segunda-feira, 29 de julho de 2013

Zimbábue da Independência à herança da segregação

 

Cataratas Vitória

O rio Zambeze é o quarto maior rio da África e o maior dentro daquele continente que deságua no Oceano Índico. Com 2.574 quilômetros de comprimento, sua bacia hidrográfica tem uma área aproximada de 1,39 milhões de km². Nasce na Zâmbia a cerca de 1.500 metros de altitude, passa pela província angolana do Moxico, estabelece fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue e atravessa o Moçambique de oeste para leste até chegar ao oceano, num gigantesco delta.




Entre os limites da Zâmbia e Zimbábue estão localizadas as Cataratas Vitória, uma das quedas de água mais espetaculares do mundo. David Livingstone (1813-1873), um missionário escocês e explorador da África, foi quem as descobriu, em 17 de novembro de 1855, durante sua jornada seguindo o curso do rio Zambeze, que aconteceu entre 1852 e 1856. Ele tinha como objetivo apresentar aos povos do interior da África o cristianismo e libertá-los da escravidão. Mas antes de Livingstone, os nativos já conheciam as cataratas.

Sítios arqueológicos em torno da cachoeira revelaram artefatos de pedra que pertenceram ao Homo habilis, descendente da nossa espécie (Homo sapiens) que viveu há 3 milhões de anos atrás. Isso sem falar em artefatos que foram construídos no Paleolítico Médio e no Paleolítico Superior. Os bantos, um grupo étnico subsaariano, habitou a região há aproximadamente dois mil anos e chamou as cataratas de Shungu na mutitima. Os Matabele, futuros moradores, as nomearam como aManz’ aThunqayo. Os Batswana e os Makololo, cujas tribos podem ser encontradas até hoje naquela região, nomearam a queda de água como Mosi-oa-Tunya. Todos esses nomes aparentemente sem sentido tinham um único significado: “a fumaça que troveja”.

Vou explicar. Apesar de possuir 107 metros de altura, o que é relativamente pequena para quedas de água, as Cataratas Vitória possuem 1.737 metros de largura, fazendo dela o maior lençol de água em queda do mundo: são, em média, 1.088 metros cúbicos de água por segundo, ou seja, 1,088 milhões de litros de água despencam por segundo das cataratas. O som, sem a menor dúvida, é estrondoso e uma boa parte do grande volume de água se transforma em inumeráveis gotículas, como numa espécie de garoa. Essa garoa ás vezes pode ser vista a até 20 quilômetros de distância, além de formar, juntamente com a luz fornecida pelo Sol, um arco-íris eterno.

Impressionado, David Livingstone nomeou a queda de água como Cataratas Vitória, em homenagem à Rainha Vitória I do Reino Unido (1819-1901), cujo governo foi marcado pela Revolução Industrial e incorporação da Índia ao Império Britânico (1877). O nome permaneceu e a fama se estabeleceu. Cecil John Rhodes (1853-1902), colonizador e homem de negócios britânico, idealizou a Ponte das Cataratas Vitória, mesmo sem nunca visitar a região e morrer antes do início da construção de sua obra. Construída em apenas 14 meses, a ponte foi aberta oficialmente por George Darwin, filho de Charles Darwin, em 1905. Foi feita em aço, com 198 metros de comprimento e é suportada por um arco com um alcance de 156,5 metros a uma altura de 128 metros, acima da parte mais rasa do rio no desfiladeiro abaixo. Atualmente, é utilizada para tráfego de automóveis e para a prática de bungee jumping.

Dois parques nacionais abrangem as Cataratas Vitória. O Parque Nacional Mosi-oa-Tunya, com 66 km² de área está no lado da Zâmbia e apresenta como bioma o biombo, uma espécie de savana com árvores caducifólias, isto é, perdem a folhagem em uma determinada estação do ano, bastante comum na África Subsaariana. Várias espécies de aves podem ser encontradas nesse parque, além de animais como a girafa, a zebra, o javali-africano, a palanca-negra, o antílope, a impala, o elefante, o hipopótamo, e o crocodilo. A região onde se localizam as Cataratas Vitória no Parque Nacional Mosi-oa-Tunya incluem uma floresta tropical extremamente importante e delicada, por guardar espécies vegetais muito raras. Do lado do Zimbábue, está o Parque Nacional das Cataratas Vitória, com 23,4 km². A chuva de gotículas causada pela queda de água fez com que uma floresta tropical também crescesse neste lado do rio. Algumas árvores, como o mogno, são comuns neste parque e não podem ser encontradas em outro local em um raio de vários quilômetros. Para visitar qualquer um dos parques, são necessárias precauções contra o mosquito Anopheles, que transmite a malária, uma doença infecciosa que afeta cerca de meio bilhão de pessoas todos os anos.

Devido a sua beleza cênica e importância dos ecossistemas próximos, as Cataratas Vitórias foram classificadas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1989, juntamente com os parques nacionais próximos. Realmente, estamos falando de uma das grandes maravilhas do nosso planeta, que recebe quase meio milhão de visitantes anualmente.

 

Reino de Butua

O Reino de Butua ou Butwa (1450 - 1683) foi um estado Africano localizado no que é hoje o sudoeste do Zimbabué. 

Butua foi reconhecido como fonte de ouro pelos comerciantes árabes e Portugueses. A região foi mencionado pela primeira vez em registros Portugueses em 1512.

O reino foi governado pela dinastia Torwa até 1683. Sua capital foi Khami. O seu povo foi chamado de Bakalanga, um grupo não-Tswana com ligações com os Shonas originárias do norte do Botswana. Em 1683, o reino foi conquistado pelo Império Rozwi.

As ruínas de Khami, capital do Reino Butua.

As fundações das ruínas Khami mostram uma impressionante semelhança com o modelo de alvenaria na base das ruínas do Zimbábue.

 

Império Monomotapa

O Império Monomotapa também chamado Mwenemutapa, Muenemutapa, ou ainda Monomatapa(que era o título do seu chefe) foi um império que floresceu entre os séculos XV e XVIII na região sul do rio Zambeze, entre o planalto do Zimbabwe e o Oceano Índico, com extensões provavelmente até ao rio Limpopo.

Mapa mostrando a extensão do Império Monomotapa.

Este estado africano era extremamente poderoso, uma vez que controlava uma grande cadeia de minas e de metalurgia de ferro e ouro, cujos produtos eram muito procurados por mercadores doutras regiões do mundo.

É importante notar que, ao contrário dos soberanos de muitos reinos actuais ou recentes, os Mwenemutapas não formavam uma cadeia de descendentes - o sucessor de um Mwenemutapa falecido (ou deposto) era escolhido pelo conjunto dos seus conselheiros e dos chefes seus aliados, guiados por um ou mais "chefes espirituais" que interpretavam os "sinais" enviados pelos espíritos ancestrais da tribo.

Domínio português

Quando da exploração da costa oriental africana, desde Vasco da Gama, colheram os portugueses informes de que havia ouro em quantidade, vindo dum reino não-muçulmano. Tais informações foram confirmadas pelo espião Sancho de Tovar.

Numa primeira tentativa, os lusitanos procuraram cooptar a aristocracia, sem sucesso. Em 1567 travou-se a guerra que veio, enfim, a destruir tal organização. Contou, para tanto, com a ajuda do Rei de Malawi.

Esta conquista possibilitou a consolidação dos portugueses no território de Moçambique.
Segundo alguns o império Monomopata ficava em Mbiri, ao norte da atual cidade de Harare, no atual Zimbabwe.

História

O primeiro europeu a tomar contacto com a cidade de Grande Zimbabwe, capital de Monomotapa, teria sido o navegador e explorador Português Sancho de Tovar.

Este Estado africano possuía ricas minas de ouro. O ouro teria sido a razão pela qual os portugueses engendraram a conquista do território, empenhado pelos moradores em troca das mercadorias que estes ofereciam e, num primeiro momento, justificou a manutenção lusa no atual território moçambicano, a partir de Sofala.

As origens da dinastia governante remontam à primeira metade do século XV. De acordo com a tradição oral, o primeiro "mwene" foi príncipe guerreiro de um reino Shona ao sul, chamado Nyatsimba Mutota, enviado para encontrar novas fontes de sal, ao norte. O Príncipe Mutota encontrou o sal entre os Tavara, uma subdivisão do Shona, que eram notórios caçadores de elefantes. Foram então conquistados, e sua capital estabelecida a 358 km ao norte do Grande Zimbábue no Monte Fura pelo Zambezi.

Monomotapa: O Reino do Ouro

É já na primeira viagem de Vasco da Gama (1497-99), que os portugueses têm conhecimento, mais precisamente em Sofala, que no sertão da costa oriental se esconderiam muitas riquezas, mormente muitas jazidas minéricas. Nesta mesma povoação da costa oriental africana situada no litoral desembocava a rota do ouro vinda do interior. A partir de 1501- 1502, os portugueses iriam entrar no comércio local e Sofala tornar-se-ia o mais importante mercado aurífero da rota oriental. Em 1505 é aqui instalada uma feitoria real e prepara-se a construção de uma fortaleza.

Rinoceronte de ouro.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia e a fabulosa riqueza da costa oriental africana seriam então propagadas, na Europa, primamente através dos relatos dos mercadores italianos. E seria já na segunda viagem de Vasco da Gama (1502) que se iriam verificar profundas e decisivas alterações no comércio internacional europeu, visto que as casas comerciais, entre elas as alemãs, vão reagir de imediato a estas novas promissoras. Com efeito, as notícias sobre a cidade de Sofala constituem, para os mercadores alemães, um verdadeiro íman de interesse; para além das tão procuradas especiarias, os nautas tinham trazido, nas suas naus, ouro de Sofala, que tornava o caminho marítimo para Índia um negócio ainda mais rentável. As fabulosas riquezas da África oriental chegariam assim ao conhecimento de Konrad Peutinger, o secretário do Imperador Maximiliano que logo verte para o alemão uma carta de um dos viajantes italianos, testemunho claro do seu grande interesse por esta empresa marítima.

As notícias sobre Sofala não foram, todavia, exclusivamente divulgadas por comerciantes italianos. Assim um mareante flamengo viria a escrever um diário de bordo que, impresso na Antuérpia, constitui uma das publicações mais antigas concernentes às viagens marítimas. Embora não se saiba quem foi o seu autor e, se este terá participado diretamente na viagem, ou se até terá copiado um outro diário de bordo, o certo é que se trata de uma fonte documental da maior importância no que tange às viagens marítimas para a Índia.
Do mesmo teor é ainda uma relação anônima em língua alemã, que atualmente se encontra em Viena. Sobre a segunda viagem de Vasco da Gama conhece-se ainda um outro escrito em língua alemã conhecida pelo nome de relação de Bratislava. Por último poder-se-á ainda referenciar um outro escrito que nos informa sobre o Monomotapa, nomeadamente, o diário de Tomé Pires, texto este, que publicado por Ramusio na sua coletânea, também deve ter sido conhecido, na Alemanha. A constantemente referenciada riqueza de Sofala constitui um dos assuntos primordiais nas relações da Carreira da Índia. Que se contam coisas maravilhosas sobre a mina de Sofala é o que se pode ler, por exemplo, na relação da viagem de Pedro Álvares Cabral vinda a lume, na Alemanha, na célebre coleção Newe unbekanthe landte... em 1508.
Ao interesse por esta cidade e os seus arredores associa-se a necessidade de conhecer o seu hinterland no intuito de recolher informações mais concretas sobre a localização das jazidas de ouro. Já no ano de 1501 se realiza uma primeira expedição de reconhecimento que traria importantes notícias referentes ao comércio aurífero. Estas informações prometedoras, que atuam como um estímulo para a exploração do sertão, aumentam ao mesmo tempo as esperanças de se encontrar o caminho, desta vez, por mar, até ao reino do Preste João das Índias. Vasco da Gama e os seus navegadores souberam, em Moçambique, que este reino cristão já não estaria muito distante e que bastaria procurar no interior da costa oriental.

Mas os portugueses nas suas buscas do mítico rei cristão, encontrariam não o reino do Preste João, mas um outro reino que se dizia ser muito antigo e sobre o qual existiam muitas lendas que falavam em fabulosas riquezas e em grandes montanhas de ouro: o Monomotapa. Contava-se que esta terra era a Ofir da Sagrada Bíblia, pois teria sido aqui, neste reino, que Salomão teria vindo buscar os quatrocentos e cinqüenta talentos de ouro necessários para construir o seu templo - fato que largamente se reflete nos textos portugueses.

A vontade de conhecer este reino lendário levaria à organização de várias expedições, cujo objetivo seria estabelecer relações comerciais diretas com o Monomotapa e a sua terra. Alguns portugueses a quem caberia levar a bom termo esta missão diplomática, viriam a relatar sobre as suas experiências e impressões, como é o caso de Duarte Barbosa. Em 1518, o autor do Livro das Coisas da Índia recolheria as primeiras informações capazes de transmitir uma imagem mais pormenorizada sobre a situação geográfica, bem como as cidades e os habitantes do Monomotapa - Zimbabwe. Este texto que viria a público também através da iniciativa de Giovanni Battista Ramusio, em 1563, teria, graças a este humanista italiano, uma grande divulgação na Europa. Nesta sua sistemática geografia econômica e humana conta que "Entrando in questa terra di Cefala adentro vi è il regno di Benamataxa, che è molto grande e di Gentili, che i Mori gli chiamano Caferes. Sono uomini negri, vanno ignudi, e dalla cintura in giú vanno cpoerti di panni varii colori e di pelli dibesti salvatiche;" e um pouco mais à frente"[...] Benamataxa, dove è molto popolo, il re è solito per lo piú dimorare, e quivi i mercatanti Che vanno a Cefala si forniscono del tanto oro il quale danno ai Mori senza peso per panni dipinti e per paternostri di Cambaia, che fra questi Gentili sono molto usati e apprezzati. E quei della città di Benamataxa dicono Che ancora l' oro viene di luogo molto piú lontano, all' incontro del capo di Buona Speranza, d`un altro regno suggetto a questo re di Banamataxa, il quale è molto gran signore e tiene moltri altri re per suoi sudditi, e molti altri paesi che sono molo adentro fra terra, cosí per mezzo il capo di Buona Speranza come verso Mozambique e piú oltra".Barbosa fala assim de um reino de grandes dimensões, onde o seu chefe poderoso e rodeado de acólitos, o Monomotapa, era dono de largos recursos econômicos.
Estas informações só viriam a ser ajustadas por João de Barros, em 1552, que teve à sua disposição informações, tanto escritas como orais, de autores e viajantes portugueses. Na verdade, com as viagens de reconhecimento os portugueses tinham recolhido amplos dados geográficos e culturais referentes quer à localização concreta deste país quer ao seu sistema de organização e de viver.
João de Barros, para além do importante contributo dado à delimitação geográfica do Monomotapa, aprofunda ainda as origens das antigas minas de ouro e da arquitetura monumental do Zimbabwe, cuja construção totalmente desconhecida e invulgar, suscitava misteriosas explicações sobre os seus construtores, bem como sobre a época em que teria sido construida. Este clima de fascínio, e até de mistério, refletir-se-ia nas descrições dos portugueses, onde se delineia a imagem de um reino cheio de tradições, rico em ouro e passado.
Além disso, um outro elemento contribuiria de uma forma decisiva para o interesse e a atração por este reino: a sua rigorosa estrutura social. Uma autocracia central forte e poderosa, definida pelos autores portugueses como uma sociedade, cuja profunda consciência de justiça determinava a sua maneira de viver. Segundo João de Barros era lícito frisar, em relação ao Monomotapa, que já conheciam uma "certa religião", que se manifestava na veneração dos mortos, no festejo de determinados dias e no reconhecimento de um só deus, a que chamavam "Mozino" (muzimo).

Todas estas particularidades fomentavam o respeito dos autores portugueses por este reino e pelos seus habitantes, significando os contactos estabelecidos com o Monomotapa algo de inovador, dado que aí se encontravam uma região onde se conhecia só um deus superior, uma lei bem definida, bem como uma só ordem social. Assim, e embora tivessem outros costumes bem diferentes dos portugueses, na verdade, como afirma João de Barros: "[...] em alguma maneira parecem que seguem razão de boa polícia, segundo a barbaria dêles". Também Duarte Lopes, na sua relação sobre o Congo, faz referência ao vasto poderio e grandeza do Monomotapa. Assim, quando menciona os reinos vizinhos do Congo alude ao Monomotapa nos seguintes moldes: "O Império do Monomotapa è grande e de gente infinita, gentia e pagã, de cor negra, muito animosa na guerra, de estatura meã, e veloz; e há muitos Reis vassalos de Monomotapa; [...] Tem este Imperador muitos exércitos, e separados nas províncias, divididos em legiões, à usança dos Romanos; porque, sendo grande Senhor, tem necessidade de batalhar continuamente para manter o estado seu. Entre as gentes de guerra, que apontamos, as mais valorosas em nome são as legiões de mulheres, muito estimadas de El-Rei, e o nervo das suas forças militares. Elas queimam com o fogo as tetas esquerdas, por que lhes não sirvam de embaraço ao dispararem as setas, segundo o uso das Antiquíssimas Amazonas, tão celebradas dos Historiógrafos das primeiras memórias profanas". Lopes faz assim menção às legiões de mulheres guerreiras que, já tão exaltadas pelos autores clássicos, se encontrariam também no Monomotapa. E descreve com admiração a desenvoltura destas amazonas na guerra: "Por armas empregam arcos e setas; e são mui desenvoltas e rápidas e robustas e corajosas e mestras no assetear e, sobretudo, seguras e fortes no combater.
Nas pugnas usam de grande astúcia guerreira, porquanto têm por costume de se irem retirando, como em fugida, e mostrando estarem derrotadas; mas voltando-se, todavia, muitas vezes, a investir aos inimigos com os tiros das setas; e, quando vêem que aqueloutros, lisonjeados pela vitória, estão já dispersos, volvendo de repente sobre eles, com grande ardimentos os matam; e por via da sua ligeireza, com emboscadas e outros ardis de guerra, são temidas, grandemente naquelas partes. Têm de El-Rei, emusufruto, certos territórios, onde vivem sozinhas; e, por algum tempo, ajuntam-se com homens, escolhidos por elas, a seu prazer, para a geração; e se parem machos, mandam-nos para as casas deles; e se fêmeas, guardam-nas consigo para as exercitar na guerra".

Tais relatos contribuíam não só para um maior conhecimento deste império, como também para um prolongar de arreigados fascínios. O holandês Jan Huygen van Linschoten alude, de igual modo, entusiasticamente às montanhas do Monomotapa, onde existiriam jazidas de ouro, a que os portugueses dariam o nome de ouro de areia, uma vez que os seus grãos eram tão pequenos como os de areia, mas de famosa qualidade, como não haveria melhor no Oriente.
Os contactos com o Monomotapa, estabelecidos a partir de Moçambique, intensificavam-se de acordo com as crescentes relações comerciais. Mas a presença portuguesa não agradava aos árabes que, durante anos, tinham exercido o controlo e monopólio do comércio local. Em 1560 chegariam os primeiros missionários a esta região, entre eles, o padre Gonçalo da Silveira. O religioso da ordem jesuíta viria a converter o Monomotapa ao cristianismo, bem como a batizar muitos dos seus nobres e vassalos. Mas os arábes não iriam ceder a mais esta influência portuguesa. Estes aconselham o Monomotapa a matar o padre Gonçalo Silveira; com ele iriam encontrar a morte os cinqüenta cristãos que nesse dia tinham acabado de receber das suas mãos o batismo. Os jesuítas não iriam, contudo, deixar de enviar missionários para o Monomotapa e continuar a relatar sobre este tão requestado reino. Assim, o Império do Monomotapa seria conhecido, também na Alemanha, não só como um reino repleto de tradição e de ouro, mas ainda como um dos mais persistentes e intrincados campos de ação apostólica, na África.

 

Zimbábue: da Independência à herança da segregação

"Há 30 anos o Zimbábue era um paraíso, um país próspero, com futuro. Veja agora", explica uma descendente holandesa, Anne K. 




A antiga Rodésia do Sul - que Ian Smith tornou independente em 1965, criticada pelo mundo todo pela discriminação racial - é uma terra açoitada pela Aids (expectativa média de vida de 37 anos), pobre, devastada, com uma inflação anual que no ano passado chegou oficialmente a 4.500%, embora especialistas afirmem que ela já chegou a aproximadamente 15.000% e um índice de desemprego de 85%.

O país vive imerso na pior crise desde sua independência, em 1980, abalada pelo naufrágio da economia baseada na agricultura depois da desapropriação forçada das terras de centenas de agricultores brancos ordenada pelo governo em 2000. Na África do Sul há 50 mil agricultores brancos, no Zimbábue havia 4 mil.

O nome de Robert Mugabe - no poder desde 1987 - causa arrepios e muitos sul-africanos acreditam que sua insistência em continuar na presidência aos 83 anos acabará com o Zimbábue.

Em 26 de junho de 2007, Mugabe ordenou que os preços dos alimentos e serviços fossem reduzidos pela metade. Os que não cumpriram a exigência foram presos, desde diretores de empresas até vendedores de rua. Já são 7.600 à espera de julgamento. A medida levou ao fechamento das lojas, pois os comerciantes afirmam que não podem vender seus produtos por menos do que pagaram por eles.
 
 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário