VIVA CAPIBA!
Lourenço da Fonseca Barbosa, o nosso Capiba, nasceu em Surubim, Pernambuco, no dia
28 de outubro de 1904, e nos deixou em 31 de dezembro de 1997. Aos oito anos, Capiba já lia música, era
íntimo dos instrumentos de sopro. Filho de músicos, aprendeu a tocar antes de ser alfabetizado. A
trompa foi o primeiro instrumento de sopro a que ele teve acesso. Dos onze filhos do professor
Atanásio, que se criaram, oito homens e três mulheres, todos tocavam pelo menos um
instrumento. Todos tinham vocação para música.
A Rua Barão de Itamaracá, no bairro recifense do Espinheiro, onde Capiba morou por
mais de trinta anos, desde seu casamento com Dona Zezita, não será mais a mesma sem o som
do seu piano. Jovial, bem-humorado, otimista, modesto e, sobretudo, um músico de primeira
grandeza, com sua enorme sensibilidade de perceber as pequenas dádivas da vida e sorvê-las,
prazerosamente, transformando-as em canções. Assim era Capiba.
Com certeza, o nosso velho e querido Capiba encontrar-se-á presente naqueles que o
amaram e o fizeram seu mestre. O seu maior intérprete não o deixará esquecido das novas
gerações, principalmente, durante o carnaval. Conclamamos Claudionor Germano, escolhido
pelo próprio Capiba, como mensageiro da sua alegria, para que receba a missão de transformar
esse sentimento de saudade em notas musicais e faça delas registros de perpetuação de suas
canções na memória do povo pernambucano. Contamos, também, com Expedito Baracho para manter
e enaltecer o grande amor pelo carnaval que ardia no coração de Capiba.
Seresteiro e romântico, o nosso Capiba chegou aos 93 anos de bem com a vida. Pintor
nas horas vagas, com dois livros publicados, aposentado pelo Banco do Brasil, o maior
representante da música pernambucana nos legou culturalmente um acervo singular, em que o
folclorista, o historiador, o cronista e o compositor popular deixou-nos, como herança, suas
composições em forma de valsas, tangos, polcas, guarânias, foxtrotes, serenatas, sambascanções,
toadas, baiões, maxixes, modinhas, choros, missas, lundus, dobrados, música para
teatro e para cinema, maracatus, cocos, cirandas, marchas pernambucanas, cantigas, música
armorial e, sobretudo, frevos.
Pouca gente sabe que Capiba fundou a Casa do Estudante de Pernambuco,
pensando em ajudar jovens em dificuldades que vinham estudar no Recife. E foi na condição
de estudante que ele criou e liderou a Jazz Band Acadêmica, levando a música pernambucana às
mais diferentes platéias do Norte e do Sul do Brasil.
Capiba foi testemunha, no decorrer de quase cem anos, das transformações
socioculturais do povo pernambucano, tornando-se um marco na história da cultura do Brasil e
um símbolo do nosso carnaval.
Capiba bem disse na letra do seu frevo-canção:
Os melhores dias de minha vida. “...Eu
fiquei chorando, quando foste embora. Quem sente saudade é quem chora...”.
A saudade ficará como um disparador de
emoções, pois Capiba vive nos corações dos
verdadeiros foliões.
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