A Fundação
Nacional do Índio (Funai) é o órgão do Governo
Federal brasileiro que estabelece e executa a política indigenista
no Brasil, dando
cumprimento ao que determina a Constituição brasileira de 1988.
História
A Funai foi criada em 5 de dezembro de 1967 pela lei nº 5.371, durante o governo do presidente Costa e Silva, em substituição do "Serviço de Proteção ao Índio" (SPI), este por sua vez criado em 1910.2
Compete à Funai promover a educação básica aos índios, demarcar, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas, estimular o desenvolvimento de estudos e levantamentos sobre os grupos indígenas. A Fundação tem, ainda, a responsabilidade de defender as comunidades indígenas; de despertar o interesse da sociedade nacional pelos índios e suas causas; e de gerir o seu patrimônio e fiscalizar suas terras, impedindo ações predatórias de garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de seus limites e que representem um risco à vida e à preservação desses povos.
Nos anos setenta, a Funai sempre cumpriu com seu dever de tutor dos índios, os servidores do departamento médico do órgão tinham todo apoio para poder exercer seus trabalhos, principalmente na área de tratamento da tuberculose. Quase todos índios Karajá eram portadores da doença, essa fez inúmeras vítimas, era praticamente uma pandemia. Os irmãos Villas-Bôas, assim como outros funcionários da função, não mediam esforços para poder levar até o índio, o mínimo necessário para seu conforto. Era a Funai a que mais se empenhava para que nada faltasse aos indígenas, sendo sua maior parceira para socorrer os mesmos, independentemente da distância ou circunstância, a Aeronáutica, que estava sempre pronta a atender um pedido de emergência para socorrer índios constantemente doentes por epidemias de gripe, sarampo e rubéola.
POVOS ÍNDIGENAS DO BRASIL
Os povos indígenas no Brasil compreendem um grande número de
diferentes grupos étnicos que habitam o país desde antes do início da colonização europeia, que principiou no
século XVI. No momento da descoberta europeia do Brasil, os povos
nativos eram compostos por tribos seminômades que subsistiam da caça, pesca, coleta
e da agricultura
migrante. Muitos dos cerca de 2 000 povos e tribos que existiam no território
brasileiro no século XVI morreram em consequência da escravização e das doenças
que vieram com a colonização europeia ou foram absorvidos pela sociedade
brasileira.
Os povos indígenas brasileiros deram contribuições significativas para a
cultura mundial, como a domesticação da mandioca e o
aproveitamento de várias plantas nativas, como o milho, o tabaco, o guaraná, a erva-mate, a batata-doce,
a pimenta, o caju, o abacaxi, o cará, o pinhão, o açaí, a pitanga, a jabuticaba,
a mangaba, o cajá, o umbu, o urucum, o jenipapo, o maracujá,
a goiaba, o pequi, o amendoim, o mamão,2
o jambu, o jatobá, o buriti, a carnaúba,
a juçara, a pupunha, o jerivá, a copaíba, a andiroba, o tucum, o tucumã, a abóbora,3
o feijão, o
cambuci etc.
Além disso, difundiram o uso da rede
de dormir e a prática da peteca e do banho diário e frequente (costume este desconhecido do europeu
do século XVI ).
A população indígena foi amplamente exterminada pelos conquistadores
europeus, caindo de uma população de milhões na era pré-colombiana para cerca de 300 000 em
1997, agrupados em cerca de 200 tribos diferentes. No entanto, o número pode
ser muito maior se as populações urbanas indígenas forem consideradas em todas
as cidades brasileiras atuais. Uma pesquisa linguística de 1985 encontrou 188
línguas indígenas vivas, com 155 000 falantes.
Em 18 de janeiro de 2007, a Fundação Nacional do Índio informou que
havia confirmado a presença de 67 diferentes tribos isoladas no Brasil, contra
40 em 2005. Com esta adição, o Brasil ultrapassou a Nova
Guiné como o país com o maior número de povos
isolados no mundo. No último censo do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (2010), 817 000 brasileiros se classificaram como
indígenas, embora milhões de brasileiros tenham ascendência
ameríndia.
Definição
"Família de botocudos em
marcha", pintura de Jean-Baptiste Debret
Na Idade Média, a palavra "índio" era empregada para designar todas as pessoas do Extremo Oriente. Ao chegar às Américas, Cristóvão Colombo acreditou que havia encontrado um novo caminho para as Índias e resolveu chamar os nativos que encontrou de "índios"O conceito de "índio" é, portanto, uma invenção europeia. Os habitantes originais das Américas nunca se enxergaram como um povo uno. Pelo contrário, diferentes grupos indígenas nutriam grande animosidade e constantemente guerreavam entre si. No Brasil, os tupis viviam ao longo do litoral quando da chegada dos portugueses, sendo oriundos, no entanto, da Amazônia. Com o crescimento populacional na Amazônia, os tupis começaram a migrar para o sul, expulsando e exterminando outros povos indígenas que viviam naquelas áreas e ocupando as regiões que historicamente esses outros povos habitaram. Os tupis eram adeptos da antropofagia e tinham o hábito de comer partes do corpo dos guerreiros vencidos das tribos inimigas, pois, na sua cultura, acreditavam absorver a força do inimigo ao comê-lo.
Quando os europeus chegaram às Américas encontraram, portanto, não um povo indígena, mas diferentes povos que nutriam animosidade entre si e não se enxergavam como pertencentes a um mesmo povo. Uma "identidade indígena" só foi criada séculos depois, com a chegada dos europeus.
Histórico
Origem
Distribuição dos
povos indígenas brasileiros no século XVI
"Família de
um chefe camacã
se preparando para a festa", por Jean-Baptiste Debret
Pesquisas arqueológicas em São Raimundo Nonato, organizadas pela arqueóloga Niède Guidon no interior do Piauí, registram indícios da presença humana datados como anteriores a 10 000 anos atrás. A maioria dos pesquisadores acredita que o povoamento da América do Sul deu-se a partir de 20 mil a.C. Indícios arqueológicos no Brasil apontam para a presença humana em achados datados de 16000 a.C., de 14200 a.C. e de 12770 a.C. em Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). Em Lapa Vermelha, (Minas Gerais), foi encontrado um verdadeiro cemitério com ossos datados em 12 000 anos, o primeiro dos quais encontrado por Annette Laming-Emperaire na década de 1970 e que foi "batizado" de Luzia e que parecia mais aparentada com os aborígines da Austrália ou com negrito das Ilhas Andaman.
Todos os seres humanos são descendentes dos mesmos antepassados que habitaram a África milênios atrás. A espécie humana surgiu na África, há cerca de 130 000 anos. Por milhares de anos, a África foi o único lugar do mundo onde havia seres humanos. As primeiras pessoas só saíram do Continente Africano há cerca de 50 000 anos e, a partir de então, passaram a se espalhar pelo resto do mundo. Os humanos caminharam, durante milhares de anos, rumo ao norte, até saírem da África e atingirem a região que hoje conhecemos como o Oriente Médio. Por centenas de anos, esse grupo de pessoas viveu no Oriente Médio até que, em algum momento da história, parte desse grupo de pessoas tomou rumos diferentes: alguns seguiram para o oeste, atingindo a Europa e dando origem aos europeus, enquanto que outra parcela rumou para o leste, atingindo a Ásia, dando origem aos asiáticos. Os índios das Américas são descendentes desse grupo que seguiu para o leste e que povoou a Ásia. Durante a Idade do Gelo, a Ásia era uma região gelada, o que propiciava a formação de grande cobertura de gelo sobre as quais as pessoas podiam caminhar. Naquela época, uma imensa cobertura de gelo existia interligando a Ásia e a América do Norte, no Estreito de Bering. Os seres humanos, ao continuarem migrando rumo ao leste, chegaram àquela região e atravessaram as geleiras, atingindo o que hoje é o estado americano do Alasca. Com o fim da Idade do Gelo, aquela grande cobertura de gelo derreteu e abriu-se o oceano que separa hoje o Continente Asiático do Americano, impedindo novas migrações e separando definitivamente a população que ficou na Ásia da que migrou para a América. Como não havia outra alternativa, essas pessoas continuaram migrando, ao longo de milhares de anos, rumo ao sul, saindo da América do Norte e povoando a América Central e a América do Sul.
O Brasil, ao ser formado pela migração de índios, africanos e europeus, tornou-se um ponto de "reencontro" dessas pessoas que, apesar de terem a mesma origem ancestral, ficaram separadas durante milênios devido às migrações para diferentes partes do mundo. Esses milênios de separação criaram diferenças culturais, linguísticas e fenótipas, em decorrência da adaptação de cada grupo a meios ambientais completamente diferentes. Apesar dessas diferenças serem muitas vezes interpretadas como formadoras de "raças" humanas diferentes, do ponto de vista genético o conceito de raça é infundado.
Contato
com os europeus
"Soldados
nativos da província de Curitiba escoltando selvagens", pintura de Jean-Baptiste Debret
"Preparo da
carne humana em episódio canibal", de Theodor
de Bry, com base nos desenhos de Hans Staden,
de 1557.Uma representação de nativos americanos com feições europeias, no
século XVI.
A imagem do índio se modificou ao longo da história brasileira. Nos primeiros séculos, o índio era retratado como um selvagem, um "quase-animal" que deveria ser domesticado ou derrotado. No século XIX, houve uma reviravolta, por meio do "indianismo romântico". O índio passou a ser tratado, então, como o "bom selvagem". Essa concepção adentrou o século XX, trazendo a ideia de que o índio era dono de uma moral intangível, sendo ele uma vítima indefesa da crueldade europeia, sendo seu destino combater os europeus ou se submeter a eles. Nessa concepção, os índios viviam em harmonia nas Américas, até que chegaram os portugueses, os quais semearam guerras e destruíram pessoas, culturas e plantas. Esse discurso até hoje produz eco nos meios popular e escolar brasileiros. Porém, nas últimas décadas, as novas produções históricas têm dado visibilidade a uma outra análise da questão indígena. Sem negar a violência com que muitos europeus trataram os indígenas, a história têm passado a tratar o índio não como uma vítima passiva da colonização europeia, mas também como um agente que interferiu e teve papel fundamental nesse processo.
Sem a ajuda dos índios, a colonização europeia em diversos pontos das Américas teria sido impraticável. No Brasil, muitos índios se beneficiaram com a chegada dos portugueses. Os índios tupis do litoral viviam envolvidos em guerras com outros índios. Muitos índios se aliaram aos portugueses visando a exterminar grupos indígenas inimigos. Caso emblemático foi a Guerra dos Tamoios, travada no Rio de Janeiro nos anos de 1556 e 1557. Os tupiniquins e os temiminós ajudaram os portugueses a expulsar os franceses da região, e depois contaram com o apoio português para exterminar seus inimigos antigos: os índios tupinambás (também chamados tamoios). Para um grupo indígena, um grupo indígena rival era tão "estrangeiro" quanto os portugueses, franceses, espanhóis ou holandeses.
Os índios ajudaram os colonos portugueses a escravizar e a exterminar outros índios. As bandeiras, expedições coloniais que visavam a escravização indígena, eram formadas majoritariamente por índios e alguns poucos não índios, denominados de paulistas, eles próprios majoritariamente mestiços de mãe indígena e pai europeu. Em 1605, o padre Jerônimo Rodrigues ficou espantado em Santa Catarina ao ser recebido por índios interessados em vender outros índios, inclusive pessoas da própria família, em troca de roupas e ferramentas. O padre escreveu: "Outro moço vindo aqui onde estávamos, vestido em uma camisa, perguntando-lhe quem lhe dera, respondeu que, vindo pelo navio, dera, por ela, por alguma ferramenta, um seu irmão (...)"
A aliança entre índios e portugueses proporcionou vantagens para ambos os lados. Os índios se beneficiavam com a presença portuguesa, contando com o seu apoio para exterminar tribos inimigas. As novas tecnologias trazidas pelos portugueses e desconhecidas dos índios provocaram uma revolução e um melhoramento na vida das tribos. Tecnologias como o anzol facilitaram enormente a pesca. O uso do machado diminuiu, em várias horas, o trabalho dispendido para se cortar coisas. A introdução de novos alimentos, como a banana, a jaca, a manga e a laranja, diminuíram o estorvo que era para se obter comida nas tribos. Até mesmo a introdução do cavalo e do cachorro domesticado protegiam as tribos de ameaças. Para os portugueses, também houve benefícios: os índios aliados protegiam as povoações e guiavam os colonos nas suas expedições.
Integração
na sociedade brasileira
"Primeira
Missa no Brasil", de Vítor
Meireles, 1860, Museu Nacional de Belas Artes.
Imagem com características românticas, mostrando uma integração pacífica.
Durante o século XIX, o Romantismo tornou o índio um personagem heroico virtuoso.
Os indígenas ficaram muito interessados no modo de vida dos europeus. Os índios brasileiros ainda viviam no Paleolítico, desconheciam tecnologias como a roda, o espelho ou armas bem elaboradas. A maioria dos grupos indígenas, com a exceção das grandes civilizações dos astecas, maias e incas, ainda levava um meio de vida primitivo, quando comparado às populações da Europa, Ásia e África. Isto porque, desde o derretimento da camada de gelo no Estreito de Bering, separando a Ásia da América com um oceano no meio, os habitantes das Américas passaram a viver isolados do resto do mundo. Enquanto europeus, africanos e asiáticos interagiam desde a Antiguidade, fazendo as tecnologias se espalharem por essas regiões por meio desse choque cultural, os índios ficaram confinados por milênios, sem interação com as outras populações humanas, sem poder ensinar ou aprender novas técnicas. Portanto, a chegada dos europeus representou um rompimento de milhares de anos de isolamento. A vida junto aos "brancos" era muito atrativa e muitos indígenas abandonavam voluntariamente suas aldeias e iam viver junto com os portugueses. Em muitos casos, os índios nem precisavam sair de suas tribos, pois, com a expansão da colonização, essas aldeias eram assimiladas dentro da sociedade ocidental. Centros urbanos como Niterói ou Guarulhos eram aldeias indígenas que se transformaram em cidades.
No Brasil, é corriqueiro o senso comum afirmar que os índios foram "exterminados" e atualmente restam alguns poucos representantes dessa população. É inegável que, com a chegada dos europeus, muitos índios morreram por guerras e pela escravidão. Mas, a grande mortalidade indígena se deu pelo contágio involuntário de doenças trazidas pelos europeus, contra as quais os índios não tinham imunidade, por terem vivido durante milênios isolados de outras populações. Porém, o que muitas vezes se ignora no Brasil é que grande parte da população indígena não pereceu, mas foi assimilada dentro da sociedade brasileira. Muitos índios foram viver ao lado de portugueses e africanos e com eles se miscigenaram, dando origem a grande parcela da população brasileira, sendo que seus descendentes não mais se identificam como "índios".
Gilberto Freyre, em Casa-Grande & Senzala, considera o elemento indígena como formador da identidade social brasileira, principalmente nos primeiros séculos de contato com os europeus, atribuindo um papel essencial às "cunhãs", mulheres nativas, como importante agente contribuinte à colonização portuguesa:
"Para a formidável tarefa de colonizar uma extensão como o Brasil, teve Portugal de valer-se no século XVI do resto de homens que lhe deixara a aventura da Índia. E não seria com esse sobejo de gente, quase toda miúda, em grande parte plebéia, além do mais, moçárabe, isto é, com a consciência de raça ainda mais fraca que nos portugueses fidalgos ou nos do norte, que se estabeleceria na América um domínio português exclusivamente branco ou rigorosamente europeu. A transigência com o elemento nativo se impunha à política colonial portuguesa: as circunstâncias facilitaram-na. A luxúria dos indivíduos, soltos sem família, no meio da indiada nua,vinha servir a poderosas razões do Estado no sentido de rápido povoamento mestiço da nova terra. E o certo é que sobre a mulher gentia fundou-se e desenvolveu-se através dos séculos XVI e XVII o grosso da sociedade colonial, em um largo e profundo mestiçamento, que a interferência dos padres da Companhoa salvou de resolver-se todo em libertinagem para em grande parte regularizar-se em casamento cristão." |
É factível que essa miscigenação não foi tão intensa como aquela entre portugueses e africanos e, quando comparado com outros países da América Latina, a contribuição indígena no Brasil é bem menor, mas ela é existente em maior ou em menor grau. Esse processo de assimilação indígena, que já terminou na maior parte do Brasil, ainda está em curso na Região Norte do Brasil. Segundo a Fundação Nacional do Índio, cerca de 25 por cento da população indígena da Amazônia já mora em cidades e só metade desse contingente se considera indígena, mesmo falando uma segunda língua e praticando rituais. Considerando-se todos os brasileiros que têm alguma ascendência indígena, que são vários milhões, a população com ascendência indígena, ao invés de ter diminuído desde 1500, na realidade aumentou dezenas de vezes desde a chegada dos portugueses e a consequente multiplicação da população brasileira por meio da miscigenação entre índios, europeus e africanos.
Conflitos
Nativos
brasileiros, por Jean-Baptiste Debret
Estimativas da população indígena na época do descobrimento apontam que existiam, no território brasileiro, mais de mil povos, sendo 5 000 000 indígenas Outras estimativas variam entre 2 500 000 de indígenas em 1500 a até 6 000 000.
Durante o século XIX, com os avanços em epidemiologia, casos documentados começaram a aparecer de brasileiros usando epidemias de varíola como arma biológica contra os índios. Um caso "clássico", segundo antropólogo Mércio Pereira Gomes, é o da vila de Caxias, no Sul do Maranhão, por volta de 1816. Fazendeiros, para conseguir mais terras, resolveram "presentear" os índios timbiras com roupas de pessoas infectadas pela doença (que normalmente são queimadas para evitar contaminação). Os índios levaram as roupas para as aldeias e, logo, os fazendeiros tinham muito mais terra livre para a criação de gado. Casos similares ocorreram por toda a América do Sul As "doenças do homem branco" ainda afetam tribos indígenas no Amazonas.17
Povos
indígenas emergentes
A partir das últimas décadas do século XX, apareceram novas etnias quando populações miscigenadas reivindicaram a condição de "povo indígena". Isto ocorreu principalmente na Região Nordeste do Brasil.18 São exemplos desse processo:
- Náua, no Parque Nacional da Serra do
Divisor (Acre)
- Tupinambá,
Matipu, Apium e um grupo
Munduruku
desconhecido, na região do Alto Rio
Tapajós (Pará)
- Kaxixó,
na região de Martinho Campos e Pompeu, e Aranã, no
Vale do Jequitinhonha (Minas
Gerais)
- Kariri, Kalabaça,
Tabajara, Tapeba, Pitaguary,
Tremembé,
Kanindé
no Ceará.
- Tupinambá,
em Olivença,
e Tumbalalá,
em Abaré
e Curaçá
(Bahia)
- Kalankó, em Pariconha,
e Karuazu, em Água Branca (Alagoas)
- Pipipã,
em Ibimirim
(Pernambuco)
Legislação
e demografia
Índios durante a
audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do
Senado que abordou os direitos dos povos indígenas
Índios
isolados encontrados em uma região remota do estado do Acre em 2009. Segundo a
FUNAI, existem cerca de 82 grupos
indígenas que ainda hoje permanecem vivendo de forma isolada no Brasil, com pouco
ou nenhum tipo de contato com a civilização
mundial.19
Parque Indígena do Xingu, uma das reservas indígenas brasileiras
O Serviço de Proteção ao Índio foi criado em 1910. O Estatuto do Índio ainda determina que "os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar".20 Apesar dos diversos decretos, o índio brasileiro tem que se integrar na cultura brasileira para requerer emancipação.21 22 23
A denominação mais conhecida das várias etnias não é quase nunca a forma como seus membros se referem a si mesmos, e sim o nome dado a ela pelos brancos ou por outras etnias, muitas vezes inimigas, que os chamavam de forma depreciativa, como é o caso dos caiapós.
Entre as primeiras obras publicadas sobre os povos indígenas brasileiros, no século XVI, encontram-se os livros escritos pelo mercenário alemão Hans Staden, pelo missionário francês Jean de Léry e pelo historiador português Pero de Magalhães Gândavo.10
Frei Vicente do Salvador (1564-1635), no seu "História do Brasil 1500-1627" classificou, entre os mais bárbaros indígenas, os tapuias, com diversas nações e línguas e que viviam em constante guerra entre si. Os menos bárbaros incluíam os carijós, que viviam de São Vicente até o Rio da Prata, os tamoios, no Rio de Janeiro, os tupinambás, na Bahia, os amaupiras, no Rio São Francisco e os potiguaras, de Pernambuco até o Rio Amazonas, todos falando a mesma língua, a língua tupi.
O primeiro inventário dos nativos brasileiros só foi feito em 1884, pelo viajante alemão Karl von den Steinen, que registrou a presença de quatro grupos ou nações indígenas, de acordo com as suas línguas: tupi, macro-jê, caribe e aruaque.
Dez
municípios brasileiros com maior população indígena
Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dos dez municípios brasileiros com maior população autodeclarada indígena, cinco estavam na Região Norte do Brasil e dois na Região Sul do Brasil. Os três restantes são na Região Nordeste do Brasil, Região Sudeste do Brasil e Região Centro-Oeste do Brasil, desmontando o caráter ubíquo da população autóctone do Brasil.
- 1) São Gabriel da Cachoeira (AM) –
76,31%
- 2) Uiramutã
(RR) – 74,41%
- 3) Normandia (RR) – 57,21%
- 4) Santa Rosa do Purus (AC) – 48,29%
- 5) Ipuaçu
(SC) – 47,87%
- 6) Baía da Traição (PB) – 47,70%
- 7) Pacaraima
(RR) – 47,36%
- 8) Benjamin Constant do Sul (RS) –
40,73%
- 9) São João das Missões (MG) – 40,21%
- 10) Japorã
(MS) – 39,24%
Terras
indígenas
Mapa de reservas indígenas brasileiras
A definição de áreas de proteção às comunidades indígenas foi liderada por Orlando Villas-Bôas, que, em 1941, lançou a expedição chamada Roncador-Xingu. Em 1961, foi criada a primeira reserva indígena brasileira, o Parque Indígena do Xingu, com forte atuação, ainda, dos irmãos Villas-Bôas (Leonardo, Cláudio), Marechal Rondon e Darcy Ribeiro, entre outros, para que a natureza, os povos nativos da região, suas culturas e costumes fossem preservados. O modelo de criação das reservas indígenas mostrou-se como um dos únicos meios para que a cultura dos povos pré-coloniais remanescentes e mesmo a natureza nessas reservas sejam preservados. Em 1967, foi criada a Fundação Nacional do Índio, que passou a definir políticas de proteção às comunidades indígenas brasileiras.
O modelo das reservas indígenas demarcadas pela Fundação Nacional do Índio difere no modelo norte-americano, no qual as terras passam a pertencer aos povos indígenas. No Brasil, as reservas indígenas demarcadas pela Fundação Nacional do Índio pertencem ao governo brasileiro para usufruto vitalício dos índios, não havendo, portanto, como associá-las a uma perda de soberania. Uma crítica comum sobre as reservas indígenas brasileiras considera a atuação de organizações não governamentais nacionais e internacionais junto às comunidades indígenas sem que se tenha o conhecimento preciso da natureza da atuação dessas organizações. Nesse sentido, controles mais rígidos sobre a atuação dessas organizações junto às comunidades indígenas estão sendo estudados.
O problema da demarcação de reservas tem sido acompanhado de grande controvérsia, violência e denúncias repetidas de corrupção oficial e violações de direitos humanos. Em 2012 o índice de violência contra índios cresceu 237% em relação a 2011, em crimes geralmente associados à demarcação de terras. Segundo o Conselho Indigenista Missionário, 563 índios foram assassinados nos últimos dez anos no país. Os povos indígenas brasileiros repetidamente têm tentado se fazer ouvir nesta e em várias outras questões, mas dizem que a resposta tem sido insuficiente, os protestos se amiúdam e as denúncias são sérias. Vários atos governamentais e leis recentes são considerados por eles como ameaças à sua sobrevivência e à sua integridade cultural, como a Portaria 419/11, a Portaria 303/12 e o Decreto 7957/13.
Lideranças da Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), entidade que representa nacionalmente
os povos indígenas brasileiros, são
recebidas pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e outros oficiais do
governo em 2012. Os índios protestam contra a Portaria 303, considerada
uma ameaça à integridade das terras indígenas.
Projetos hidrelétricos são uma das maiores fontes de conflito. A mineração é outra origem de muitos problemas. Uma matéria publicada em abril de 2013 no jornal Valor Econômico afirmou: "Existem 152 terras indígenas na Amazônia potencialmente ameaçadas por projetos de mineração". Segundo o advogado Raul Silva Telles do Vale, do Instituto Socioambiental, "entendemos que, para o Brasil, seria muito mais importante garantir que as terras indígenas sejam usinas de prestação de serviços ambientais do que espaços de escavação para recursos finitos". Tais medidas do governo têm encontrado o protesto, além dos indígenas, também de antropólogos, ambientalistas, juristas, artistas, movimentos sociais e até de setores do próprio governo. Mas a oposição aos interesses dos índios é grande entre vários setores da sociedade, especialmente os ligados ao agronegócio, empreiteiras e indústrias.
Em 2013 as lideranças indígenas entregaram uma carta à presidente Dilma Rousseff exigindo respeito a seus povos, a revogação desses instrumentos legais ofensivos e várias outras medidas para, segundo declararam, evitar "a extinção programada" de suas etnias que vem sendo orquestrada pelo governo.
A solução do problema das terras indígenas terá importante efeito tanto para aqueles povos quanto para a conservação das florestas, considerando o grande desmatamento que afeta o Brasil atualmente e as inúmeras outras ameaças que põem em risco a biodiversidade e a sociedade. De fato, muitas dessas comunidades são consideradas exemplos em manejo sustentável das florestas, e o Millennium Ecosystem Assessment, uma das maiores sínteses científicas das últimas décadas sobre o meio ambiente, declarou que os povos indígenas são tão efetivos para a preservação das florestas quanto sua transformação em reservas protegidas.
Dia do
Índio
O Dia do Índio, 19 de abril, foi criado pelo presidente brasileiro Getúlio Vargas através do decreto-lei 5 540, de 1943, e relembra o dia, em 1940, no qual várias lideranças indígenas do continente resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso, foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem, como função, zelar pelos direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, mas, após a intervenção do Marechal Rondon, apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio no dia 19 de abril.
Organizações
e associações
As associações e organizações indígenas surgiram, no Brasil, ainda durante o século XX, nos anos 1980. Entre os organismos e associações nativas que têm, como objetivo estatutário, a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas, incluem-se o "Warã Instituto Indígena Brasileiro"e o GRUMIN. Com o objetivo de preservar e difundir a cultura indígena e facilitar o acesso à informação e comunicação entre as diferentes nações indígenas, foi fundado o "Índios online".
Cultura
"Aldeia dos Apiacás",
aquarela de Hércules Florence, realizada durante a expedição
de Georg Heinrich von Langsdorff em 1825
Há grande diversidade cultural entre os povos indígenas no Brasil, mas há também características comuns:
A habitação coletiva, com as
casas dispostas em relação a um espaço cerimonial que pode ser no centro ou
não. Em cada habitação, moram de setenta a oitenta casais com suas famílias,
que, à noite, acendem fogueiras e dormem em redes. Quando a aldeia ficava não
muito longe das dos inimigos, era cercada por duas ou três paliçadas de troncos
de árvores. Entre as paliçadas, fossos eram cavados e, no fundo, eram fincadas
estacas pontiagudas. A parte superior de cada fosso era disfarçada com ramos e
folhas. Normalmente, ficavam em cada aldeia até que as palhas que cobriam as
habitações apodreciam, o que levava de três a quatro anos. Algumas tribos, como
os aimorés,
não construíam aldeias. Simplesmente limpavam uma área e dormiam debaixo das
árvores, mantendo, à noite, fogueiras acesas. Deitavam-se com os pés voltados
para o fogo, que era protegido, em noites de chuva, por couro de veado
sustentado por quatro estacas.
A vida cerimonial como base da cultura de cada grupo, com as festas que
reúnem pessoas de outras aldeias, os ritos
de passagem dos adolescentes de ambos os sexos, os rituais de cura e outros
O amplo conhecimento da produção de bebidas fermentadas
a partir de tubérculos, raízes, folhas, sementes e frutos como o abatiui (milho), beeutingui
(farinha de mandioca), cachiri
(mandioca, batata-doce ou inhame), cacimacaxera
(mandioca), caiçuma (mandioca e frutos), caoi (fruto de acaijba),
catimpuera (milho), caxiri (buriti), caviracaru
(mandioca), caxiri (mandioca), cauim (nome genérico
para várias bebidas fermentadas à base de milho, mandioca, caju, batata, amendoim, banana, ananás etc.), eivir
(farinha de milho), giroba (mandioca), guariba (mandiocaba ou
mandioca doce), ivir (milho), jetiuy (batata), manavy
(ananás), mocororó (arroz ou mandioca), nanaí (abacaxi), oloniti
(milho), pacobi (frutos de pacobete e pacobuçu), pacouy
(mandioca), pajaurú (beiju), pajuarí (frutos fermentados), tarubá
(beiju), tepiocuy (beiju), tiborna (mandioca), tikira
(beiju), tipiaci (farinha de mandioca), tucanaíra (mel de abelhas, saburá de favos e água)55
A arte como parte da vida diária, encontrada nos potes, nas redes e
esteiras, nos bancos para homens e mulheres, e na pintura corporal, sempre
presente nos homens
A educação das crianças era compartilhada por todos os habitantes da
aldeia. A mãe amamentava o filho até aos oito anos, conquanto não tivesse outro
no período. A criança era carregada o tempo todo pela mãe ou pelo pai. Se fosse
menino, o pai lhe ensinava logo cedo a manejar o arco e a flecha, a construir
balaios e outras lidas. Quando menina, a mãe a introduzia no míster de fiar
algodão, tecer redes e fabricar enfeites para o cabelo.
Quanto à família, esta podia ser monogâmica ou
poligâmica
Deixaram forte herança na culinária brasileira, com pratos à base de mandioca, milho, guaraná e palmito, tais
como pamonha e
biju; a arte
indígena também foi assimilada à brasileira em objetos; uso de redes e jangadas, canoa, armadilhas de caça e pesca; no vocabulário:
em topônimos
como Curitiba,
Piauí etc.,
em nomes de frutas
nativas ou de animais como caju, jacaré, abacaxi, tatu. E deixaram no brasileiro hábitos como o uso do tabaco e o costume
do banho diário
Índia guajajara e
seu filho
Da culinária indígena à base de mandioca, foram
adotadas a farinha fina, de carimã, o mingau e o beiju, também chamado de tapioca. O beiju
simples é um bolo de massa fresca, úmida, passado pela urupema (peneira de
fibras vegetais) para formar grumos, que devido ao calor ficam ligados; o
beiju-ticanga, feito de massa de mandioca mole e seca ao sol; o beijuaço,
redondo, feito como o beiju-ticanga, mas seco no forno; o beijucica feito de
massa de macaxeira,
em grumos bem finos; o beiju de tapioca, de tapioca umedecida, saindo da
urupema em pequeninos grumos e quando pronto é enrolado; o caribé, que é
o beijuaço posto de molho e reduzido a massa que, quando água é acrescentada,
forma um tipo de mingau; o curadá, um beiju grande, feito de tapioca
umidecida, em grumos maiores, levando castanha crua, depois sendo enrolado.
Dos alimentos vegetais herdados dos indígenas, além da mandioca e do milho, incluem-se a batata-doce,
cará, pinhão, cacau e amendoim. O caruru,
a serralha e
o palmito
foram também introduzidos por eles. Quanto a frutos, os mais comuns são o mamão, o araçá e o caju, embora haja
dezenas de outros hoje pouco comuns ou de conhecimento apenas de pessoas que
vivem em regiões onde eles ainda ocorrem como: abajeru, amaitim, apé, araticum,
azamboa, bacaba, bacupari, bacuri, caiuia, camboim, cambucá, camichã, curuanha, curuiri,
guti, gravatá,
grumixama, guajirí, guapuronga, embaúba, jataí, mocurí,
mucujé, mundururu, murici, pajurá, penão, ubaia, ubucaba e
umari. Outros vegetais introduzidos pelos indígenas foram fibras como o algodão, o
tucum e o guaratá bravo; para fazer vassouras, a peipeçaba (piaçava ou piaçaba);
gêneros de abóboras para produzir cabaças,
usadas para armazenar água ou farinha. Dos alimentos derivados de animais,
destacam-se os de tartarugas e seus ovos como o arabu, o abunã, o mujanguê e o paxicá. Provenientes
de peixes: paçoca
e o moquém (também podem ser de outros animais), o piracuí, a moqueca indígena
e a mixira.
No Brasil colonial, os portugueses tiveram, como aliados, os índios aldeados, os quais se tornaram súditos da Coroa
Povos isolados
Índios isolados
encontrados em uma região remota do estado brasileiro do Acre em 2009.
Povos isolados, também chamados de povos não-contactados, de índios isolados ou de tribos isoladas, são comunidades que vivem ou viveram, por escolha ou por circunstâncias, sem contato significante com a civilização globalizada. A maioria dos povos isolados estão localizados em áreas de floresta densa na América do Sul e na Nova Guiné, havendo ainda alguns grupos que vivem nas Ilhas Andamão, na Índia. A descoberta da existência desses povos acontece mais frequentemente por causa de encontros infrequentes e às vezes violentos com tribos vizinhas e por filmagens aéreas. Tribos isoladas podem ter baixa imunidade a doenças comuns que podem matar de 50% a 80% de suas populações após o contato.
História
Tribos não-contactadas são de muito interesse na sociedade desenvolvida, a ideia de operadores de turismo de oferecer passeios em procura de povos não-contactados é controversa. Um documentário da BBC documentou, em 2006, uma operadora turística controversa especializada em passeios escoltados para "descoberta" de povos não-contactados na Papua Ocidental.
Oceania
Homem da tribo Korowai, contactada pela primeira vez
na Nova
Guiné na década de 1970.
Nova
Guiné
Grandes áreas da Nova Guiné ainda estão por ser exploradas por cientistas e antropólogos devido à densa floresta equatorial e ao terreno montanhoso da ilha. As províncias indonésias de Papua e Papua Ocidental, localizadas na ilha da Nova Guiné, são lar de um número estimado de 44 grupos tribais ainda não-contactados. Há relatos de grupos isolados que se encontram localizados nas ilhas do leste da Indonésia.
América
do Sul
Bolívia
Mapa indicando a
presença de grupos isolados da tribo dos Ayoreo entre o
noroeste do Paraguai
e o sudeste da Bolívia.
Estima-se que a Bolívia tenha cerca de 20 famílias isoladas. Alguns dos povos isolados confirmados são: Ayoreo (no Parque nacional Kaa Iya), Mbya-Yuki (Terra Yuki e rio Usurinta) e os Yurakaré (em Santa Cruz e Beni).
Brasil
Índios isolados
encontrados em uma região remota do estado brasileiro do Acre em 2009.
Em 18 de Janeiro de 2007, a FUNAI relatou ter confirmado a presença de 67 tribos não-contactadas no Brasil (com 32 confirmadas 7 ), mais do que foi relatado em 2005. Com este aumento, o Brasil ultrapassou a ilha da Nova Guiné (dividida entre Indonésia e Papua Nova Guiné) como região com maior número de tribos não-contactadas (entretanto, números da Papua Nova Guiné não estão disponíveis). Grupos indígenas no Brasil, em especial as tribos isoladas, são frequentemente envolvidas em conflitos e estão ameaçadas por desmatamentos, por invasões e pelo descaso governamental.
O Brasil é o país que possui o maior número de povos não-contactados em todo o mundo. As Terras Indígenas brasileiras que são reservadas exclusivamente para tribos isoladas, são as seguintes:
Terra Indígena Alto
Tarauacá, no Acre
– Várias tribos. (Isolados do Alto Tarauacá)
Terra Indígena Hi Merimã,
no Amazonas
– Hi-Merimã.
(Isolados do médio Purus)
Terra Indígena Massaco,
em Rondônia
– Sirionó (Isolados do rio São Simão)
Terra Indígena Rio Muqui,
em Rondônia
– Isolados das cabeceiras do rio Muqui
Terra Indígena
Kawahiva do Rio Pardo, entre os estados do Mato Grosso
e do Amazonas
– Isolados do Rio Pardo
(Tupi-Guarani-Kawahibi).
Terra
Indígena Riozinho do Alto Envira, no Acre – Isolados do
Riozinho/Envira. (Parte do grupo Papavo)
Terra Indigena
Xinane Isolados, no Acre
– Não identificados.
Terra Indígena Tanaru (em
estágio de demarcação), em Rondônia – Apenas um único indivíduo, conhecido como o Índio
do Buraco (ou Índio Tanaru). Os demais membros da tribo foram massacrados
ou morreram por motivo de doença.11 12
As demais Terras Indígenas onde existe a presença de índios isolados, são as seguintes:
Terra Indígena Awá, no Maranhão –
Guajás.
Terra Indígena Nivarura,
no Amazonas.
Contactados pela primeira vez em 2010.
Terra Indígena
Arara do Rio Branco, no Mato Grosso – Isolados da margem esquerda do médio Rio
Roosevelt/Rio Branco.
Terra Indígena
Parque do Aripuanã, em Rondônia – Isolados da margem esquerda do médio Rio
Aripuanã, Isolados do Rio Pacutinga/Aripuanã, Isolados do Médio Rio Branco
do Aripuanã.
Terra Indígena Bujiwa, no
Amazonas.
(Contactados pela primeira vez em 1943).
Terra Indígena Caru, no Maranhão –
Guajás
(Isolados do igarapé Água Branca).
Terra Indígena Inãwébohona (reserva sobreposta
ao Parque Nacional do Araguaia) e uma
pequena parte da Terra Indígena Parque do Araguaia,
no Tocantins
– Avá-Canoeiros (Isolados da Mata do Mamão).
Terra
Indígena Kampa e Isolados do Rio Envira, no Acre – Isolados do rio Envira.
Terra
Indígena Kaxinawá do Rio Humaitá, no Acre – Não identificados.
Terra Indígena Koatinemo,
no Pará – Não
identificados.
Terra Indigena
Menkragnoti, no Pará – grupo Mengra Mrari.
Terra Indígena Raposa Serra do Sol,
em Roraima –
Não identificados, tendo sido descobertos em 2006. Estão localizados em área
bem próxima ao Monte Roraima e ao Monte
Caburaí (2 a 4 km da tríplice fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a
Guiana).
Terra Indígena Mamoadate,
no Acre – Mashko (Isolados do Alto Rio Iaco).
Terra Indígena
Jaminauá/Envira, no Acre
– Isolados das cabeceiras do rio Jaminauá. (Parte do grupo
indígena Papavo)
Índios isolados
encontrados no estado brasileiro do Acre em 2009.
Terra Indígena Rio Teá,
no Amazonas
– Quatro bandos do grupo dos Macu-nadebes: Cabeceira dos rios Waranaçu e Gururu, Médio rio Tiquié, Cabeceiras dos rios Curicuriari e Dji, e Cabeceiras do rio Teá. Outros dois bandos próximos ao
rio Eneiuxi (Médio rio Eneiuxi) e ao rio Urubaxi (Cabeceira do rio Urubaxi e
Bafuanã), são possivelmente do grupo dos Macu-nadebes.
Terra Indígena
Parque do Tumucumaque, no Pará – índios isolados da etnia Akurio.
Terra Indígena
Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia – de quatro a seis grupos de índios isolados,
incluindo os Isolados das cabeceiras do rio Muqui, os Isolados do rio Cautário, os Isolados das
Cabeceiras do rio Água Branca e os
Isolados do Rio Jurureí.
Terra Indígena Vale
do Javari, no Amazonas – sete grupos de índios isolados: Cabeceiras do
igarapé Santana e do igarapé Flexeira, Korubos, Isolados
do Rio Coari-Rio
Branco, Isolados do Rio Quixito, Isolados do Rio
Jandiatuba, Isolados do Alto Rio Jutaí
e Isolados dos rios Jaquirana/Amburus.
Terra Indígena
Waimiri Atroari, no Amazonas – índios isolados no Formadores do rio
Alalaú (povo Piriutiti) e nos Formadores do rio Jatapu (povo Karafawyana ou
Chamakoto).
Terra Indígena Araribóia,
no Maranhão
– Isolados dos rios Buriticupu e Taruparu.
Terra Indígena
Cuminapanema, no Pará – grupo dos Zo'é. São classificados como índios isolados pela FUNAI, mas já estão em processo de
integração com a sociedade nacional.
Nome do grupo
indígena
|
População de
índios isolados (estimada)
|
Localização dos
índios isolados
|
Comentários
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Superior a 100
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Superior a 50
|
Aruaques (Arawak).
|
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No máximo 75 indivíduos
|
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Cerca de 30 indivíduos
|
Na Terra Indígena
Avá-Canoeiro e nas serras localizadas entre o Rio Preto e o Rio Bagagem
(na região do município de Colinas
do Sul), no norte de Goiás.
|
|
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120 (já contados entre o grupo contactado)
|
Maranhão – Espalhados por toda a região oeste do estado
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|
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cerca de 100 indivíduos
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Norte do Pará – Rio Cuminapanema e Rio Paru do Oeste
(errôneamente registrado nos mapas oficiais como Rio Paru de Oeste)
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Kanibo (Mayo)
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de 120 a 150 indivíduos
|
|
|
300
|
|
||
de 400 a 500 indivíduos
|
|
|
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de 50 a 100 indivíduos
|
Tupi-Arikém. Identificados pelo
pequeno grupo que já foi contactado.
|
||
50
|
Língua isolada. Apenas uma comunidade já foi localizada.
|
||
superior a 100
|
Macro-jê. Identificados por outros Kayapós, com os quais
eles são hostis.
|
||
100
|
Kayapó. Este grupo se separou dos Mekragnoti desde 1940. Estão
localizados fora da Terra Indígena Kayapó.
|
||
200
|
Kayapó. Este grupo se separou dos Kuben-kranken desde 1950. Estão
parcialmente localizados fora da Terra Indígena Kayapó.
|
||
cerca de 50 indivíduos
|
|||
número desconhecido de indivídos
|
Kayapó. Pequeno grupo de índios hostis. Ocasionalmente
conhecidos por entrarem em contato com a sociedade moderna.
|
||
número desconhecido de indivíduos
|
|||
cerca de 100 indivíduos
|
Língua isolada. Membros isolados de grupos de Maku
(Nadebes) que já foram contactados. São caçadores-coletores.
|
||
de 50 a 100 indivíduos
|
Língua isolada. Grupo isolado de Nambikwaras.
Uma zona com restrição de acesso foi instalada no local, mas depois foi
cancelada devido à pressão feita por pessoas da região. Foram recentemente
massacrados.
|
||
1.500
|
Arawan. A área foi recentemente declarada como protegida.
|
||
de 200 a 300 indivíduos
|
|
||
?
|
|||
cerca de 100 indivíduos
|
|||
|
cerca de 150 indivíduos
|
|
Língua isolada da família Chapakura. Grupos
isolados pertencentes ao grande grupo dos Pacaás Novos. Estão incluídos na
Terra Indígena
Uru-Eu-Wau-Wau.
|
superior a 400
|
Acre
(Espalhados por um grande e único território)
|
Muitas comunidades isoladas pertencem a quatro grupos
distintos. As lutas fazem parte das suas tradições. Contatos hostis e
recíprocos com os Kampa, sendo que os Papavo costumam praticar saques nas
aldeias dos Kampa. Com os Kulina, os Papavo mantêm uma
relação pacífica. Os Papavo também costumam realizar pilhagens em
acampamentos de madeireiros.
(1)
Língua isolada –
|
|
Superior a 100
|
Provavelmente Tupi–Kawahib, Tupi–Guarani. Ele
tem recusado todas as tentativas de contato desde 1930.
|
||
De 100 a 200 indivíduos
|
São relacionados aos Waimiri-Atroari
(Karib). Alguns vivem dentro da Terra Indígena
Waimiri-Atroari, enquanto que outros vivem fora dos limites da reserva.
|
||
Número desconhecido de indivíduos
|
Tupi. Comunidades que se separaram dos Sateré-Mawé há
muito tempo atrás.
|
||
Tupi–Kawahib (Piripicura)
|
De 200 a 300 indivíduos
|
Tupi–Guarani. Uma zona com restrição de acesso foi criada
recentemente para eles.
|
|
300
|
Tupi–Guarani. Restam mais de três grupos isolados da etnia
na área. Vários encontros hostis com garimpeiros e com madeireiros. Todos os
três grupos estão localizados dentro da vasta Terra Indígena
Uru-Eu-Wau-Wau.
|
||
Wayãpi (Yawãpi)
|
De 100 a 150 indivíduos
|
Tupi–Guarani. Grupo que antigamente se separou dos Wayãpi
do sul.
|
|
De 20 a 30 indivíduos
|
|||
300
|
|
Yanomami.
|
|
Nome desconhecido
|
Em torno de 100 indivíduos
|
Família linguística não especificada. De acordo com os
Wayãpi do sul, trata-se de um grupo que se separou antigamente deles. Segundo
os Wayãpi do norte, o grupo é um dos seus antigos inimigos: os Tapüiy.
|
|
300
|
|||
300
|
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Nome desconhecido
|
Número desconhecido de indivíduos
|
||
Número desconhecido de indivíduos
|
Língua: Talvez do tronco Tupi
|
||
Em torno de 100 indivíduos
|
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Número desconhecido de indivíduos
|
|||
Número desconhecido de indivíduos
|
De acordo com a listagem acima, os estados brasileiros que possuem povos isolados (já conhecidos) são os seguintes: Amazonas (16 povos), Pará (8 povos), Rondônia (7 povos), Mato Grosso (3 povos), Acre (2 povos), Amapá (1 povo), Maranhão (1 povo), Roraima (1 povo), Tocantins (1 povo), Goiás (1 povo) e Minas Gerais (1 povo). Há de se considerar que alguns grupos (ou até mesmo povos inteiros) podem atravessar as divisas de estado e as fronteiras internacionais do Brasil.
Galeria
Mapa
dos países onde existem povos não-contactados.
Índios
isolados encontrados em 2010
no sudoeste do município brasileiro de Feijó
(AC). Esta aldeia
está localizada nas cabeceiras do Igarapé do Anjo, na zona
limítrofe entre as terras indígenas Kaxinawá do
Rio Humaitá e Kulina do Rio
Envira.
Índios
isolados encontrados no estado brasileiro do Acre em 2009.
Índios
isolados encontrados no estado brasileiro do Acre em 2009.
Índios
isolados encontrados no estado brasileiro do Acre em 2009.
Índios
isolados encontrados no estado brasileiro do Acre em 2009.
Terra
nullius
Terra Nullius é uma expressão latina decorrente do direito
romano que significa "terra que pertence a ninguém", terra de
ninguém, ou seja, terra vazia, desolada, aplicando o princípio geral do res nullius
aos bens imóveis, em termos de propriedade privada ou como território ao
abrigo do direito público.
Índio do Buraco
Índio do Buraco é a denominação dada ao último remanescente de uma etnia indígena desconhecida que foi massacrada por fazendeiros e grileiros de terra durante as décadas de 1980 e 1990. A partir de então o homem, que estima-se tenha nascido por volta de 1960, passou a perambular sozinho na região amazônica situada a oeste de Rondônia, próxima à cidade de Corumbiara.2 3 Sua alcunha é advinda de um buraco com cerca de um metro de comprimento, meio de largura e mais de três de profundidade, que sempre é encontrado dentro das cabanas de palha construídas pelo índio.
Registros da Funai acerca de sua existência datam de 1996, mas apenas no ano seguinte é que agentes da fundação conseguiram travar contato visual com ele. Apesar de nunca terem se comunicado com o homem, especula-se, a partir de vestígios e relatos de tribos conhecidas da região, que sua família tenha sido assassinada em 1995 por interessados em se apossar de terras indígenas ainda não-demarcadas. Esta mesma razão motivou durante anos o genocídio de incontáveis povos nativos da região amazônica.
Índice |
Genocídio
Em 1986, diversos relatos sobre o massacre na Rondônia de índios isolados e sem contato com a civilização começaram a se espalhar. Os assassinatos teriam começado após a construção de uma estrada no sul do estado durante os anos 70, e continuado na década seguinte. A partir dos relatos, o então sertanista da Funai Marcelo Santos, acompanhado do cineasta Vincent Carelli, seguiu para a região e conseguiu filmar utensílios e vestígios da existência de uma antiga aldeia no local, antes de ambos serem expulsos por fazendeiros e proibidos de voltar. Desacreditado e acusado de "inimigo do desenvolvimento", Santos deixou a fundação, e a história caiu no esquecimento.
Em 1995, Santos retorna à Funai, agora como chefe da área de isolados em Rondônia. Ele volta ao local do massacre com Carelli em busca de sobreviventes, desta vez acompanhado de jornalistas do diário O Estado de S.Paulo. A expedição provou a existência de índios na região que, filmados e fotografados, foram parar nas primeiras páginas dos principais jornais do Brasil. Os fazendeiros, por outro lado, contestaram as imagens alegando se tratar de uma montagem feita pela Funai.
Primeiro
contato
A expedição continuou sua busca por novos vestígios de povos massacrados e prováveis sobreviventes, encontrando cabanas improvisadas feitas de palha, todas elas com um grande buraco cavado em seu interior. Apelidaram então seu morador de "índio do buraco", que tempos depois foi finalmente encontrado dentro de uma das moradias, fugindo sem travar contato. Entre os registros de seu cotidiano estavam uma pequena área de plantio utilizada para cultivar milho e mandioca, armadilhas para caça e indícios de extração de mel de colmeias, além da citada cabana com uma espécie de cova aberta presente na parte interior. Apesar de sua utilidade permanecer desconhecida, esta última marca passou a servir para identificar as aldeias destruídas da etnia da qual o homem isolado pertenceria.
Desde 1997, diversas expedições da Funai foram enviadas à Rondônia para se inteirar da localização e condições de sobrevivência do índio. Foram todas mal-sucedidas em se comunicar com ele, que evitava as abordagens, abandonava suas roças e reagia de forma agressiva ao se sentir acuado, vindo inclusive a disparar flechas contra os funcionários da fundação, ferindo um deles em 2006. Após este episódio a Funai decidiu mudar de estratégia, interditando em 2007 uma área de 80 quilômetros em torno da região onde o homem vive, monitorando sua perambulação e cuidando da proteção de sua reserva territorial (restrita exclusivamente a ele desde 1998 através de decretos governamentais). A única forma de comunicação mantida com o índio foi o oferecimento de alimentos, deixados no meio da floresta.
Tentativa
de assassinato
Em 2009, Vincent Carelli lançou o premiado longa-metragem Corumbiara, com registros cinematográficos dos povos indígenas isolados na região amazônica. Uma das cenas do filme flagra um fazendeiro ameaçando atirar contra o Índio do Buraco caso o avistasse. Em novembro do mesmo ano, um dos postos de vigilância da Funai na reserva foi atacado e depredado por um grupo armado. O bando destruiu uma antena de rádio, painéis solares, mesas, cadeiras, prateleiras e um fogão a lenha, deixando ainda defronte à base dois cartuchos de espingarda deflagrados. De acordo com a fundação, a ação foi obra de fazendeiros da região, inconformados com a restrição de uso da terra indígena Tanaru, que possui 8.070 hectareres e fica próxima a Corumbiara. Vestígios observados no local indicam que o índio teria sobrevivido ao ataque.
Em janeiro de 2010, alertadas pelo atentado, organizações de defesa dos índios divulgaram carta chamando atenção para as condições críticas dos grupos isolados da Amazônia, em especial as tribos em Rondônia. A mensagem, dirigida ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reclamava ainda da ameaça aos grupos representada por construções no Vale do Guaporé e no Rio Madeira. Em maio do mesmo ano, a ONU promoveu em Brasília uma reunião de consulta sobre as diretrizes de proteção para os povos indígenas isolados e em contato inicial da Amazônia e grande Chaco. Procuradores do Ministério Público Federal afirmaram que a instituição tenta efetivar o "princípio da precaução", de forma a evitar o contato e a alteração das terras habitadas pelos índios, considerando a interdependência desses povos com o meio ambiente em que vivem
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