Racismo e Xenofobia
“A criatividade
só pode ter origem na diferença...”
António Gedeão –
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Num exercício mental troque algumas
palavras...
"Lágrima de Preta"
por Lágrima de Cigana, Lágrima de Árabe,
Lágrima de Chinesa, Lágrima de ...
Lágrima de Chinesa, Lágrima de ...
Índice
Introdução
Este trabalho
surge no âmbito da disciplina de filosofia com o tema: “O racismo e xenofobia”.
Escolhi este tema, por ser intemporal e por, directa ou
indirectamente afectar toda a gente, mas não só. Tive também o intuito de dar a
conhecer as mais graves consequências destes preconceitos, onde e como se manifestam. Há muito para dizer
sobre esta temática, no entanto, tentei seleccionar o que me parece ser mais
importante!
Racismo
O racismo é a
tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à
noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde
existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características
físicas hereditárias, e determinados traços de carácter e inteligência ou
manifestações culturais, são superiores a outros.
O racismo não
é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré concebidas
onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres
humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua
matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi
utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados
povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da
humanidade.
Os racistas
definem uma raça como sendo um grupo de pessoas que têm a mesma ascendência.
Diferenciam as raças com base em características físicas como a cor de pele e o
aspecto do cabelo. Investigações recentes provam que a “raça” é um conceito inventado. A noção de “raça” não possui qualquer
fundamento biológico. A palavra “racismo” é igualmente usada para descrever um
comportamento abusivo ou agressivo para com os membros de uma “raça inferior”.
O racismo
reveste-se de várias formas nos diversos países, consoante a sua história,
cultura e outros factores sociais. Uma forma relativamente recente de racismo,
por vezes denominada “diferenciação étnica ou cultural”, defende que todas as
raças e culturas são iguais, mas não se deviam misturar, de maneira a conservar
a sua originalidade. Não há nenhuma prova científica da existência de raças
diferentes. A biologia só identificou uma raça: a raça humana.
A importância
que o homem dá à cor da pele do seu semelhante, é deveras preocupante. Na
realidade, em muitos casos a diferença da cor da pele é uma barreira muito mais
determinante para a comunicação entre as pessoas do que a própria diferença
linguística, isto pode ser considerado um fenómeno anti-natura, uma vez que não
vemos na natureza os animais minimamente preocupados com as diferenças de
pelagem ou penas.
A diferença de
cor entre as pessoas tem uma explicação científica para a qual o homem não
contribui minimamente: a maior ou menor concentração de melanina da pele, que
torna a pele da pessoa mais o menos escura.
"O
racismo começa quando a diferença, real ou imaginária, é usada para
justificar uma agressão. Uma agressão que assenta na incapacidade para
compreender o outro, para aceitar as diferenças e para se empenhar no
diálogo".
Mário Soares,
antigo presidente de Portugal
Xenofobia
Xenofobia quer
dizer aversão a outras raças
e culturas. Muitas vezes é característica de um nacionalismo excessivo. A
xenofobia é um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas ou
grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não
contactamos.
«A
criatividade só pode ter origem na diferença.»Yehudi
Menuhin, violinista e defensor dos Direitos do Homem
Discriminação
racial
Entende-se
por discriminação racial qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência
em função da raça, origem, cor ou etnia, que tenha por objectivo ou produza como
resultado a anulação ou restrição do reconhecimento, fruição ou exercício, em
condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos
económicos, sociais e culturais.
Uma das
formas de descriminação racial é:
>> A
intolerância - é a falta de respeito pelas práticas e convicções do outro.
Aparece quando alguém se recusa a deixar outras pessoas agirem de maneira
diferente e terem opiniões diferentes. A intolerância pode conduzir ao
tratamento injusto de certas pessoas em relação ás suas convicções religiosas,
sexualidade ou mesmo à sua maneira de vestir. Está na base do racismo,
do anti-semitismo, da xenofobia e da discriminação em geral. Frequentemente,
pode conduzir à violência. A intolerância não aceita.
Contudo,
existem formas de combate à discriminação racial.
O
racismo e a xenofobia na Europa
A Europa, tal
como os restantes continentes, vive sob o impacte da globalização, de uma maior
mobilidade internacional e do incremento dos fluxos migratórios. O aumento da
intolerância política, religiosa e étnica bem como o desencadear de vários
conflitos armados, dentro e fora do espaço europeu, provocaram a saída de
inúmeros contingentes populacionais das suas terras, refugiados nem sempre bem
acolhidos em ambientes que lhes são pouco familiares. Carências económicas, a
par de problemas sociais vividos pelos cidadãos de determinado
Estado, têm contribuído para o surgimento de tensões evidenciadas sob formas de
racismo "flagrante" e "subtil" contra determinados grupos, entre os quais
comunidades migrantes e minorias étnicas ou religiosas (por exemplo, os ciganos,
os judeus, os muçulmanos). Tais ressentimentos têm sido agravados pelo fomento
de doutrinas xenófobas por parte de partidos políticos, designadamente os de
extrema-direita, que não só deles se aproveitam para justificar períodos de
maior vulnerabilidade económico-social no seu próprio país, como ainda, através
dos nacionalismos exacerbados patentes nos seus discursos, adicionam às ideologias já enraizadas novas ondas
de intolerância. Embora tendo presentes os maus exemplos do passado (Holocausto,
apartheid, etc.), a verdade é que sentimentos desta natureza persistem na
Europa, em prejuízo de indivíduos ou colectivos segregados, independentemente do
seu nível económico e da partilha ou não dos valores, princípios e matrizes
fundamentais da sociedade de acolhimento. Em todo o caso, os níveis e expressões
de racismo variam muito de país para país, espelhando não só diferentes posturas
e modos de lidar com a presença de imigrantes, minorias étnica e estrangeiros,
como também políticas mais ou menos consistentes de combate à discriminação
(saliente-se a atenção depositada pela Holanda e Reino Unido a estas
questões).
«A Europa é uma sociedade multicultural e multinacional que se
enriquece com esta variedade. No entanto, a constante presença do racismo na
nossa sociedade não pode ser ignorada. O racismo toca toda a gente. Degrada as
nossas comunidades e gera insegurança e medo.»
Pádraig Flynn, Comissário Europeu
É
preciso...
A atitude
perante o "outro" depende em larga medida de uma sobreposição, por vezes
contraditória, de identidades, influências e lealdades, cuja interacção resulta
numa disposição particular para a cooperação transnacional. De forma a podermos
combater os impulsos conflituosos que derivam de todo este contexto, é preciso
encontrar o que Talcot Parsons chama de "core system of shared
meaning".
É preciso,
nacional e internacionalmente, promover um relacionamento institucional,
económico, político, social e inter-pessoal coerente.
Esta
coerência passa pelo reforço da interculturalidade. E esta assenta no
conhecimento do "outro", daí a sua importância fundamental no combate ao racismo
e à xenofobia, que assentam em preconceitos resultantes do desconhecimento ou conhecimento
deturpado.
A
interculturalidade é uma batalha a ganhar gradualmente e vários são os campos
onde podem ser levadas a cabo acções decisivas. A Educação é, sem dúvida, uma
das áreas onde numerosas vitórias podem ser conseguidas. Não é, na verdade, uma
tarefa fácil mas é certamente uma das vias a seguir dada a sua influência
estrutural na preparação dos cidadãos de amanhã.
F Criação de infra–estruturas de apoio às populações imigrantes e das minorias étnicas;F A criação de uma política concreta de inserção das minorias étnicas na sociedade portuguesa;F Concepção de um quadro jurídico – legal susceptível de punir eficazmente comportamentos racistas e xenófobos;F Consciencialização e responsabilização das autoridades e população portuguesa face à problemática da discriminação racial e xenófoba;F Estabelecimento de uma ação concertada, entre a diversas associações de direitos humanos, de imigrantes e anti – racistas;F Motivação e mobilização dos imigrantes e minorias étnicas no sentido de fazer valer os seus direitos;
Conclusão
Este trabalho
serviu para uma análise mais aprofundada de dois temas intemporais que, directa
ou indirectamente, nos afectam.
É de notar uma
maior abundância de informação sobre o racismo, talvez por ser um tema muito
mais badalado ao longo da história da humanidade.
Depois de ter
terminado, fiquei ciente que o racismo e a xenofobia dependem única e
exclusivamente da mente de cada um. Começou porque o permitimos, continua porque
assim o queremos e acabará quando todos nos mentalizarmos que este tipo de preconceito só degrada a relação com “o
outro”.
Por muitas
organizações que haja, a luta contra o racismo e a xenofobia é uma luta
interior.
Todos
diferentes
Todos
iguais
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