 sob liderança de Patrice Lumumba. Em 30 de junho de 1960, o Congo conquista a independência com o nome de República do Congo - em 1964 é acrescentado o adjetivo "democrática". Lumumba assume o cargo de primeiro-ministro e Joseph Kasavubu, a Presidência. A maioria dos colonos europeus deixa o país. Em julho de 1960 eclode uma rebelião contra Lumumba, liderada por Moïse Tshombe. Antes do final do ano, Kasavubu afasta Lumumba do cargo de primeiro-ministro num golpe de Estado. Lumumba é seqüestrado e assassinado em janeiro de 1961. Tropas de diversos países (incluindo o Brasil) são enviadas pela ONU para restabelecer a ordem, o que ocorre em 1963, com a fuga de Tshombe. As tropas da ONU retiram-se em junho de 1964. Dias depois ocorre uma reviravolta: Tshombe regressa e assume a presidência com apoio da Bélgica e dos EUA. Em novembro de 1965, ele é derrubado num golpe liderado por Mobutu Joseph Désiré.

Mobutu estabelece uma ditadura personalista, tornando o país um estratégico aliado das potências capitalistas na África. No início dos anos 70 lança sua política de "africanização", proibindo nomes ocidentais e cristãos. Como parte da campanha, muda em 1971 o nome do país para Zaire e da capital para Kinshasa (ex-Leopoldville). Ele próprio passa a se chamar Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga, que significa "o todo-poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista deixando fogo à sua passagem".

Líderes rivais unem-se em 1988 para organizar a oposição, mas são presos ou exilados. Pressões internacionais levam Mobutu a adotar o pluripartidarismo em 1990. Em outubro de 1991, o líder oposicionista Etienne Tshisekedi é nomeado como primeiro-ministro, mas recusa-se a prestar juramento a Mobutu e é substituído. Os EUA põem em dúvida a legitimidade do governo e a Alemanha corta a ajuda financeira ao país. Em dezembro, Mobutu cancela as eleições. Tshisekedi é reconduzido ao cargo no ano seguinte. Em 1993, o Alto Conselho da República, criado pela conferência nacional, ordena o desligamento de Mobutu dos negócios de Estado e convoca greve geral. Mobutu ignora a resolução. No final do mês, o Exército amotina-se quando ele tenta pagar os soldos com notas de 5 milhões de zaires (cerca de US$ 2), já recusadas em 1992 por não terem valor. Mobutu responsabiliza Tshisekedi pela rebelião, que deixa mais de mil mortos, e nomeia um governo de união nacional. EUA e União Européia não o reconhecem e apoiam a instalação de um regime de transição formado pela aliança oposicionista liderada por Tshisekedi. Em junho de 1995, o período de transição é prolongado por dois anos. Eleições gerais, previstas para o mês seguinte, não se realizam.

Em 1994, mais de 1 milhão de ruandeses (em sua maioria hutus) foragidos do genocídio em seu país ingressam no leste do Zaire. A chegada dos refugiados desestabiliza a região, habitada há mais de 200 anos pelos tutsis baniamulenges, inimigos históricos dos hutus. Sentindo-se negligenciados por Mobutu, que tolera a presença dos hutus na região, os baniamulenges iniciam uma rebelião em outubro de 1996, liderados por Laurent-Désiré Kabila. O movimento conta com o apoio decisivo da vizinha Uganda e do regime tutsi de Ruanda, e ganha rapidamente a adesão da população, insatisfeita com a pobreza e a corrupção no governo. Nos meses seguintes aumentam os choques entre a guerrilha, batizada de Aliança das Forças Democráticas pela Libertação do Congo-Zaire (AFDL) e o Exército, que enfrenta deserção em massa. A escalada da ofensiva coincide com a ausência de Mobutu, que vai para a Europa em agosto submeter-se a tratamento médico para câncer na próstata. Apesar de muito doente, retorna ao território em dezembro com o objetivo de deter a rebelião. Em 1997, a guerra civil alastra-se pelo território, nos sentidos norte-sul e leste-oeste. Em fevereiro, a Força Aérea bombardeia as cidades de Bukavu, Shabunda e Walikale, sob controle rebelde. Mobutu propõe cessar-fogo à guerrilha em março, mas a AFDL não negocia. No mesmo mês conquista Lubumbashi, Kisangani (as duas maiores cidades depois de Kinshasa) e Mbuji-Mayi, a "capital dos diamantes".

Os rebeldes propõem ao Exército a ocupação pacífica de Kinshasa e, em 17 de maio de 1997, entram na capital sob aplausos da população. Kabila assume o poder, forma um governo de salvação nacional, promete eleições gerais e retoma o antigo nome do país - República Democrática do Congo -, adotado entre 1964 e 1971. No dia anterior à tomada de Kinshasa, Mobutu parte para o Palácio Gbadolite (o Versalhes africano), na selva, de onde foge para o exílio no Togo. Morre em setembro, no Marrocos.

Apesar da promessa de democracia, um dos primeiros atos do novo presidente é a suspensão dos partidos e a proibição de manifestações políticas. As medidas autoritárias e o rompimento de Kabila com Ruanda e Uganda provocam insatisfação popular, sobretudo dos antigos aliados, os tutsis baniamulenges. Em janeiro de 1998, militares baniamulenges se amotinam contra o regime. Em fevereiro, o governo prende chefes tribais e professores universitários na região de Kivu, leste do país, onde vivem os tutsis. A revolta se alastra, recebendo o apoio ruandês e ugandense contra Kabila e, em junho, degenera em guerra civil. Os combates contra o governo ocorrem nos sentidos norte-sul e leste-oeste, repetindo a trajetória da ofensiva que no ano anterior depôs Mobutu e levou Kabila ao poder.

Enfraquecido, Kabila pede socorro militar a Angola, Zimbábue e Namíbia para frear o avanço dos tutsis baniamulenges, que já ocupam grandes áreas do território congolês e ameaçam invadir Kinshasa. Em 2 de agosto, tropas, tanques, aviões e helicópteros dos três países entram no Congo e atacam posições dos rebeldes. Em resposta, Uganda e Ruanda ameaçam intervir diretamente. A entrada de forças estrangeiras no conflito detém a revolta militar contra Kabila em menos de duas semanas, mas obriga o presidente a prometer eleições gerais para 1999. No mesmo ano é assinado o Acordo de Lusaka, firmando um cessar-fogo. Contudo, ele não é cumprido e a ONU prepara uma missão de paz no país.
Visando a conquista de extensas jazidas de diamante no Congo, Ruanda e Uganda passam a apoiar milícias diferentes.

Em 2001, Kabila é morto por seu guarda-costas; Joseph Kabila, seu filho, assume o governo, inicia processo de paz e promete eleições. Acordos para a democratização avançam. Em 6 de Dezembro de 2006, ele seria eleito presidente, na primeira eleição geral em 40 anos na história do país.

Em abril de 2003, mil pessoas da minoria Hema são massacradas numa região ainda marcada por confrontos, rica em ouro. No fim do ano inicia-se a ação do governo provisório.

 

Reino do Congo

O Reino do Congo ou Império do Congo foi um reino africano localizado no sudoeste da África no território que hoje corresponde ao noroeste de Angola, a Cabinda, à República do Congo, à parte ocidental da República Democrática do Congo e à parte centro-sul do Gabão.


O Reino do Congo teve importante participação
no desenvolvimento do tráfico de escravos.

Durante seu processo de expansão marítimo-comercial, os portugueses abriram contato com as várias culturas que já se mostravam consolidadas pelo litoral e outras partes do interior do continente africano. Em 1483, momento em que o navegador lusitano Diogo Cão alcançou a foz do rio Zaire, foi encontrado um governo monárquico fortemente estruturado conhecido como Congo.


Reino do Congo.

Fundado por Ntinu Wene, no século XIII, esse Estado centralizado dominava a parcela centro-ocidental da África. Na sua máxima dimensão, estendia-se desde o oceano Atlântico, a oeste, até ao rio Congo, a leste, e do rio Oguwé, no actual Gabão, a norte, até ao rio Cuanza, a sul.

O império era governado por um monarca, o manicongo, consistia de nove províncias e três reinos (Ngoy, Kakongo e Loango), mas a sua área de influência estendia-se também aos estados limítrofes, tais como Ndongo, Matamba, Kassanje e Kissama.

Nessa região se encontrava vários grupos da etnia banto, principalmente os bakongo, ocupavam os territórios. Apesar da feição centralizada, o reino do Congo contava com a presença de administradores locais provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monárquica.

Apesar da existência destas subdivisões na configuração política do Congo, o rei, conhecido como manicongo, tinha o direito de receber o tributo proveniente de cada uma das províncias dominadas. A capital era M'Banza Kongo (cidade do Congo), rebatizada São Salvador do Congo após os primeiros contactos com os portugueses e a conversão do manicongo ao catolicismo no século XVI, onde aconteciam as mais importantes decisões políticas de todo o reinado. Foi nesse mesmo local onde os portugueses entraram em contato com essa diversificada civilização africana.

A principal atividade econômica dos congoleses envolvia a prática de um desenvolvido comércio onde predominava a compra e venda de sal, metais, tecidos e produtos de origem animal. A prática comercial poderia ser feita através do escambo (trocas) ou com a adoção do nzimbu, uma espécie de concha somente encontrada na região de Luanda.


Contato entre Bakongos e Portugueses.

O contato dos portugueses com as autoridades políticas deste reino teve grande importância na articulação do tráfico de escravos. Uma expressiva parte dos escravos que trabalharam na exploração aurífera do século XVII, principalmente em Minas Gerais, era proveniente da região do Congo e de Angola. O intercâmbio cultural com os europeus acabou trazendo novas práticas que fortaleceram a autoridade monárquica no Congo.
 

 

Reino Ngoyo

Ngoyo foi um reino africano governado pela tribo Woyo, localizado no sul de Cabinda (atual República Democrática do Congo e Angola). 

Localizado no Atlântico costa da África Central, a norte do rio Congo, foi fundado pelos Bantus por volta do século 15. 

A tradição Ngoyo declarou que seus antepassados estavam entre os primeiros colonos da área, tendo os seus chefes o título de INE nfumu ("senhores da terra"). 

A capital era Mbanza Ngoyo. Em 1783, Ngoyo uniu forças com o vizinho estado do Kakongo para destruir um forte Português. No entanto, o reino foi logo desfeito pelo crescente fardo financeiro que implicou a realeza. O reino se desintegrou em 1830, após os nobres não conseguirem eleger um novo rei. Em seguida, assinaram o Tratado de Simulambuco com Portugal, através do qual eles se tornaram um protetorado Português. 
 
 

 

Reino de Luangu

O Reino de Luangu foi um estado pré-colonial africano aproximadamente do século XV ao XIX, agora a República do Congo. 


O Rei do Loango, final do século 17.

No seu auge no século XVII o país expandiu-se de Mayombe no norte até quase à foz do rio Congo. Os habitantes falavam um dialeto do Norte da língua kikongo (quicongo) também falada no "Reino do Kongo" (Reino do Congo).

As origens do reino não são claras. A mais antiga sociedade complexa na região estava em Madingo Kayes, que foi já um acordo a povoação multi-sítio, no primeiro século D.C. No entanto, mais tarde desenvolvimentos na região são obscuros. Luangu não é mencionado nos contos dos viajantes da região no início, nem é mencionado nos títulos do Rei Afonso I do Congo em 1535, apenas Kakongo e Ngoyo, são seus vizinhos do sul, e o primeiro conto escrito do país no final dos anos 1580 conta da tradição que uma vez tinha sido sujeito ao Reino do Kongo, mas nessa altura tinha tornado-se amigo e aliado só do Congo.


Estilos de roupas do Reino de Loango, século 17.
Descrição de l Afrique (Amsterdam, 1686)

Tradição mais detalhada registrada por visitantes holandeses nos anos 1630 referem que o reino era originalmente uma parte de Kakongo, ela própria, uma vez uma parte do Congo, que separou-se para se tornar independente, provavelmente por volta de 1550.
 
 

 

Reino de Lunda

O Reino de Lunda (1665-1887), também conhecido como Império Lunda, foi uma confederação africana pré-colonial de estados que florescente do século XV ao século XIX, onde são hoje a República Democrática do Congo, o nordeste de Angola e o noroeste da Zâmbia. O seu estado central ficava no atual Catanga.

História


Soba Lunda.

O Reino Lunda, que no Séc.XVII chegou a ser um dos grandes potentados de Angola, foi fundado no início do Séc.XVI, no Leste de Angola, por Mwatiânvua e sua mulher Lukocheka.

Segundo a tradição lunda, Mwatiânvua era descendente de Lweji, filha de Kondo grande chefe lunda, que era casada com o grande caçador Luba Tyibinda Ilunga. Depois da morte de sua mãe, Muatiânvua, submeteu várias tribos lundas e formou um reino, nos finais do séc. XVI.

Embora fosse um reino só e coeso em todos os aspetos e sentidos, Mwatiâmvua governava a metade Norte e a Rainha Lukocheka reinava na metade Sul. Tinham poderes iguais, e as decisões que fossem concernentes ao Reino como um todo, eram baseadas no consenso dos dois, ajudados pelo conselho de séculos (velhos).




Foi um Reino economicamente muito forte, com agricultura muito bem estruturada, com milho, massango e massambala, trabalharam o ferro, o cobre e os tecidos, foram fortes no comércio de escravos, marfim e tecidos.

No Séc. XVIII, uma parte do povo decidiu migrar para a região do atual Moxico, dando origem ao povo Tchokwé ( Kiôco ). Foi o primeiro sinal de fragmentação do Reino Lunda, que talvez fruto do crescimento econômico, ou das facilidades de vida, dadas pela exuberância do solo, foram-se entregando mais aos prazeres da vida do que aos interesses do Reino.

Depois de lutas com os Tchokwé até ao fim do século XIX, os Tchokwé sublevaram-se definitivamente, forçando as barreiras de governantes lunda que os cercavam e expandiram-se rapidamente para norte e sul.

Lundas e Tchokwes




Há muitos séculos atrás os Lundas e tchokwes tinham sido um povo só. Saíram do mesmo núcleo, a grande diferença é que os Lunda ficam no seu território desde sempre, os tchocwe transformam-se num grupo de extrema mobilidade que a partir do século XVI percorre todo o país. São essencialmente caçadores e comerciantes saindo, por isso, em busca de marfim borracha, etc. Essa extrema mobilidade não lhes permite desenvolver estruturas políticas tão pesadas como era a hierarquia da Mussumba, por isso fazem aquilo que se chama a diáspora Tchokue, inflectem para o sul, dividem os Nganguela ao meio. Angola tem Tchokwe em todo o território. No final do século XIX os Tchokwe regressam ao seu território de origem, tomam, militarmente, o poder dos Lunda e absorveram as suas instituições.

Em 1885, ocorre a primeira invasão Tchokwé, que munidos de armas capturaram seis mil lundas, após Musumba, a capital do império, ter sido saqueada. Dois anos depois, em Janeiro de 1887, ocorre uma nova invasão Tchokwé. Musumba foi incendiada e os lunda ficaram sob domínio Tchokwé, até ao final do século XIX.

Os Tchokwé estabeleceram então o seu próprio reino com a sua língua e costumes. Os chefes lundas e o povo continuaram a viver na região lunda porém diminuidos de poder.

A expansão dos Tchokwé levou-os para além das fronteiras de Angola, encontrando-se grandes núcleos na República Democrática do Congo e na Zâmbia.

Dominação Européia

No início da era colonial (1884) o coração da terra lunda foi dividido entre a Angola portuguesa, o Estado Livre do Congo do rei Leopoldo II da Bélgica e o noroeste da britânica Rodésia, que viriam a tornar-se em Angola, R.C.Congo e Zâmbia, respectivamente.

Em 1908, o Estado Livre do Congo deixa de ser propriedade da Coroa e torna-se colónia da Bélgica, sob o nome de Congo Belga, permanecendo assim por quase 60 anos. Por sua vez, o Império Lunda – inicialmente repartido entre o reino Portugal e o Estado Livre do Congo –, encontrava-se, desde meados do século XIX, em decadência, já que “o poder do Mwant Yaav, em larga medida apoiado no comércio de escravos, acabou por ser afetado pela abolição deste tráfico”.

No início do século XX, após a expulsão dos Tchokwé que acabaram sendo vencidos pelas forças coloniais portuguesas, por volta de 1920, o Império Lunda já havia perdido alguns territórios e muito do seu poderio inicial. Diz-nos Manuela Palmeirim que “é decorrente deste contexto histórico que muitos grupos distintos a nível linguístico se encontram frequentemente designados na literatura como ‘povos lunda’, hoje grupos inteiramente autónomos mas que, outrora, partilharam uma unidade política comum sob a autoridade do Mwant Yaav e que reconhecem esta ligação através de um corpus de tradições orais. Podem ser referidos como “lunda” – para além do próprio grupo a partir do qual o império se originou e que ficariam conhecidos na literatura por ‘lunda do Mwant Yaav’ (os aruwund) – os ndembu (ou lunda-ndembu), os yaka, os luvale (também designados por lunda-baluvale ou lwena), os imbangala (reino de Kasanje), as gentes do Luapula sob o domínio do rei Kazembe (…)”.

As variantes linguísticas

Os Lunda-Tchokwé são o grupo etnolinguístico predominante do nordeste de Angola, tendo-se estabelecido, em finais do século XIX, nas províncias administrativas da Lunda-Norte, Lunda-Sul e Moxico, mas estendendo-se, posteriormente, até ao interior da província da Huíla.




Segundo Vatomene Kukanda, este grupo apresenta poucas variantes linguísticas. Na província da Lunda-Norte predominam o lunda, o cokwe (kioku), o mataba, o kakongo ou badimba e o mai. Na província da Lunda-Sul: o Tchokwé (kioku). Em uma parte da província do Moxico: o lunda-lua-shinde, o lunda, o ndembo e o Tchokwé (kioku). Noutra parte das províncias do Bié e do Kuando-Kubango: o cokwe (kioku).

O artesanato Lunda e os desenhos na areia

Apresentavam, em 1960, uma população de 360 mil pessoas, que se espalhavam por milhares de quilómetros quadrados, não apresentando, por este fato, uma população densa. Por tradição, são caçadores savânicos, embora hoje vivam da agricultura.


Cadeira de um Soba Lunda.


Máscara Lunda.


Escultura Lunda.

São também grandes artistas a trabalhar em ferro ou madeira. José Redinha revela-nos que os Tchokwé constituem a parte que mais se destaca neste grupo etnolinguístico e que a designação Lunda- Tchokwé é, a bem dizer, de ordem histórica, porque, na realidade, quem predomina são os Tchokwé.
Para além de hábeis em várias espécies de artesanato, os Tchokwé (kioku) ou Quiocos (na forma aporteguesada), estando na aldeia ou no acampamento de caça, sentados à volta da fogueira ou à sombra de árvores frondosas, costumam passar o tempo a conversar e vão ilustrando os temas dessas conversas com desenhos na areia. Muitos desses desenhos, de acordo com Paulus Gerdes, pertencem a uma velha tradição. Referem-se a provérbios, fábulas, jogos, animais, etc. Acabam por desempenhar um papel importante na transmissão do conhecimento e da sabedoria de uma geração para a seguinte.

Os Diamantes de Lunda




Atualmente Lunda faz parte de Angola e esta dividida em duas províncias, a Lunda Norte e Lunda Sul. Há em Lunda uma reserva diamantífera desde os tempos coloniais. Depois da guerra, os rebeldes da União para a Independência Total de Angola, (UNITA) perderam o controle da sua fonte de receitas: os diamantes, que passaram para as mãos de ex-generais de ambos os grupos, políticos e empresas internacionais.

Calcula-se que cada ano, a produção era mais de um bilhão de dólares. Paradoxalmente, os cofres públicos estão vazios, na Lunda Norte, apenas há uma escola primária e um hospital semi-destruído.

As pedras da morte, é a primeira indicação elaborada sobre as condições de vida da população e das Lundas. Nele, se documentam mais de 70 casos de violação de direitos humanos, desde execuções extra judiciais, outros homicídios, torturas, violações sexuais e detenções arbitrárias.

As Pedras da Morte, dirigido pelo jornalista angolano Rafael Marques - relata o caso de um garimpeiro (mineiro artesanal) André Jorge Honda, ocorrido em 19 de Setembro de 2004. Naquele dia, enquanto se banhava no rio Cuala, o guarda de segurança de uma companhia mineira que funciona na zona aproximou-se dele e acusou-o de ser garimpeiro e disparou-lhe um tiro na nuca.
 
 
 

O Reino do Congo em finais do século XV

Este grande reino, bem constituído econômica e politicamente em finais do séc. XV, abrangia um vasto território que se estendia desde uma parte do sul do Gabão, passando pelo sudoeste da República do Congo, por grande parte do sudoeste da República Democrática do Congo, até ao norte de Angola.

Expedição Portuguesa comparecendo perante
o rei do Congo © National Maritime Museum.

“Makukua Matatu Malemb’e Kongo” é uma expressão que, de acordo com a tradição oral, nos leva a entender, que o reino do Congo era um todo composto por três partes distintas: “Makukua”; “Matatu”; “Malemb’e”. O relato de Ana Maria de Oliveira – no seu trabalho de investigação intitulado “Elementos Simbólicos do Kimbanguismo”, saído a público em 1999, através de uma edição da Missão de Cooperação Francesa –, refere-se aos três troncos da termiteira e também às três pedras ao fogo que suportam a panela, o que, em sentido figurado significa: a lareira, a casa materna e, por analogia, o lugar onde se cria, onde se decide, o centro onde tudo começou. Daí que “Makukua Matatu Malemb’e Kongo” pode, em princípio, ser aceite como “as três lareiras, as três pedras de base, as três partes, a trindade que formava o antigo reino do Kongo”. Estas três componentes correspondiam a três áreas geograficamente distintas e bem diferenciadas do ponto de vista sócio-econômico, cada uma delas associada a um dos três descendentes do manikongo (rei do Congo). 

O antepassado de todos os Bakongo (a “mãe grande” que a tudo deu início) é “Nzinga”, filha de “Nkuvu”, casada com “Nimi” e de quem teve dois rapazes e uma menina, respectivamente, “Vit’a Nimi”, “Mpanzu’a Nimi” e “Lwkeni Lwa Nimi”. Os três constituíam a base da sociedade do reino do Congo: “Makukua Matatu Malemb’e Kongo”. O nome das três crianças associado ao nome de “Nzinga” representa a linhagem “Tuvila”.
“Vit’a Nimi”, o filho mais velho de “Nimi”, a quem se chamou “Ne Nvunda” era também conhecido por Nsaku, que significa aquele que traça os destinos do Congo. Daí que, deste ramo tenha surgido uma descendência de diplomatas, pois sempre que os “ntotila” tinham necessidade de enviar embaixadas ou missões ao estrangeiro, escolhiam individualidades do ramo “Kisaku”. 
O segundo filho, “Mpanzu’a Nimi”, teve uma descendência numerosa. Era por natureza guerreiro. Também um excelente agricultor e um bom conhecedor de minerais.
Lukeni foi a mais difícil de criar. Dai ser também conhecida por “Vuzi”; ou seja, aquela que cria problemas. Era muito bela e desprezava quase tudo o que comia, excepto carne. Casou e teve três filhos, que eram também muito admirados, quer pela sua beleza, quer pelo seu carácter. Cada um destes três filhos de “Nzinga” recebeu uma parcela do território do reino do Congo. 
A fronteira de cada área geográfica era delimitada com uma plantação de uma árvore de nome “Nsanda”, que simboliza vitalidade e firmeza. 
Nas áreas territoriais pertencentes a um grupo diferente era associado um outro símbolo de referência. 

As fronteiras do Reino do Kongo

Mbanza Congo era a capital administrativa do reino do Congo, cujas delimitações, segundo Raphael Batsikama ba Mampuya ma Ndwala, citado por Ana Maria de Oliveira, correspondiam a um espaço territorial “entre o segundo e o décimo terceiro grau a Sul do Equador”, o que equivalia a uma linha imaginária, que ia do Cabo de S. Catarina, no Atlântico, ao ponto de convergência com o rio Cuango. A Ocidente, o reino do Congo estava demarcado pelo Oceano Atlântico e a Este “tocava o país dos Lunda”. 
Considerando a actual configuração geográfica angolana, o grupo etnolinguístico Bacongo, que vive essencialmente da agricultura, mas também da pesca (os solongo) e do comércio (os zombo), ocupa as actuais províncias administrativas de Cabinda, Zaire, Uíge e uma parte do Kwanza-Norte e foi o primeiro a ter contacto com os portugueses.

As datas do “descobrimento”

No seu livro, intitulado “Religiões de Angola”, editado em Lisboa, em 1969, pela Junta de Investigações do Ultramar, Eduardo dos Santos diz-nos que está ainda por esclarecer o ano em que o navegador português Diogo Cão chegou à foz do rio Zaire. As dúvidas andam em torno da data (1482) inscrita no Padrão de Santo Agostinho, erguido no cabo de Santa Maria, e dos anos que nos falam João de Barros (1484), Duarte Pacheco Pereira (1484), Rui de Pina (1485), Garcia de Resende (1485), D. Francisco de S. Luís (1485).

