Fenômeno quilombola: a constituição
da identidade cultural negra
apresenta algumas definições do conceito de identidade obtida partir da
investigação sobre a origem dos quilombos como forma de rebeldias
coletivas, promovidas pelos negros, frente ao sistema escravista no Brasil e
após a abolição. No quilombo, o negro buscou reconstruir sua identidade,
contudo necessitou de unidade física, ou seja, o sentimento de possuir um
espaço seu, presente nesses refúgios, onde manteve suas raízes e procurou
preservar sua memória. A pesquisa tem por objetivo explicar a constituição
identitária dos negros moradores de comunidades rurais contemporâneas
estabelecida a partir da relação dos quilombolas com seu universo social.
Escravidão; Quilombos; Identidade Cultural; Exclusão Social.
A importância quantitativa, a extensão geográfica das fugas de
negros escravizados e a formação de quilombos tradicionais
(formados sob o escravismo) marcaram profundamente a história
política, social, econômica e demográfica do Brasil. Entretanto esta
questão só ganhou a atenção dos estudiosos nas décadas de 1960,
1970 e 1980 – depois de transcorridos cerca de cinquenta anos da
Abolição – assim mesmo de forma limitada e com raras análises
diacrônicas e sincrônicas sobre a importância dos quilombos na
história rural brasileira. Até então pouca importância foi dada à
povoação das áreas internas do Brasil, à fronteira agrícola, à
formação de comunidades caboclas de origem africana e à influência
dos padrões lingüísticos existentes no interior brasileiro. Nos anos
de 1980, a produção historiográfica sobre o escravismo ainda era
marcado pelas interpretações neo-paternalistas herdeira da
contundente tese sociológica
freyriana (1933), cuja essência
preconizava a relação simétrica entre a escravizados e
escravizadores, quase que negando a acirrada luta de classes
existente nos longos e duros anos de escravismo no Brasil. Graças
aos esforços interpretativos de autores como Benjamin Peret, Clovis
Moura, Alípio Goulart, Ciro Flamarion Cardoso, Emilia Viotti da
Costa, Florestan Fernandes, entre outros a violência foi reconhecida
como parte constitutiva de uma ordem econômica que controlava
os trabalhadores nas unidades produtivas e submetia povos inteiros
à escravidão, impondo-lhes a produção intensiva e níveis aviltantes
de subsistência. Mas a importância destes autores não dispensa as
contribuições de historiadores como Robert Slenes, Stuart Schwartz,
Manolo Florentino, Eduardo Silva, João José Reis, João Luis Fragoso
que fizeram avançar os estudos sobre laços familiares como refúgio
de permanência dos ideais de liberdade e etnicidade, das estratégias
negociações e de resistência ao sistema condenado por todos aqueles
que se debruçam sobre o tema.
O avanço do conhecimento histórico sobre os quilombos e o
desencadeamento do processo de organização das comunidades
negras ensejaram que, quando da Constituinte de 1988, fosse
aprovado o dispositivo constitucional provisório – artigo 68 –
determinando o reconhecimento da propriedade da terra ocupada
pelos “remanescentes das comunidades dos quilombos”. A
necessidade de mapear e comprovar a existência de tais comunidades
e, a seguir, a proposta de ampliar o leque de contemplados pela
referida determinação ensejaram o recrudescimento do interesse pelos
quilombos e o debate sobre a sua essência.
No Brasil a luta pelo reconhecimento pela propriedade da terra
tem levado inúmeras comunidades negras rurais habilitar-se ao
dispositivo da lei. Aglutinados em condição de vida rural, sobretudo
em terras sem titulação reconhecida pelo Estado, muitos afrodescendentes
viveram sem visibilidade social até as três primeiras
décadas do século XX. O princípio estratégico da Marcha para Oeste,
adotado pelo governo Vargas, determinou valorização da
propriedade fundiária e o avanço da fronteira agrícola nos moldes
capitalista perturbou a
aparente paz vivida pelas comunidades
tradicionais que passaram a se deparara com sérios problemas
oriundos das novas orientações sobre a política de terra. Isto significa
que as comunidades negras rurais passaram quase despercebidas
até o momento em que suas terras, ou terras ocupadas por tais
comunidades ganharam valor. Como a questão agrária ainda não
foi tratada com a devida seriedade, as comunidades encontraram
na Constituição de 1988, um viés capaz de levá-las à legalização das
terras com a auto-identificação de “remanescentes de quilombo”.
