OS SANTOS DE JUNHO
Não são poucos os Santos venerados durante o mês de junho. Rende-se culto a Santo
Ovídio, Santa Clotilde, São Norberto, Santa Cândida, Santo Edmundo, Santa Margarida, São
Barnabé, Santa Flora, Santo Agostinho, Santa Marina, São Protásio, Santa Juliana, São Luiz
Gonzaga, São Guilherme e Santa Lúcia.
Mas, entre todos esses santos, cujos nomes figuram no calendário litúrgico do mês de
junho, destaca-se quatro, pelo prestígio que desfrutam entre os devidos brasileiros e, cuja
veneração constitui uma bela tradição da nossa gente. São eles: Santo Antônio, São João
Batista, São Pedro e São Paulo, venerados, respectivamente, nos dias 13,24 e 29 de junho.
Convém salientar a enorme injustiça, feita pelos católicos, a São Paulo, companheiro de São
Pedro nas festividades do dia 29, quando ninguém se lembra dele. A fé religiosa, que move até
montanhas, faz até com que os devotos dos santos passem descalços sobre as brasas das
fogueiras.
SÃO JOSÉ
O Ciclo Junino está ligado à colheita do milho que é plantado no dia 19 de março, dia de
São José. Mesmo não fazendo parte dos santos comemorados no mes de junho, São José pode
ser considerado um anfitrião dos festejos juninos, com o plantio do milho, os ensaios das
quadrilhas e dos casamentos matutos, é aberto em março os movimentos e organizações para
as festas juninas.
O fato marcante da vida desse homem justo foi seu mistério ao lado de Maria e seu
filho Jesus, sua fé e obediência, o binômio dos que pretendem ser cristãos.
Em torno de São José, pairam lendas e estórias, valendo salientar, que segundo a
tradição popular, a jovem Maria tinha muitos pretendentes e que os mesmos haviam deixado
seus bastões em busca de um sinal, que a todos surpreendeu, pois, prodigiosamente, o de
José, floresceu, dando lugar ao que se conhece nos jardins como cajado de São José.
Tornou-se padroeiro da Igreja Universal, a partir de 8 dezembro de 1870. Sendo
padroeiro de 161 paróquias do Brasil, dando nome a 12 municípios, ganhando para São Pedro
que registra 58 paróquias.
Responsabilizado pela benção do plantio do milho, São José aparece como a primeira
presença religiosa do Ciclo Junino. É protetor dos lares e da agricultura na cultura popular,
pois, se chove no dia de São José, o inverno é certo.
Para o evangelho apócrifo de São José, era viúvo e pai de seis filhos, quando casou com
Maria que tinha apenas 12 anos de idade, viveu 112 anos e morreu nos braços de Maria e
Jesus.
SANTO ANTÔNIO
Santo Antônio, chamado Fernando, nasceu em Lisboa, Portugal em 15 de agosto de
1195, em uma família rica. Ainda moço, faleceu em Pádua, na Itália, em 1231, não mais como
Cônego da Ordem de Santo Agostinho, mas na qualidade de professo da Ordem de São
Francisco. Aos 15 anos entrou para o Convento de Santa Cruz de Coimbra. Foi admitido na
ordem dos irmãos Menores de São Francisco, onde ordenou-se sacerdote. Logo depois partiu
para missões contra os infiéis, no Marrocos. Lecionou teologia nas universidades italianas de
Bolonha e Pádua e nas universidades francesas de Toulouse, Mont-Pellier e Puen-en-Velay,
adquirindo reputação de orador sacro.
Descoberto o seu dom de orador, passou a pregar a palavra de Deus. Ficaram célebres
os sermões pregados em Forli, Provença, Languedoc e Paris. Dentro da Ordem Franciscana,
liderou um grupo que se insurgiu contra os abrandamentos introduzidos na regra pelo
superior. Entre seus escritos, figura uma coleção de sermões para domingos e dias
santificados.
Foi canonizado pelo papa Gregório IX em 30 de maio de 1232. É o patrono de Portugal
e de Pádua. É atribuída a ele a frase “Cessem as palavras, falem as obras”.
Os portugueses trouxeram para o Brasil, a devoção de Santo Antônio. A devoção a
Santo Antônio de Lisboa, foi introduzida em Pernambuco, em 1550, quando foi erguida uma
capela em louvor ao santo lisboeta, que deu origem ao primeiro convento carmelita no Brasil:
Convento de Santo Antônio do Carmo, em Olinda. É o santo dos nichos e barraquinhas, e,
também, o oráculo das povoações, soldados, o santo familiar, o desvendador de pedidos e
protetor de casamento.
O sincretismo das religiões populares levou aos candomblés, confundindo-se na Bahia
com Ogum, orixá guerreiro dos negros e em Pernambuco com o orixá Oxossé (Odé), também
guerreiro e batalhador.
Festejado no dia 13 de junho, foi esse dia, por muito tempo, feriado no Brasil, por ser
data de preceito em toda a América, por determinação da bula de 1722, do Papa Inocêncio
XVIII. Protetor dos louceiros em Portugal, aparece entre nós, como o protetor dos taverneiros,
dos varejistas em geral.
Antigamente era rara a casa comercial que não exibia num nicho rústicos, no alto das
prateleiras, fronteiro à entrada, a figura ou vulto de Santo Antônio, iluminado pela melancólica
vela de sebo ou pela lamparina de azeite.
Os devotos de Santo Antônio não queriam uma imagem grande do Santo, mas uma
pequenina, portátil, que pudesse facilmente ser manejada nos estranhos caprichos de uma fé
que, por vezes, se torna excessivamente severa e impiedosa:
“
Não quero Santo Antônio grande
Dentro dos meus oratórios.
Eu quero é um pequenino
Que ouve os meus peditórios
No sertão rezava-se assim:
“
Padre Nosso pequenino!
Me guiai no bom caminho,
Santo Antônio é meu padrinho,
Nossa Senhora é a minha madrinha.
Sete livros a rezar,
Sete anjos a cantar,
Quer de dia quer de noite,
Enquanto eu não me deita
Nas trezenas que dedicavam a Santo Antônio, cantavam vários hinos com ingênuos
versos e ingênuas melodias.
O papel de Santo Antônio como heróico defensor da integridade do solo brasileiro, foi
confirmado na Bahia onde o Padre Antônio Vieira, do púlpito da Igreja da Vitória, exaltando o
triunfo sobre os holandeses, incita os fiéis a venerar com reconhecimento o afável Santo
português. Em Goiás, Ouro Preto, por todo o Brasil, enfim. Em 07 de abril de 1707, foi
nomeado capitão na Bahia. Em 19 de setembro de 1810, foi promovido a major, etc. E, só
depois da queda do Império, a República retirou o soldo a Santo Antônio, aliás, de maneira
muito habilidosa; exigindo o comparecimento do beneficiado ou do seu procurador bastante
para o devido recebimento.
No Brasil, foram duas imagens de Santo Antônio muito veneradas: a de Santo Antônio
de Argüim e a de Santo Antônio da Mouraria.
Santo Antônio de Pádua tinha como função ser “achador de coisas perdidas”. Recitandose
a Salve Rainha até a palavra “mostrai”, para que o objeto apareça. Aplica-se outro recurso
que Santo Antônio se “explique” com os milagres, colocando-o de cabeça para baixo.
Nos primeiros treze dias de junho, realiza-se as trezenas, rezadas com fé, para a
imploração dos milagres ou fervorosos agradecimentos. A esta devoção as cerimônias se
prolongam por entre cânticos, foguetório, comes e bebes.
Para casar:
“
Santo Antônio me case, já,
Enquanto sou moça e viva,
Porque milho plantado tarde
Não dá palha, nem espiga!”
Depois de casada:
“Santo Antônio pequenino
Amansador de burro bravo,
Vem amansar a minha sogra
Que é levada do diabo”.
Santo Antônio, muito sofreu, exposto ao mau gênio e aos capricho nervosos das
meninas suspirosas , as quais, ele, porventura, não atendia nas suas solicitações. Assim,
justificada nessa quadra que define a crendice e os castigos:
“Minha avó tem lá em casa
Um Santo Antônio velhinho.
Em os moços não me querendo,
Dou pancadas no santinho”.
Outro método aplicado para assegurar o sucesso do pedido de casamento, era descer
ao fundo do poço e com a cabeça invertida, a imagem de Santo Antônio, devendo este aí
permanecer, nessa incômoda posição, até que o milagre se produza e o eleito apareça:
“Meu Santo Antônio querido,
Meu santo de carne e osso,
Se tu não me dás marido,
Não tiro você do poço”.
Quando uma moça desejava sonhar com o noivo, colocava três rosas vermelhas
debaixo do travesseiro, na véspera de Santo Antônio:
“Meu Santo Antônio querido,
Eu vos peço, por quem sois:
Dai-me o primeiro marido,
Que o outro, arranjo eu depois...”
Se o noivado não ia muito bem, ou se o noivado vai ficando prolongado, rezava as
donzelas a seguinte oração:
“Padre Santo Antônio dos cativos, vós que sois um amarrador certo, amarrai, por
vosso amor, quem de mim quer fugir; empenhai o vosso hábito e o vosso santo cordão, como
algemas fortes e duros grilhões para que façam impedir os passos de ........................... (diz
o nome do pretendente), que de mim quer fugir e, fazei ó meu bem-aventurado Santo
Antônio, que ele case comigo sem demora!”
Mas, não é apenas em questões de amor que o santinho benévolo intervém. Se uma
pessoa amiga se afastou, por desavenças e, você quer que ela retorne à amizade, bastará
dizer três vezes atrás da porta:
“.......(fulano)........foi embora e não voltou.
Abri-vos, portas e portais,
Por onde Santo Antônio entrou,
E há de entrar cada vez mais!”
No Recife, Santo Antônio é comemorado com uma procissão, que sai do Convento de
Santo Antônio. A paróquia de Água Fria e do Arruda, cuja matriz leva o seu nome, faz suas
referências com missa, procissão e queima de fogos de artifícios.
No ano de 1995, foi comemorado os 800 anos de nascimento de Santo Antônio, com
grande comemoração pelos seus devotos. Durante sua trezena há a tradição da distribuição de
pães aos pobres e a comercialização de lírios, que é o símbolo externo da pureza das intenções
de Santo Antônio.
Os negros no Brasil e, em particular na Bahia, sincretizaram Santo Antônio ao orixá
Ogum, identificados, por ser Ogum, um orixá da guerra e das lutas e, por ter sido Santo
Antônio, um soldado português, cuja vida movimentada, meio-história, meio-lendária, de
aventuras guerreiras, chegou ao conhecimento do negro baiano, incorporando-se ao mundo
dos orixás. No Rio, Santo Antônio é sincretizado ao orixá Oxósse e no Recife ao orixá Odé, etc.
SÃO JOÃO
HISTÓRICO DO SANTO
É preciso que não se confunda João, o Batista com João, o Evangelista, autor do Quarto
Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. O Evangelista era filho de Maria e de Zebedeu, o Batista
era filho de Isabel e Zacarias.
É o único santo, além de Nossa Senhora e Jesus Cristo, festejado no dia em que
nasceu, 24 de junho. Seu nascimento e missão foram anunciados pelo Anjo Gabriel. Filho do
sacerdote Zacarias e de Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus, nasceu na cidade de Judá.
Na circuncisão recebeu, por inspiração divina, o nome de João. Era seis meses mais
velho que Jesus, mas iniciou sua pregação pública, à beira do rio Jordão, alguns anos antes de
Cristo dar início à sua própria missão. Chamaram-no Batista pela importância que, em seu
ministério, emprestou ao batismo. E também o precursor porque pregou antes de Cristo,
anunciando-o.
Segundo os evangelhos, João alertava o povo para aproximação da vinda do Messias e
insistia na preparação pela penitência para essa vinda. Praticava um ritual de purificação
corporal por meio de imersão na água, significando mudança interior de vida.
Sua missão termina com o encarceramento na fortaleza de Maquerunte, onde foi
degolado por ordem de Herodes Antipas, em 29 de agosto, a pedido de sua enteada Salomé.
Sua figura está ligada ao sacramento do batismo.
São João Batista, também, é conhecido como São João do Carneirinho por estar sua
imagem arrodeada de carneiros. Os carneirinhos representam o próprio Jesus Cristo, apontado
por João Batista como o verdadeiro cordeiro de Deus, segundo o Evangelho de João.
AS FESTIVIDADES
A Antigüidade das comemorações juninas no Brasil é registrada pelo frei Vicente do
Salvador, o primeiro brasileiro que escreveu histórias da nossa terra, que informa que já no
ano de 1603, os índios participavam de todos os festejos portugueses “com muita vontade,
porque são muito amigos de novidades, como no dia de São João, por causa das fogueiras e
capelas”.
Dos três santos festejados no mês de junho, São João teve o poder de dar ao mês se
nome e qualificar de “juninas”, as festas realizadas no decorrer dos seus trinta dias.
Depois do menino Deus, reverenciado nas festas natalinas, São João é o santo mais
festejado pelos católicos de todo o país. A data para a comemoração é dia santificado, embora,
à moda brasileira, poucas pessoas vão às igrejas e aos cultos reverenciar o homenageado,
preferindo as manifestações profanas.
Enquanto os historiadores buscam as origens das festas de São João nos cultos
profanos, o povo simples tece o seu rosário de lendas:
“Nossa Senhora, indo visitar sua prima Santa Isabel, pediu que, ao nascimento de seu
filho, desse um sinal da feliz natividade. Santa Isabel prometeu a Maia mandar plantar um
mastro na montanha próxima e acender em torno uma fogueira. Ao nascer São João Batista, o
Precursor, a promessa fora cumprida, fumaça, labaredas e o mastro, Maria avistou no local
combinado. Maria partiu logo a abraçar sua prima Isabel. Desde então se celebra o santo com
fogo e mastro”.
Em alguns lugares do Nordeste, conta-se que São João dorme durante a sua festa, para
não querer descer a terra e participar das brincadeiras, pois, o mundo se arrasaria em fogo.
Outra crença popular diz, que, nessa noite, São João, a pedido de seus devotos e
festejadores, baixava do céu, vindo ver sua festa e abençoar as fogueiras. Para esperá-lo, as
casas deviam conservar abertas e em divertimentos, ficando marcadas as que fossem
encontradas às escuras.
Uma das cerimônias mais divertidas e movimentadas, nos antigos festejos juninos, é,
por certo, aquela com que se pretendia simbolizar o batismo de Jesus pelo miraculoso filho de
Santa Isabel. O banho nos rios era imprescindível, para onde todos se dirigiam cantando:
“Vamos, vamos,
Toca a marcha,
N’água de São João
Vamos nos lavar...”
E, na volta:
“N’água de São João me lavei
Toda a mazela que tinha deixei...”
Quando iam e voltavam, levavam à cabeça grinaldas de folhagem, e cantavam:
“Capelinha de melão
É de São João,
É de cravo e de rosas,
É de manjericão...”
O melão que se refere a quadrinha é uma trepadeira (planta), que dá um pequeno fruto
silvestre, popularmente chamado de melão de São Caetano.
Em outras partes do Brasil, como no Norte, o costume dos banhos era com ervas
aromáticas, “o banho de cheiro”. Costume que teve origem indígena e negra.
O banho lustral de São João poderia ser tomado em qualquer tipo de água corrente: rio,
córrego, cachoeira, mar. É a crença popular em que as águas, na manhã do dia 24, com os
primeiros raios do sol, adquiriam singular virtude e poder. Há nessa crença, nas virtudes da
água, uma reminiscência do culto pagão das fontes e das divindades protetoras dos lagos e
rios.
Eram celebres em Portugal as “orvalhadas de São João”, no dia 23 de junho, onde as
pessoas se lavam na água corrente para aproveitar a força daquele momento e levava o gado
a beber, para o mesmo efeito.
Nos cultos afro-brasileiros, São João é sincretizado ao orixá Xangô em quase todo o
Brasil É nos candomblés que são mantidas até a data presente o Acorda Povo ou Bandeira de
São João, tradição muito antiga, onde, segundo alguns pesquisadores, mantem-se a seguinte
diferença: a Bandeira de São João remonta um ato religioso, onde esta procissão é realizada à
tardinha; o Acorda Povo é uma comemoração mais ao ritmo profano, com comes e bebes, e
realizada em plena madrugada.
As danças de origem africanas, ao som de adufes (tambores quadrados), caxambús
(tipo de tambor), canzambês( tipo de reco-reco), etc., eram também freqüentes na grande
noite de São João: batuque, lundú, samba, catira, cateretê, coco, fandango, entre outras.
SÃO PEDRO
HISTÓRICO DO SANTO
São Pedro, nasceu na Galiléia, onde exerceu o ofício de pescador em sociedade com o
irmão André. Sempre em evidência nos evangelhos, Pedro, um dos doze apóstolos de Cristo,
também é conhecido por Simão, Simão Pedro e Simão Barjona (filho de João ou Jonas).
Sabe-se que foi casado porque viveu com a sogra em Cafarnaum. Jesus, certa vez, viu
as margens do lago Genesaré àquele rude pescador queimado do sol, de mãos calosas e
grosseiras, e lhe disse: - “
Segue-me e farei de ti um pescador de homens”. E assim foi.
Simão Pedro foi denominado o fundador da Igreja Católica, pelas sábias confissões,
relativas ao poder do Mestre durante o Ministério de Cristo, apesar da negação que o torna
parecido conosco.
De acordo com a narrativa evangélica, era espontâneo, leal e generoso, de iniciativas
ardentes e raciocínio rápido, ao mesmo tempo em que era precipitado e um tanto medroso.
Reconheceu a divindade de Jesus, junto aos apóstolos, mas, depois negou três vezes
que o conhecia aos soldados que acabavam de prendê-lo.
É incontestável sua liderança no início da vida cristã. Tanto é assim que é mencionado
23 vezes no Evangelho de Marcos, seu discípulo, 24 no de Mateus, que o exalta mais do que
qualquer outro, 27 no de Lucas e 39 no de João. No Novo Testamento é citado 182 vezes.
Quando chefe da comunidade cristã em Jerusalém, após a morte de Cristo, Pedro foi
preso inúmeras vezes. Num dia de junho, provavelmente em 67 d.C., os apóstolos Pedro e
Paulo foram arrastados ao tribunal militar, ouviram a enumeração de seus crimes e foram
condenados. Paulo foi levado para um campo bem distante dos muros da cidade e ali, como
cidadão romano, decapitado por uma espada.
Pedro foi arrastado, sua cruz à frente, para um lugar no alto ou perto da
colina Vaticano e ali pregado na cruz. Persiste a tradição de que foi crucificado, a seu pedido,
de cabeça para baixo, sob a alegação de que era indigno de morrer como Cristo morreu.
AS FESTIVIDADES
Sendo São Pedro protetor dos pescadores, várias homenagens lhes são rendidas
através de procissões terrestre-fluvial.
No Recife, há mais de cinqüenta anos a tradição se repete. Os pescadores da Colônia Z-
1, do Pina, organizam dezenas de embarcações, enfeitadas com bandeirinhas de papel e saem
da bacia do Pina em direção à barra do Porto do Recife. Durante o percurso, o padroeiro dos
pescadores é saudado pelos devotos com fogos de artifício e muitas palmas.
Ao final da travessia, a imagem retorna à capela da colônia Z-1 e as homenagens
terminarão com uma festa profana, com feirinha típica, coco de roda, ciranda, quadrilhas e
outras atrações.
É festejado pelos marítimos por ter sido pescador e, pelas viúvas por ter sido viúvo. No
Nordeste ainda se costuma fazer o seguinte: qualquer Pedro deve e pode ser amarrado no dia
do seu aniversário com uma fita no braço e será obrigado a dar um presente a quem o
amarrou.
SÃO PAULO
São Paulo, cidadão romano, iniciou a sua vida como perseguidor dos cristãos, sendo um
dos mandantes do apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir. O Evangelho registra de
Saulo: “Assolava a Igreja, entrando palas casas e arrastando homens e mulheres, os
encerravam na prisão”.
Paulo de Tarso foi um dos grandes perseguidores do cristianismo nascente. Combateu o
quanto pode a missão salvifica de Cristo, contribuindo para a prisão, o martírio e a morte dos
adeptos do novo credo, até o dia em que o Senhor o surpreendeu na estrada de Damasco,
com uma voz que dizia: “Saulo, Saulo, porque me persegues? E Ele disse: - Que és Senhor? E
disse o Senhor: - Eu sou Jesus a quem tu persegues”.
A partir daquela hora, Saulo passou a ser chamado Paulo, e começou o se ministério,
falando ousadamente em nome de Jesus, em muitas viagens que realizou, sofrendo
perseguições e prisões, até chegar o momento em que na companhia de São Pedro, conheceu
a morte, no mesmo dia 29 de junho.
São Paulo, além das suas viagens, escreveu treze epístolas, que se encontram na Bíblia
Sagrada, no Novo Testamento. Paulo viajou muito, pregou muito e escreveu muito, numa
gigantesca missão em prol do Cristianismo. Escreveu o mais belo poema, definindo de modo
incomparável, o que seja o amor.
Foi fiel ao seu ministério até a morte, e morte por dedicação e fidelidade ao Evangelho.
Em vista disso, São Pedro e São Paulo, companheiros de ministério na vida e na morte, são
lembrados no dia 29 de junho como santos juninos.
Com São Pedro e São Paulo, encerra-se o ciclo das celebrações juninas, que os
pernambucanos conservam como de suas mais puras e mais belas tradições religiosas.
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