As relações de horizontalidade entre o Reino do Kongo e o Reino de Portugal

De acordo com Gerald J. Bender, em “Angola sob Domínio Português”, na costa ocidental de África, os reinos do Benin e do Congo assemelhavam-se ao pequeno reino de Portugal, quanto ao número de habitantes (cerca de um milhão); “noutros aspectos, porém (por exemplo, grau de centralização, controlo político, manufactura de vestiário e artefactos), ultrapassavam talvez o Portugal medievo”. Daí que, as primeiras iniciativas diplomáticas, entre o reino de Portugal e estes dois potentados africanos, se tivessem caracterizado pela procura de uma maior horizontalidade no estabelecimento das suas relações. A comprovar este fato, podemos levar em conta:

- A consagração do baptismo do manicongo Nzinga-a-Nkuvu, a 3 de Maio de 1491, com o nome de João e de sua esposa Mani Mombada, a 4 de Junho desse mesmo ano, com o nome de Leonor, dia em que também foi benzida a primeira pedra para a construção da igreja em Mbanza Congo, dedicada a Santa Cruz; 
- Em 1508, D. Afonso do Kongo enviou a Portugal uma embaixada, da qual faziam parte, seu irmão D. Manuel e seu primo D. Pedro, este com o propósito de trazer para Mbanza Congo o modelo de organização do reino português;
- Em 1515 partiu para Lisboa o próprio filho do manicongo Mbemba-a-Nzinga, D. Henrique, para ser educado num seminário, tendo ficado a residir no Mosteiro de Santo Eloi. A 3 de Maio de 1518, D. Henrique recebeu, em Roma, do papa Leão X, o título de bispo Uticense. Posteriormente, voltou a Lisboa, ficando ligado à Congregação de S. João Evangelista do Espírito Santo. Regressou ao reino do Congo e, em 1521, voltou a Portugal e também a Roma, em 1523.
Ainda de realçar o teor de uma das várias cartas de D. Afonso do Kongo ao rei D. Manuel, datada de 31 de Maio de 1515, solicitando que Manuel Vaz ficasse responsável pelas suas mercadorias em Portugal: “Muito alto e poderoso Senhor – Porquanto queríamos mandar alguma nossa fazenda a esses reinos como já temos escrito em outra a vossa alteza para nos prouvemos de algumas coisas assim para que cumpre para nossa fé como para nossa pessoa, rogamos a Manuel Vaz vosso criado que ora cá veio que quisesse tomar cargo de nossas coisas portanto é homem que sempre achamos muito fiel de algumas coisas que lhe mandamos, e a nossa gente toda estar bem com ele e ele nos ter muito bem servido assim lá o que a nós cumpria como cá e por saber o que cumpre para nós melhor que ninguém, e ele nos disse que o não havia de fazer sem vossa alteza lho mandar, pelo qual pedimos a vossa alteza que lhe mande que tome cargo de nossas coisas e nos sirva nisto, porquanto não temos homem nesses reinos de quem confiemos a nossa fazenda senão deste e quando por sua vontade não quiser, mande-lhe vossa alteza por força não que receberemos muita mercê: e nos tornamos ora enviar a D. Francisco e D. Pedro Afonso nossos sobrinhos para pedir esta e as outras mercês que a vossa alteza enviamos, pedir os quais encomendamos a vossa alteza como nossos parentes que são, Nosso Senhor acrescente os dias e estado de vossa real alteza e seu santo serviço. Escrita na nossa cidade do Congo ao derradeiro dia do mês de Maio, João Teixeira o fez de mil quinhentos e quinze anos. El-Rei D. Afonso”.

A contribuição para a criação dos Estados-Nação

A herança cultural do antigo reino do Congo encontra-se, hoje, dividida e subordinada às distintas identidades políticas em Angola, nos dois Congos e no Gabão. Cabe agora aos quatro Estados independentes e soberanos, edificarem, em cada um deles, as suas respectivas nações, onde, evidentemente, os interesses políticos, económicos e sociais se apresentam bem diferenciados uns dos outros, independentemente do legado cultural comum se manter vivo e em permanente interacções com outras culturas africanas e não só, num espírito de respeito e aceitação mútua.
 Ph.D em Ciências da Educação e Mestre em Relações Interculturais.

Jornal de AngolA
 
 

 

África Centro-Ocidental

Quando o português Diego Cão e seus homens chegaram, em l482-3, a desembocadura do rio Zaire (Nzade ou Nzare, “rio que engole os outros”) e desembarcaram no porto africano de Mpinda, o manikongo Nzinga Kuwu, sétimo de sua dinastia, reinava inconteste sobre uma região tão grande como uma quarto da França atual. O reino teria sido fundado pelo seu ancestral Ntinu-Wene, chefe Kikongo que, chegado do norte, atravessou o grande rio e conquistou a cheferia ambundu, junto ao rio Zaire. Os sucessivos manikongos aumentaram seus territórios com conquistas militares. Manikongo: Autoridade máxima desta pirâmide política, não transmitia hereditariamente o seu poder. Nos primeiros tempos, todo descendente masculino do fundador da dinastia podia pretender o trono, quando de uma sucessão. A escolha era efetuada por um colégio eleitoral de nobres, mas em geral, era a força das armas que decidia a quem caberia o poder. 

O título de manikongo possuía caráter sacro: o seu detentor, cometendo incesto com uma irmã, perdia seus direito de família. Alcançava, assim, uma situação que lhe permitia governar, sem favorecimento, todas as famílias. No reino do Kongo, a cidade desempenhava um importante papel social e econômico.

Dela partiam as principais caravanas envolvidas no comércio do ferro e do sal, dois produtos determinantes na economia do reino. O ferro, abundante em diversos pontos da região principalmente no maciço de Bangu e o sal vinha das salinas de Mpinda e do extremo sul do reino. O nzimbo, uma espécie de caramujo, era a moeda de circulação nacional usada nestas trocas. A pesca do caramujo, realizada apenas nas águas da ilha de Luanda, era um monopólio real.

O Primeiro Manikongo que entrou em contato com os portugueses converteu-se ao cristianismo, mas voltou, logo, à religião da terra. Trata-se de conversão político-diplomática, que não prosperou devido à debilidade da aliança política inicial. (Foi um de seus filhos que assumiu o nome cristão de Afonso (l505-l543), que dirigiu a evangelização do Kongo). Apoiado pelos católicos e portugueses, contra seu meio-irmão, Mpanzu e Kitima, pagão anti-português, Afonso terminou vencendo a disputa pelo título de manikongo, ajudado, segundo a tradição, por um exército de soldados católicos celestiais.
 
 

 

Um pedaço de bolo no meio da África

Dono do Estado Livre do Congo, Leopoldo II, da Bélgica, inaugurou a temporada de exploração do continente africano

Selo de postagem do Congo Belga, um objeto que, sozinho,
sintetiza o anacronismo da “civilização” da África pelos europeus.

O escritor argentino Jorge Luís Borges definiu o livro Coração das trevas, do britânico de origem polonesa Joseph Conrad, como “o mais intenso de todos os relatos que a imaginação humana jamais concebeu”. Opinião inequívoca expressa de um autor que, sabidamente, usou a imaginação de forma prodigiosa (e sabia da ausência de fronteira desta) para criar mundos e situações literárias nos seus contos.

Por conta do trabalho na marinha mercante francesa, e depois britânica, Conrad relata naquela obra o que presenciou do imperialismo nascente das nações européias na segunda metade do século XIX, na África, pelos olhos de Marlow, que trabalha para uma companhia num vapor em um “grande rio”, onde a lua espalhava “na superfície de todas as coisas uma fina camada prateada — sobre a mata densa, sobre o lodo, sobre o muro de vegetação entrelaçada, mais alto que as paredes de um templo”, e para quem esse cenário, silencioso, levantava uma dúvida: “A quietude na face da imensidão que olhava para nós significava um apelo ou uma ameaça”. Neste caso, a resposta poderia ser dupla e estridente, porque, na realidade, tratava-se do Estado Livre do Congo, empreendimento localizado no centro-sul do continente africano, oficialmente caracterizado de filantrópico-humanitário-científico-civilizatório, capitaneado pelo monarca belga Leopoldo II.


Moeda comemorativa dos 175 anos da dinastia
real belga. Vê-se a efígie de Leopoldo II,
a inscrição “Leopoldus” e a data de 2007.

A historiografia aponta a administração dele como a mais cruel e barbárica, embora escassamente lembrada quando o assunto é neo-imperialismo europeu, sendo considerada o primeiro golpe de facão para a “partilha da África”, isto é, a criação de colônias e protetorados por toda a extensão daquele continente pelas potências da Inglaterra e França, principalmente, além de Alemanha, Itália, Espanha e Portugal. Os métodos pouco ortodoxos e iluminados usados pelos prepostos do rei contra a população local levariam o monarca hoje para o tribunal como um criminoso, a parear com facínoras como Stálin e Hitler. O repertório incluía corte das mãos, dedos, narizes e assassínios sem motivo, pelo não cumprimento de cotas determinadas de extração de borracha, por exemplo.

Os motivos para o imperialismo podem ser vistos sob prismas diferentes, mas as cores são sempre sombrias

POTENCIAL ECONÔMICO E RELIGIOSO

De olho nos recursos naturais de um território que compreendia dezenas de vezes o tamanho da Bélgica, cujo centro atravessa um rio que só perde em extensão para o Amazonas, Leopoldo II, considerado pelo jornalista e agente Henry Morton Stanley, que seria a ponta da lança do belga nessa empreitada, como um “esperto estadista”, “supremamente esperto”, usou das suas credenciais reais e articulação política para adquirir, sem nunca ter pisado no local, uma colônia para si, particular. Realizou, assim, o sonho do pai, Leopoldo I, e contrariou o conto de Borges em que a personagem principal vai ao encontro do seu tesouro alhures, após um sonho, leva uma surra, volta para casa e desenterra o sonho no quintal de casa.

Os motivos para o imperialismo podem ser vistos sob prismas diferentes. Mas, de qualquer maneira, as cores são, quase sempre, sombrias. O fardo do homem branco, de levar a luz da cultura e razão ocidental e européia aos povos, segundo a visão deles, primitivos. O interesse econômico e comercial, entretanto, é interdito no discurso polido dos homens da política e negócios dos países que participaram do empreendimento intercontinental. A expansão do mercado consumidor para os produtos industrializados da Europa, que passava, naquele momento, a partir das décadas de 1860 e 1870, por uma recessão sazonal; concentração populacional provocada pelo êxodo rural e nascimento das grandes metrópoles modernas; e, finalmente, busca de matéria-prima e mão-de-obra barata para a indústria.


Ilustração do encontro entre Henry Morton Stanley e David Livingstone.
Este último comandou expedições para a Coroa inglesa e para sociedades
geográficas. O encontro estimulou os interesses exploradores de ambos.

Mas, antes do surto imperialista, missionários percorreram regiões do continente africano para catequizar os habitantes locais e denunciar o terror e destruição que o comércio de escravos provocava; isso com a Bíblia numa mão e a civilização na outra. O inglês David Livingstone foi um deles. Abriu caminho para o interior do continente, via Zambezi, importante rio localizado na África meridional, que deságua no oceano Índico, em Moçambique, escreveu diários relatando o dia-a-dia de suas viagens. Comandou também expedições em benefício da Coroa inglesa e para sociedades geográficas; era conhecido na Europa e Estados Unidos e, em 1871, pouco se ouvia falar dele. O jornal New York Herald, por esse motivo, resolve enviar o jornalista Henry Morton Stanley com a missão de encontrá-lo, que, embora estivesse com a saúde debilitada, continuava a desvendar o continente, principalmente a região dos Grandes Lagos, no leste do Congo. O encontro ocorreu em novembro daquele ano, em Ujiji, perto do lago Tanganica, e reforçou em ambos o interesse pela exploração do continente.


O missionário David Livingstone desvendou o continente
mesmo com saúde débil. A Sociedade Real Geográfica Britânica
chegou a enviar expedição em seu auxílio, mas, quando esta
chegou, Livingstone já estava morto e seu corpo na Inglaterra.

Temendo pela piora de saúde do missionário, a Sociedade Real Geográfica Britânica (Royal Geographical Society) envia uma coluna de auxílio sob a liderança do oficial naval (que trabalhara para o esquadrão antiescravidão) Verney Lovett Cameron. A expedição foi denominada The Livingstone East Coast Expedition, chegou em Ujiji em fevereiro de 1874, mas tarde demais, pois o corpo embalsamado dele, morto um ano antes, já estava na Inglaterra. Segundo o jornalista inglês John Reader, no livro Africa — a biography of the continent (“África, biografia de um continente”), ainda não publicado no Brasil, Cameron foi o primeiro homem a atravessar o continente, partindo do Índico, em março de 1873, até o Atlântico, em Benguela, atual Angola, em novembro de 1875. Chegou a fazer acordos com as lideranças locais e, por força destes, declarou um protetorado britânico sob a bacia do Congo em 28 de dezembro de 1874, a ser aprovado pelo Foreign Office (Ministério de Relações Exteriores inglês). A diplomacia britânica não aceitou a proclamação do Congo como seu protetorado, atendendo a interesses portugueses na região, em troca de acordos de comércio e combate à escravidão, já que o primeiro europeu a fazer contato com os autóctones, de acordo com relatos históricos, foi o navegador português de Vila Real, Diogo Cão, em 1483. Ele estabeleceu relações com o Reino do Congo em nome da Coroa portuguesa e interesses mercantilistas da Península Ibérica.

UMA OPORTUNIDADE IMPERDÍVEL 

A experiência do oficial foi relatada em cartas, encaminhadas para a Sociedade Real, cujo presidente, Sir Henry Rawlinson, divulgou para o público na noite de 10 de janeiro de 1876.


Foto de Sir Henry Creswicke Rawlinson, presidente da Sociedade
Real, que divulgou as cartas de Livingstone anunciando o
potencial do continente: “Uma grande empresa teria a África
aberta por volta de três anos, se trabalhasse de forma adequada”.

No dia seguinte, Leopoldo II, no seu palácio, leu trechos dos relatos na edição do dia posterior do Th e Times, que recebia todos os dias: “[...] o interior é em grande parte um magnífico e rico país de uma riqueza intraduzível. Eu tenho um pequeno montante de bom carvão; outros minerais, como ouro, cobre, ferro e prata, são abundantes; e estou confiante que com uma sábia e liberal (não generosa) despesa de capital, um dos maiores sistemas de navegação interior do mundo pode ser utilizado e, de 30 até 35 meses, começar a repagar qualquer capitalista empreendedor que poderia gostar de ter de volta (...) noz-moscada, café, semsem [sesame seed], amendoim, olho de palmeira, arroz, trigo, algodão; toda a produção do sul da Europa, borracha da Índia, copal e cana-de-açúcar são as produções de vegetais que podem ser lucrativas. Um canal de 20 até 30 milhas por toda a região baixa do país poderia conectar os dois grandes sistemas do Congo e do Zambezi, as águas da chuva podem até formar uma ligação entre eles. Com um capital de 1 até 2 milhões de libras para começar, uma grande empresa iria ter a África aberta por volta de três anos, se trabalhar de forma adequada”.


Foto de Leopoldo II, da Bélgica. Descrito como um estadista
“supremamente esperto”, usou suas credenciais para adquirir
uma colônia particular, sem nunca ter pisado no local.

O monarca belga se anima, vai até Londres logo depois, conversa com Cameron e demonstra a sua intenção de tocar o projeto. Resolve, então, em setembro de 1876, organizar a Conferência Geográfica de Bruxelas, que conta com a presença de representantes das principais potências, além de missionários, homens de negócios e geógrafos. No discurso de abertura do evento, realizado com muito luxo no palácio real, em setembro de 1876, Leopoldo expõe, disfarçado de sentimento altruísta, a sanha pelos negócios que poderiam originar daquela reunião: “Senhores, o assunto que reúne todos nós hoje é daqueles que merecem receber um lugar de destaque e engajamento de atenção dos amigos da humanidade. Abrir para a civilização a única parte do globo que ela ainda não penetrou, atravessar a escuridão na qual populações inteiras estão envolvidas, é, ouso dizer, uma cruzada digna desta era de progresso, e estou feliz de perceber quanto o sentimento do público está a favor dessa realização; a maré está conosco. Preciso dizer que, em receber vocês aqui, em Bruxelas, não fui acometido por visões egoístas. Não, senhores, se a Bélgica é pequena, ela é feliz e se contenta bastante com ela. Não tenho outra ambição do que servi-la bem. [Mas] devo estar feliz que Bruxelas se torne, de alguma maneira, o quartelgeneral deste movimento civilizatório. Alimentei a idéia de que poderia ser de sua conveniência vir até aqui e debater, e, com a autoridade que vocês têm, em conjunto, decidir as vias a seguir e meios para definitivamente plantar o padrão de civilização no solo da África Central”.


Foto de uma parada do Chefe Makoko em Brazzaville, com uma
tribo no Congo Francês (bandeira francesa ao fundo); embora pouco
lembrada, a administração de Leopoldo II foi o primeiro golpe de
facão do imperialismo na África, que iniciou com França e Inglaterra.


Cada delegação levou ao seu país as novidades da conferência e comitês foram estabelecidos para arrecadar fundos para essa cruzada humanitária. Por conta do impedimento legal que tal ação poderia implicar, na Inglaterra foi vetada a instalação oficial dos comitês. Combater o comércio de escravos e o estabelecimento de estações de comércio em territórios não designados, alegavam especialistas legais, poderia levantar questões de direito de comércio e conflito de interesses. Assim, foi criada a Associação Internacional Africana (AIA), mais tarde o “africana” seria substituída por “Congo”, para a construção de benfeitorias, postos avançados de civilização, segundo o discurso oficial, ao longo do rio Congo e no interior do território, para abrigar quem estivesse interessado a participar do projeto. Stanley foi o grande articulador e artífice do negócio, contratado por Leopoldo.

“Abrir para a civilização a única parte do globo que ela ainda não penetrou, atravessar a escuridão na qual populações inteiras estão envolvidas”. Leopoldo II

Ao vislumbrar que a atuação dessa organização poderia se expandir além das suas fronteiras (mesmo que informais) e gerar conflitos entre as potências, por recomendação de Portugal, que se sentiu lesado pelo avanço da AIA em algumas áreas que lhe eram de direito, e a chancela da Alemanha de Bismarck, para resolver a questão foi organizada a Conferência da Berlim, no final de 1884, com o intuito de regular a exploração do continente e formalizar a atividade colonialista sob o ponto de vista legal e político. Foi, dessa maneira, oficializada a posse do Congo por Leopoldo II, cujo território tinha um potencial lucrativo indizível. “As Câmaras de Comércio das cidades britânicas, no início dos anos 1880, em plena depressão, ficaram indignadas só de pensar que as negociações diplomáticas podiam impedir o acesso de seus comerciantes à bacia do Congo, que se acreditava oferecer indizíveis perspectivas de vendas, ainda mais quando esta colônia estava sendo explorada por aquele homem de negócios coroado, o rei dos belgas, Leopoldo II, como um projeto lucrativo. (Seu método favorito de exploração, por meio do trabalho forçado, não visava incentivar elevadas compras per capita, quando não diminuir efetivamente o número de fregueses com a tortura e o massacre)”, escreve o historiador inglês Eric Hobsbawm, no A era dos impérios — 1875–1914.

Com o lucro da venda das matérias-primas, melhorias e obras públicas foram realizadas na capital da Bélgica

VIDAS POR BORRACHA: TERROR, LUCROS E IMPUNIDADE 


Imagem de extração da seringueira no Brasil. Na África, florestas foram
devastadas e foi por meio de monopólios e concessões como a da empresa
Anglo-Belgian India-Rubber Company (de 1892), que o Congo foi explorado.

Até o boom mundial de comercialização da borracha, fortalecido pelo uso de pneus de ar comprimido em bicicletas e, posteriormente, nos carros (proporcionando mais conforto para os usuários, cujo invento foi patenteado, em 1891, por Édouard Michelin), o principal produto de exportação do Congo era o marfim. Outras aplicações da borracha, em cabos telefônicos e telegráficos e isolação, também contribuíram para o aumento da demanda. Assim, grandes extensões de florestas de vegetação tropical e plantações que proviam alimento para a população local foram devastadas. O monopólio para extração da borracha ficou por 30 anos nas mãos da empresa Anglo-Belgian India-Rubber Company (Abir), fundada em 1892. Foi por meio desses monopólios e concessões que o Congo foi explorado. Não pesava sobre os prepostos dessas empresas responsabilidades de Estado ou judiciais. Em 1890, o Congo tinha exportado 100 toneladas de borracha. As exportações aumentaram para 1,3 milhão de toneladas em 1896, 2 milhões em 1898 e, em 1901, esse número chegava a 6 milhões de toneladas. Dinheiro não faltava. Com o lucro da venda da matéria-prima, melhorias e obras públicas foram realizadas na capital da Bélgica, como a Árcade du Cinquantenaire e o Museu Tervuren, além de extensões do palácio real, embora o monarca afirmasse que não estaria se favorecendo com os negócios além-mar.


Pessoas mutiladas no Estado Livre do Congo – durante o
regime de Leopoldo II, estima-se a dizimação de 15 milhões.
Ao lado, selo postal com governantes de 1908 a 1958.

Com o aquecimento do mercado, outras regiões começaram a produzir borracha também. Países do sul da Ásia, o Brasil, inclusive, na região da Amazônia, ofereciam ao mercado, de forma abundante, cada vez mais borracha. A oferta do produto aumenta e as margens de lucro diminuem. A saída para manter a produção e lucros altos foi impor cotas diárias de extração dos produtos aos nativos coletores, cujo trabalho não era remunerado; no máximo, recebiam punhados de sal ou tecidos. Mulheres eram acorrentadas, crianças mortas a coronhadas. Para economizar munição e evitar que cartuchos fossem gastos sem sentido, na caça de animais, por exemplo, foi estimulado o corte das mãos para comprovar a morte de um nativo. A população foi reduzida, configurando um extermínio em massa. Estudiosos acreditam que a população do Congo foi dizimada, durante o regime de Leopoldo, em cerca de 15 milhões de pessoas.

A carnificina foi escamoteada por algum tempo, até que intelectuais, religiosos e políticos começaram a se manifestar. Em 1903, foi divulgado o diário do missionário batista A. E. Scrivener, que relata a sua experiência da seguinte maneira: “Tudo era em bases militares, mas, até onde pude ver, a única razão para isso era a borracha. Era o tema de toda conversação, e era evidente que o único modo de agradar aos seus superiores era aumentar a produção de alguma forma. Eu vi alguns homens entrarem, e o olhar assustado ainda persistente em suas faces conta eloqüentemente a época terrível que atravessaram. Da forma como foi trazido, cada homem tinha um cestinho contendo mais ou menos quatro ou 5 cinco libras de borracha. Isso era esvaziado em um cesto maior, pesado, e, se fosse suficiente, cada homem recebia uma xícara de sal bruto e para alguns capatazes uma braça de chita [...] Eu ouvi de alguns homens brancos e de alguns soldados as mais repulsivas histórias. O antigo homem branco (eu me sinto envergonhado de minha cor todas as vezes em que penso nele) se postava na porta do armazém para receber a borracha dos pobres-coitados trêmulos, que, depois de semanas de privações nas florestas, tinham ousado chegar com o que foram capazes de coletar. Quando um homem trazia menos que a porção apropriada, o homem branco encolerizava-se e, tomando um rifle de um dos guardas, fuzilava-o na hora. Raramente a quantidade de borracha aumentava, mas um ou mais eram fuzilados na porta do armazém ‘para fazer os sobreviventes trazerem mais na próxima vez’. Homens que tentavam fugir do país e tinham sido apanhados foram trazidos para a estação e enfileirados um atrás do outro, e uma bala de albini era disparada através deles. ‘Uma pena desperdiçar cartuchos nesses miseráveis’, dizia ele”.


Antigo cartão postal com fotografia do funeral de
Leopoldo II. Após a morte do monarca, ganhou força um
movimento de reforma do Congo, encabeçado por intelectuais
e escritores, contra as injustiças cometidas no país.

O ex-cônsul britânico no Congo, Roger Casement, em conjunto com o jornalista e político Edmund Dene Morel, fundaram a Associação de Reforma do Congo, com o objetivo de denunciar as injustiças cometidas naquela possessão particular. Diversos relatos foram publicados divulgando o horror, ações políticas foram articuladas para sensibilizar a opinião pública e impedir que o crime continuasse. Intelectuais e escritores participaram do movimento, como Mark Twain, que escreveu o texto satírico King Leopold’s Soliloquy — a defense of his Congo rule (“Solilóquio do rei Leopoldo — defesa do seu regime no Congo), e o criador do investigador Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, com o seu Crime do Congo, de 1909, publicado um ano após a morte de Leopoldo, um documento panfletário que denuncia, de forma detalhada, o absurdo do Estado Livre do Congo.


Caricatura de Leopoldo II, rei dos belgas,
originalmente publicada na revista britânica Vanity Fair,
parte de uma série a respeito de soberanos, de 1869.

Apesar de toda a reação e pressão internacional para que o regime de espoliação da população do Congo acabasse, diante de evidências ainda tentavam acobertar a matança em um trabalho. Por exemplo, as punições severas com marcas de crueldade eram atribuídas aos nativos; os manetas teriam sido alvo de ataque de animais selvagens. Fotos começaram a ser divulgadas, e esconder e mentir não mais bastaria. “Leopoldo, autoproclamado rei soberano do Estado Livre do Congo, finalmente cedeu à disseminada pressão e condenação em novembro de 1908, quando a Bélgica formalmente assume o território. O rei dos belgas morreu um ano depois, mas não foi de maneira alguma afastado ou empobrecido pela vergonha do Congo. Na realidade, o governo belga deu ao monarca 2 milhões de libras em compensação aos seu ‘sacrifícios’; mais tarde, embora dissesse que nunca lucrou de forma particular do Congo, um depósito feito na Alemanha foi posteriormente descoberto — com 1,8 milhão de libras de lucros do Congo depositados”, escreve John Reader.

Leituras da História
 
 

 

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