Nesse sentido, as comunidades de remanescentes de
quilombos no Brasil tendem a enfrentar uma dura concorrência
no campo, em que seus aspectos estruturais são precários frente
à modernização das grandes propriedades. Já nas décadas de 1940
e 1950, alguns fatores determinaram o desaparecimento destas
comunidades negras rurais formadas no período que antecedeu
a Abolição: o desenvolvimento demográfico; a presença do
capitalismo; e a elevação dos preços da terra provocaram o
enfraquecimento das pequenas propriedades, conseqüentemente,
a crise estrutural dessas comunidades, determinando o
deslocamento de populações a procura de novas terras
(MAESTRI, 1984; 9-19).
A existência de comunidades negras rurais apresenta novos
enfoques aos estudos das ciências sociais, não apenas pelo seu
percurso sócio-histórico, a produção cultural e o seu cotidiano em
si apresentaram novos enfoques e novas definições, assim,
superando conceitos ligados ao passado escravista. Os bens
culturais ganharam importância para o pesquisador, tanto a cultura
material, que ora sempre teve destaque, como a cultura imaterial,
que fora incorporada aos estudos como elemento primordial na
caracterização dessa relação social de um grupo, como a
identificação cultural. Conforme José D’Assunção Barros, a noção
de “cultura” que a perpassava era uma noção demasiado restrita,
a reflexão antropológica traz novos horizontes. Portanto,
acrescenta-se também o processo comunicativo na definição de
Cultura, e não como a totalidade dos bens culturais produzidos
pelo homem. Ou seja, a linguagem, as representações e as práticas
culturais, em relação uns com os outros e em relação com o mundo,
constitui um novo universo a noção de cultura.
Os estudos realizados sobre comunidades quilombolas despertaram
o interesse no sentido de também contribuir para o trabalho de
localização, catalogação, registro e divulgação dos dados, promovendo,
nesse sentido, o fortalecimento da cruzada destinada à investigação,
ao debate, às atividades, às iniciativas e à socialização dos
conhecimentos científicos sobre o negro, em condição de vida rural,
sobretudo a existência desse
fenômeno dos novos quilombos no país.
A partir de novas definições, uma comunidade rural e, a seguir,
urbana, como
“quilombola”, não é reconhecida através de sua
origem em um quilombo, na pré-Abolição, mas da pressuposição
quilombola de grupo social de ancestralidade africana. A
legalização das terras dos chamados
remanescentes de quilombos
brasileiros passa hoje pelas discussões em torno da questão da
identidade e da territorialidade. Portanto não se aplica o conceito
histórico de quilombo para análise dessas comunidades. Assim,
utilizar a definição de
comunidade negra rural seria mais próximo
da realidade encontrada atualmente. Após a Abolição, essas
comunidades “deram origem a um campesinato negro que tendeu
a se fechar sobre si, como já o haviam feito os
caboclos descendentes
de nativos” (MAESTRI, 1984; 9-19).
A presença das comunidade quilombolas contemporâneas na esfera
social não garante uma inserção harmoniosa, principalmente pela
caracterização identitária e por não acompanhar as mudanças ocorridas
na estrutura social, econômica e política, que os isolam, aparentemente,
do convívio com os moradores da cidade onde se localizam.
O problema que estas comunidades contemporâneas enfrentam
com as mudanças estruturais e institucionais se constitui no
isolamento cultural, isto é, a interação do indivíduo com a sociedade
pressupõe sua identidade, ou seja, “o sujeito ainda tem um núcleo ou
essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado
num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as
identidades que esses mundos oferecem” (HALL, 2005; 11).
Entretanto, é essa concepção que encontra-se em mudança, pois
tradicional e sociologicamente a identidade ligava o sujeito à estrutura,
aos mundos culturais, tornando-os unificados, atualmente esse
contexto fragmentou-se. Nas sociedades contemporâneas, o sujeito
compõe várias identidades, isto é, temporariamente utiliza-se de
várias identidades, segundo Hall, “a identidade plenamente
unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia” (HALL,
2005;13). Os sistemas e representações estão se multiplicando, com
isso adequar-se a múltiplas identidades, temporariamente, tornouse
possível e inevitável.
As possíveis discussões sobre Identidade e a preocupação em
conceituá-las apresentam-se neste trabalho através da análise sobre
a relação que as comunidades negras rurais possuem com seu
território, constituindo assim laços identitários. A procura em se
discutir identidade tornou-se evidente com a expansão do fenômeno
da globalização, do multiculturalismo e da discussão moderno/pósmoderno.
Os estudos de identidade remetem muitos autores a
utilizarem dois caminhos: a perspectiva da identidade pessoal, “uma
reflexidade da modernidade que se entende ao núcleo do eu” e a
discussão sobre uma identidade coletiva, “ligada a sistemas culturais
específicos, como as identidades regionais e nacionais” (ROSA, 2007;)
Contudo, estas duas perspectivas estão interligadas, conforme
Rosa “não há como vivenciar uma identidade cultural específica se
esta não for incorporada à identidade pessoal de cada agente social”.
(ROSA, 2007; 3). No texto a discussão de identidade alicerçará a
compreensão do sentimento de pertencimento dos
quilombolas ao
seu território e a interação ao seu universo social, por isso a
necessidade em problematizar as concepções teóricas sobre
identidades culturais na contemporaneidade.
Relacionar igualdade e diferença constitui uma visão dialética. Não
podemos falar em igualdade sem incluir as questões relativas à
diferença, nem sequer abordar identidade distante da afirmação da
igualdade. A questão colocada hoje supõe perguntarmo-nos e
discutirmos que universalidade é essa, mas, ao mesmo tempo, não
cairmos num relativismo absoluto, reduzindo a questão dos
conhecimentos e valores veiculados a um determinado universo
cultural, o que nos levaria inclusive a negar a própria possibilidade de
construirmos algo juntos, negociado entre os diferentes, e à guetificação.
Já Oliveira (2007) propõe algumas questões teóricas que cabe utilizar
problematizando as tensões de igualdade e diferença, sugerindo um
diálogo, ou seja, um exercício dialógico: “a superação do debate sobre
universalismo e relativismo cultural, pois todas as culturas são relativas
e todas aspiram valores universais, porém, relativismo e universalismo,
são filosoficamente incorretos por não permitem diálogos interculturais
sobre questões isomórficas.” (2007; 15). Segundo o autor todas as
culturas possuem concepções diferentes de dignidade humana, mas
são poucas que a concebem em termos de direitos humanos.
Através desta investigação sobre a construção identitária de uma
comunidade quilombola, não se pode buscar uma comparação
análoga com os quilombos do passado, em busca de rastros perdidos.
A garantia dessa ligação com o passado evidencia-se conforme a
comunidade utiliza a memória para preservar esse passado apagado,
sua identidade fragmentada. A procura por raízes africanas pode
ser encontrada nos quilombos contemporâneos, como a base
religiosa, linguagens, cor da pele, etc. ligados a africanidade,
contudo, não se pode garantir a constituição identitária deste grupo.
Durante o período escravista, o comprador desejava um escravo
moldado, que estivesse pronto a ser utilizado na labuta: fiel a seu
senhor. Nesse sentido o negro africano era visto com uma “coisa”,
um objeto, uma mercadoria, tornado-se pertencente a um grupo de
cativos sem forças para resistir a essa imposição cultural. Com isso
causou uma dificuldade do negro africano de se identificar, de possuir
uma memória individual ou propriamente coletiva, distante do
sentimento da identidade social, ou seja, uma imagem “que um
indivíduo adquire ao longo da vida referente a ele próprio, que ele
constrói e apresenta aos outros e a si próprio” (POLLAK, 1992; 206).
Portanto, sendo totalmente transformada ao entrar em conflito com
as formas que o senhor de escravo estabeleceu. D’Adesky afirma que
“é preciso que a identidade seja reconhecida, de forma autônoma,
pelos outros, existindo por si mesma, constituindo o indivíduo livre,
consciente de sua individualidade, de sua liberdade, de sua história
e, por último, de sua historicidade” (d’ADESKY, 2001; 75). A interação
com o “outro” não foi construtiva, o negro africano e sua carga
histórico-social é ignorada e, portanto fragmentada,
despersonalizando e sujeitando este indivíduo ao domínio do “outro”.
A reconstrução dessa identidade necessitaria de unidade física,
ou seja, o sentimento de possuir fronteiras físicas, o negro africano
a princípio encontrou essa segurança nos momentos coletivos na
senzala, posteriormente essa identidade esteve presente nos refúgios
quilombolas, onde puderam manter suas raízes e preservar sua
memória. Entende-se que essa reconstrução psicológica deu-se
quando o cativo encontrou em suas fronteiras o sentido de
pertencimento ao grupo, coletivamente, com isso, há o “sentimento
de coerência, ou seja, de que os diferentes elementos que formam
um indivíduo são efetivamente unificados” (POLLAK, 1992; 206).
Porém cabe ressaltar que, através da relação que o indivíduo mantém
com os sistemas culturais e por assumir diferentes identidades
momentaneamente não há uma identidade unificada.
É importante observar que o sentido de pertencimento que o
indivíduo busca encontrar é negociável e revogável. Bauman,
conceituando identidade e crise de identidade aponta que
pertencimento e identidade não são para vida toda e “que as decisões
que o próprio indivíduo toma são fatores cruciais tanto para o
‘pertencimento’ quanto para a ‘identidade’” (BAUMAN, 2005; 17).
Portanto o sentimento de pertencimento não constrói uma
identidade, enquanto este for o destino. O indivíduo conquista
aspectos identitários conforme escolhas e relacionamentos sociais
temporários, pois a construção da identidade é permanente.
A existência dos territórios quilombolas, atualmente, e muitas vezes
defendidos pela própria historiografia e por movimentos sociais, é
compreendida como forma de preservar e designar o pertencimento
étnico dos grupos que são caracterizados como de exclusividade
negra, originários da escravidão, da resistência e que praticam o
isolamento defensivo, contudo não devem ser vistos como isolados
sociais ou culturais. Conforme Schmitt, são considerados
remanescentes de comunidades de quilombos os grupos que
formaram-se a partir de uma grande diversidade de processos, através
de fugas, ocupando terras livres e geralmente isoladas, através de
heranças, doações, recebimento de terras como pagamento de serviços
prestados ao Estado, etc. (SCHMITT, 2002; 3).
No quilombo, como nas senzalas, existiam escravos de diferentes
regiões da África, que possuíam culturas, idiomas, e crenças religiosas
distintas, motivo que dificultava a constituição de uma identidade
étnica, muitas dessas culturas se perderam ao se homogeneizar com
outras. Atualmente, essas distinções culturais são evidenciadas nos
ritmos
afros no Brasil e no próprio sincretismo religioso, sendo um dos
mecanismos para a sobrevivência da identidade africana no país, e no
período escravista, como forma de refugiar-se da repressão. Conforme
Brazil: “o afro-brasileiro encontrou no sofrimento, na indignação e na
angústia a inspiração necessária para manter sua subjetividade. As
práticas culturais afro-brasileiras, mescladas aos materiais europeus e
indígenas, representam fragmentos da consciência rebelde construídos
na luta contra a aviltante condição servil”. (BRAZIL, 2002;128).
A procura incessante pela identificação e pela incorporação da
memória, esta impregnada por raízes africanas, não condiz
necessariamente como instrumento de preservação das
comunidades remanescentes de quilombos. Movimentos sociais,
instituições envolvidas com causas anti-racistas e políticas públicas
de afirmação possuem uma visão colonial da estrutura sócio-cultural
destas comunidades. Assim como a própria identidade cultural
fragmentou-se, num movimento permanente de construção
identitária, nas comunidades não se utilizam ritos e mitos africanos
como práticas culturais no seu cotidiano. A influência “
de fora”
proporcionou a permanência destes moradores, em comunidade, e
garantiu o protagonismo e a própria sobrevivência. A procura por
religiões, artefatos, costumes puramente africanos é mera ilusão.
Após a abolição, os quilombolas ainda estão próximos a terra, porém
o único laço que lhe permitem viver. Atualmente os quilombos são
considerados territórios de resistência cultural e deles são remanescentes
os grupos étnicos raciais que assim se identificam. É determinado como
comunidades negras de quilombos conforme “os costumes, as tradições
e as condições sociais, culturais e econômicas específicas que os
distinguem de outros setores da coletividade nacional”.
Portanto os negros negam-se a conviver no mesmo espaço com
aqueles que outrora foram seus algozes. Na verdade, o isolamento
deveu-se a própria procura em se afirmar sócio-culturalmente,
porém, não um isolamento pragmático, mas impulsionado pela
vontade oposta em não integrá-los à sociedade. Muitos
permaneceram em seus territórios até os dias atuais. Outros se
formaram após a abolição em decorrência da miséria em que viviam
na urbanidade das cidades e da difícil concorrência com os
imigrantes nas fazendas. Houve também escravos que compraram
extensões de terras para morarem e cultivarem. Esse isolamento
relativo, segundo Maestri, “seria resultado da experiência de
dominação e exploração a que foram submetidos escravos, índios e
seus descendentes” (1984, p. 9-19).
A partir de novas definições, uma comunidade rural e, a seguir,
urbana, como
“quilombola”, não é reconhecida através de sua origem
em um quilombo, na pré-Abolição, mas da pressuposição quilombola
de grupo social de ancestralidade africana. A legalização das terras
dos chamados
remanescentes de quilombos brasileiros passa hoje pelas
discussões em torno da questão da identidade e da territorialidade.
Portanto não se aplica o conceito histórico de quilombo para análise
dessas comunidades. Assim, utilizar a definição de
comunidade negra
rural
seria mais próxima da realidade encontrada atualmente. Após a
Abolição, essas comunidades “deram origem a um campesinato negro
que tendeu a se fechar sobre si, como já o haviam feito os
caboclos
descendentes de nativos” (MAESTRI, 1984; 9-19).
A relação memória e identidade justificam a permanência destes
moradores nas comunidades, preservando seus aspectos estruturais
e sociais. Portanto, é a partir dessas reflexões que pode ser possível
explicar parte da articulação social estabelecida entre os quilombolas
e os demais segmentos que compõe seu universo social. Qual a
imagem que estes moradores têm sobre os quilombolas? E qual
imagem os quilombolas têm em relação a si e aos outros, fora da
comunidade. Esse comparativo pode apontar dados referenciais
capazes de explicar o processo de construção da identidade da
comunidade, sobretudo no que diz respeito aos “critérios de
aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade” (POLLAK,
1992; 204). Esse confronto entre o “eu” e “outro” possibilita a
valorização da memória e a afirmação de uma identidade, mesmo
que apresente confrontos num espaço em que a “memória e a
identidade são valores disputados” e garantindo o protagonismo
desses moradores (POLLAK, 1992; 204).
O texto buscou destacar a fundamental importância de novas
concepções sobre os quilombos de modo a contribuir para o estudo
do passado escravista do Brasil e suas consequências no presente.
Através da exposição sobre as formas de resistência, ainda
impregnadas pelas interpretações do período colonial, a resistência
muda de propósito, passa a objetivar a preservação das tradições
culturais e a procura por significações da identidade quilombola,
esta propositada pelo multiculturalismo em tempos de globalização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário