EVOÉ NOS 100 ANOS DE NASCIMENTO DE NELSON FERREIRA
Nasce em 09 de dezembro de 1902, Nelson Heráclito Alves Ferreira, na cidade de
Bonito, no interior de Pernambuco, filho de Luiz Alves Ferreira e Josefa Flora Torres Ferreira.
Portanto, em dezembro de 2002, comemora-se o centenário do seu nascimento. Os foliões e
carnavalescos pernambucanos esperam que as autoridades responsáveis pela cultura do nosso
Estado, encontrem-se, desde já, motivadas para as justas homenagens ao nosso Mestre do Frevo.
Nelson não foi apenas um compositor de sucesso, foi um observador das mudanças e
transformações. Novos costumes e hábitos começaram a fazer parte do cotidiano da cidade do
Recife: os lampiões de gás dando lugar a luz elétrica; o cinema mudo passando a ser falado; os
carros e cabriolés cedendo lugar aos automóveis.
No ano de 1916, o Recife conheceu Nelson Ferreira através da valsa intitulada
Vitória
. Em 1920, lança suas composições como a famosa valsa Miluzinha. Nelson Ferreira
começou a ser procurado pelos poetas da cidade para musicar seus versos.
Aurora Salgueiro Ramos foi seu grande amor. Em 1925, casaram-se na Matriz de
Santo Antônio e passaram a residir na Rua da Concórdia, 390, onde se tornou professor de
música, solfejo e piano e onde nasceu seu primeiro e único filho, Luiz Carlos.
Após a Primeira Guerra, Nelson Ferreira aperfeiçoou sua orquestra, sendo o primeiro
conjunto de
jazz a usar o bass-tuba.
O “Mago do Frevo” fez da marcha
Vassourinhas o motivo musical de sua orquestra
de frevo e a tornou uma espécie de hino do carnaval pernambucano. Sua marchinha
Borboleta
não é ave
foi dedicada ao Bloco Concórdia, com letra do seu cunhado Júlio Borges Diniz. Entre
1923 e 1924, nasceram as marchinhas
Cavalo do cão não é aeroplano e Bota a saia no joelho.
Em 1928, em concurso, ganha com a marcha
Não puxa Maroca. Para o carnaval de 1930, lançou
a marcha
Dedé, com versos de sua autoria. No carnaval de 1931, Nelson Ferreira estava lá com
sua orquestra e a marcha
A canoa virou... e mais as marchas Vamos se acabá, Lalá e Maroca só
qué seu Freitas
. Em 1932, lançou Evohé.
Em 1933, lançou as marchas
Que é que há?, Turma quente e O dia vem raiando.
Nesse mesmo ano, lançou os frevos
Cuidado com a loiça e Arreliada. Seu frevo Óia a virada
ganha o primeiro lugar em concurso.
Em 1934, em mais outro concurso ganhou com a marcha
Dobradiça e em 1935, no
mesmo concurso recebe o primeiro lugar com a marcha
Tô te oiando. Em 1936, lançou o frevocanção
Pare, olhe, escute... e goste.
Nesse mesmo ano, através de pseudônimos, ganhou o
primeiro e o segundo lugares do mesmo concurso, com as marchas
Palhaço e No passo. Em 1937 e 1940,
Nelson lançou
Arlequim, Que fim você levou?, Juro, Chora Palhaço e Boca de forno.
No ano de 1941, em parceria com Sebastião Lopes, compôs
O passo do caroá. Com
esse mesmo parceiro, compôs marchas-propagandas como
Canção do Guaraná, Fortunato no
Frevo, A dança do Carrapicho, Qué matá papai, oião?, Criado com vó,
entre outras.
Em 1946, em parceria com Nestor de Holanda, musicou e editou
O Frevo é assim; em
seguida, musicou
A palavra é Frevo, Um instante maestro e a marcha Cabelos Brancos.
Em 1950, nasceu o frevo-de-bloco
Evocação, que, somente depois do sucesso
causado em todo o Brasil, passou a se chamar de
Evocação nº 1. O Brasil inteiro cantava o
Recife. Estimulado pelo sucesso, compôs
Evocação nº 2, enaltecendo Chiquinha Gonzaga, Noel,
Sinhô e Chico Alves.
Em 1960, compôs
Evocação nº 3; dedicada à figura do jornalista Mário Mello. A
Evocação nº 4
foi uma homenagem ao escultor de bonecos de barro, Vitalino e Dona Santa.
Evocação nº 5
, homenageou Ascenso Ferreira. Na Evocação nº 6, teve a parceria de Aldemar
Paiva na mensagem sonora a Manoel Bandeira. Em 1972, lançou
Evocação nº 7 num resgate às
ruas de sua infância, que desapareceram do Bairro de São José.
Nelson Ferreira inovou, nos clubes do Recife, o hábito de descer com sua orquestra
para o salão, no último dia de carnaval e, em seguida, arrastar o povo para a rua, ao som do
contagiante
Vassourinhas. E, com os acordes de Mesfistófeles, encerrava mais um carnaval.
Durante sua vida artística, recebeu, merecidamente, diversas homenagens por sua
contribuição à música popular brasileira, tendo ocupado a cadeira nº 16, da Academia Brasileira de
Música Popular, da qual foi fundador. Mas, foi no “frevo” que se fez mais amado.
Nelson Ferreira foi um músico polivalente, de talento eclético, exímio orquestrador e
excepcional regente. Compôs, sempre, com a sensibilidade do admirador das coisas da sua terra e
da sua gente.
O
Genial Mago da Música renasce, a cada carnaval, através dos seus frevos. Partiu no
dia 21 de dezembro de 1976. Nesse
dia, o “Recife adormecia, ficava a sonhar, ao som da triste
melodia (do adeus)”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário