domingo, 28 de julho de 2013

CARNAVAL EM NOVA ORLEANS – ESTADOS UNIDOS

CARNAVAL EM NOVA ORLEANS – ESTADOS UNIDOS



Quando o carnaval é tratado como festival pré-quaresmal, se estabelece um corte nas

festividades carnavalescas que acontecem por todo o mundo, concentrando-se em um

evento, que tem em comum o tempo em que se processa. O tempo do carnaval ou festival

pré-quaresmal é aquele que antecede a Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma.

Existem localidades que realizam festivais que têm ligações com o carnaval, mas

muitas delas acontecem fora do período que antecede a Quaresma, sendo o caso de áreas de

Quebec, Cape Breton e Nova Escócia, no Canadá. Diversos lugares celebram o carnaval, como

Goa, na Índia; e algumas áreas da África, como Guiné Bissau e Angola.

A tradição do carnaval é mais forte nos focos definidos como Novo Mundo, onde essa

celebração recebeu do velho mundo europeu o seu tempo de realização, de acordo com o

calendário cristão. Algumas cidades como

Laza, na Espanha; Pernik, na Bulgária; Elzach, na

Alemanha;

Veneza, na Itália – no continente europeu – e Oruro, na Bolívia; Tlaxcala, no

México; Ilhas do Caribe;

Nova Orleans e Cajun Country, em Louisiana – no continente

americano – celebram o carnaval no período que antecede a Quaresma, formando um

conjunto que reflete a história das Américas na reunião de diversos grupos étnicos e a

riqueza que daí resultou.

Como no carnaval brasileiro, no qual, cada região estabeleceu características próprias,

as festividades carnavalescas, mediante as predominâncias culturais, tomam a formatação de

cada universo local, estabelecendo a celebração da festa a partir das heranças culturais, da

música, da dança, de seus mitos e suas crenças.


As festividades pré-quaresmais estão associadas historicamente às populações

católicas francesa e espanhola que se instalaram nos séculos XVII e XVIII, mas foi somente em

meados do século XIX que o formato atual começou a surgir. Por esse tempo, a cidade de

Nova Orleans, começou a crescer para construir uma sociedade culturalmente diversa, feita

por franceses, espanhóis, crioulos, americanos nativos, africanos e povos afro-caribenhos.

Cada um desses grupos trouxe seu próprio estilo de roupa, apresentação, música e comidas

para a celebração do

Mardi Gras, criando um evento fascinante.

Baseado em modelos europeus, primitivas paradas foram fundadas pelas elites

inglesa e crioula da cidade, que formaram clubes de carnaval, com carros alegóricos e

mascarados com temas específicos. Em resposta à parada da população branca, a

comunidade negra de Nova Orleans, em Louisiana, também quis participar e grupos negros

da elite e da classe média fizeram suas próprias intervenções. Os negros da classe

trabalhadora de Nova Orleans formaram outro tipo de clube de carnaval, que também se

tornou uma tradição de força na celebração da cidade.

Em contraste com o carnaval urbano de Nova Orleans, o

Cajun, da área rural do

sudoeste, reflete as tradições francesas rurais trazidas por Acadianos da Nova Escócia, que

vieram para a Louisiana na última parte do século XVIII. A celebração possui antecedentes

medievais européias, com sinais das diversas culturas que chegaram juntas e se

desenvolveram nas pradarias da Louisiana. Pequenos grupos de foliões, a cavalo ou em

caminhões, vão de casa em casa, vestidos como palhaços, mulheres e demônios, usando

máscaras, geralmente feitas de telas de arame ou papel

machê. Em cada casa que visitam,

dançam e cantam, a pedido, canções em francês e fazem um grande show para seus

anfitriões.

Mesmo tendo, o estado da Louisiana, em seu registro o ano de 1699, como o início

das festividades carnavalescas. O glamour do carnaval de Nova Orleans tem sua origem em

1827, quando um grupo de estudantes retornando de Paris, saíram pelas ruas dançando

com trajes “estranhos”. Traziam na memória as celebrações que tinham vivenciado na

 
Europa. A primeira parada ou desfile de carnaval tem o ano de 1837, como marco da

celebração carnavalesca pré-quaresmal.

Na realidade, o carnaval de Nova Orleans é similar ao

Fasching da Alemanha, que

começa na décima segunda noite após o Natal e continua até a

Shrove, a Terça-feira gorda,

véspera da Quarta-feira de Cinzas. É uma série de diversas festividades, semelhante ao que

acontece em Salvador, na Bahia. A partir de 1872, o clímax da festa do festival carnavalesco

de Nova Orleans fica por conta da eleição do Rei do Carnaval, que recebe as chaves da

cidade.

Na região do sudoeste da Alemanha, fazendo fronteira com a França e a Suíça,

pequenas cidades católicas e pacíficas, ganham vida por uns dias, a cada inverno, por

celebrações de carnaval chamadas

Fasnacht ou Fasnet. A cidade de Elzach oferece um

exemplo claro da celebração.

A figura mascarada predominante é o

Schuttig, um personagem vermelho e cabeludo

que veste uma variedade grotesca de máscaras, humanas e de animais, esculpidas em

madeira, trazendo bexigas de animais. Bandas marciais com músicos com roupas coloridas e

várias figuras individuais aparecem enchendo as ruas da pequena cidade durante as paradas.

O festival termina na Terça-feira Gorda, com outra parada.

A celebração em

Elzach, acontece depois do pôr-do-sol, os mascarados em um

desfile, carrega tochas que depositam em uma fogueira em torno da qual dançam.

Representam dramas na rua principal, retratando questões locais recentes da política local. A

celebração do

Fasnacht, em muitas cidades, é uma tradição relativamente nova, datando dos

primeiros anos do século XX, quando o festival se tornou um evento popular como veículo de

interação das comunidades, os costumes do folclore histórico de cada região foram recriados

e introduzidos no festival pré-quaresmal. Fantasias individuais, feitas em casa, completam a

cena carnavalesca.


Na atualidade, na “estação” do carnaval de Nova Orleans, não só se elege um rei

como também toda uma corte, inclusive uma rainha. Mas, o forte do carnaval de Nova

Orleans continua a ser as mascaradas ao ritmo do

jazz.

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 o título de "História

Viva do Recife", pela contribuição literária ao resgatar aspectos do folclore pernambucano. Em 2006, Claudia

Lima completa 10 anos da sua primeira publicação com a revista “História do Carnaval”, e o livro paradidático

“Um sonho de folião”. As revistas do carnaval se seguiram até o ano de 2001. Em 1997, publicou também as

revistas “História Junina” e “História do Folclore”. Em 1999, lançou o livro “Tachos e Panelas: historiografia da

alimentação brasileira”, comparado as grandes obras de estudos alimentares e da comensalidade de Gilberto

Freyre e Luís da Câmara Cascudo. No ano de 2001, congregou as pesquisas sobre o carnaval no livro “Evoé:

história do carnaval - da mitologia ao trio elétrico”. No ano do décimo aniversário de sua primeira publicação,

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