terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PARTE DO MEU LIVRO EXÚ






Conta a lenda que Exú nasceu de um obí e, quando este se deteriorou com o tempo, substituiu-o por um otá e pelo Ajé (caracol com vértice para cima).
Nas festas, (em território africano), dança com uma perna só e quando está saindo do barracão, jogam-se em cima pescado, cotia e caramelos. É saudado com matracas, guizos e maracás. Seus filhos são chamados Èxú Bi, Èxù Lode, Èxù Dina, Èxù Aña, Èxù Ilu Bata, Èxù Leque, entre outros.
Na teologia Yorubá, Èxù possui um caráter tão versátil, que deve-se ter cautela em falar sobre ele. Èxù é freqüentemente associado ao diabo ou satanás. Mas Èxù, certamente, não tem nada a ver com o diabo descrito no Novo testamento da Bíblia, que representa o poder do mal em oposição ao plano da salvação de Deus em relação ao homem.
O que se entende, é que, Èxù é principalmente, um "ministro das relações especiais" entre o céu e a terra, o inspetor geral, que informa regularmente a Olódùmarè sobre as ações das divindades e dos homens, verificando a justeza na adoração e nos sacrifícios em particular.
Os Babalawo normalmente defendem a idéia de que Èxù foi criado para ser o principal auxiliar de Orunmìlà. É seu dever resolver as questões para Orunmìlà; ele sempre deve estar em frequência com Orunmìlà e tem que agir sob suas ordens. Para Orunmìlà é reservado o dever de ouvir a voz de Olódùmarè e declarar o seu desejo para as pessoas; mas onde quer que a declaração de Orunmìlà não seja atendida, é o dever de Èxù repreender por via de castigo ao obstinado. Em troca do serviço, Orunmìlà o agrada. Mas sempre que ele não fica satisfeito com o agrado, ele obstrui os trabalhos de Orunmìlà.
Èxù está subordinado a Orunmìlà, e deve servi-lo, mas deve-se ter cuidado em analisar essa relação para não formular um julgamento errado em favor de um ou outro. Eles estão ligados por causa da conexão que há entre as suas respectivas funções. Èxù é onipresente, porque ele sempre está atento ao que é de sua responsabilidade. Sua função inclui, é a inspeção da adoração e sacrifícios expiatórios.
Orunmìlà também está em todos os lugares e é o grande consultor. As suas funções incluem a prescrição de sacrifícios ou atos ritualístico. Também acredita-se que entre Orunmìlà e a Morte há um pacto sobre o qual Èxù venceu Morte em um combate, então Orunmìlà ajudou Morte a recuperar seus poderes sobre a vida.
Sempre que qualquer pessoa entra em dificuldade pela ação de Èxù, Orunmìlà é consultado para mostrar o modo de vencer tal dificuldade. Isso é por que normalmente onde quer que haja um culto a Orunmìlà, Èxù também é cultuado. Os dois trabalham freqüentemente em colaboração. Èxù na condição de receptor e transmissor dos sacrifícios é conhecido pelos Baba'láwo como Oxetùrá. Em geral, dá impressão que Orunmìlà é subordinado a Èxù ao contrário do que realmente acontece. Mas Èxù pode atrapalhar os trabalhos de Orunmìlà sempre que ele achar motivo para isso. Èxù também o ajudar a sair das dificuldades. Uma vez quando todas as outras divindades conspiraram contra Orunmìlà e o acusaram diante de Olódùmarè, foi Èxù quem o defendeu e de quem a defesa foi aceita por Olódùmarè.
Ele também é temido porque, incidentemente, ele é malicioso e causador de danos, confusões, provocando situações complicadas ou promovendo discórdia entre pessoas que não agem com caráter. Pela sua malícia ele é capaz de fazer os amigos muito íntimos tornarem-se inimigos, causar brigas entre marido e mulher, e faz os filhos brigarem com os pais. Tudo como punição pela falta de caráter na ação de uma dessas pessoas.
Exu: princípio dinâmico da comunicação e da expansão, que transporta o axé. O mensageiro. Laró ye!
Exu: Fecundação; Eternidade; Evolução literalmente. Como um círculo, sem início nem fim. Nesse sentido, a palavra Exu pode ser traduzida como esfera.
Exu é representado pela laterita (pedra vermelha), que é obrigatória nos assentamentos de Exu. Segundo as tradições africanas, Olorun soprou o ofurufu (hálito divino) dando energia vital a essa pedra e chamou de Exu. Nesse sentido, Exu é o primeiro nascido da existência.
E assim por formas diferentes, foram aparecendo os outros orixás.
Entre os Alakétu como filho de Nàná, irmão de Omolú, Oxumare e Lokò. Outros, ainda, como filho de Iemanjá, sendo irmão de Ogum e Oxossi.
Nome do pai de Exú Olomó Xanxan ou Oxanxan.
Exu é o fluído universal, através do qual são transmitidas as vibrações do som, da luz e da energia cósmica.
Exu, segundo tradições orais, não é orixá, mas o princípio cósmico da transformação e da multiplicação. A partir da unidade que, no movimento dinâmico da criação, se multiplica até o infinito, propiciando a existência. Ele é a construção e a destruição, para que surjam novas formas. Elo de comunicação entre o material e o imaterial. Exu é considerado a síntese de tudo, aquele que está em todas as partes ao mesmo tempo. Habita o interior de cada um de nós e de cada ser animado ou não. O que significa, que tudo o que existe no Universo possui seu Exu individual. É a primeira forma que surgiu a partir do primeiro movimento da criação. Governa o processo dinâmico da existência, a expansão da vida através da divisão celular, do zero ao infinito. Através da multiplicação celular os seres se diferenciaram, dando origem à vida. E cada vida é única, e é nesse sentido que se diz que cada ser tem um Exu individual.
Exu é a encarnação do desafio, da vontade e da irreverência. Permite aos homens a possibilidade de autodeterminação, de quebra das interdições sociais que limitam a sua liberdade, ao lhes dar acesso aos meios mágicos religiosos de melhorar a sua sorte.
Exu, enquanto princípio da existência individualizada introduz a diferenciação, a noção de autonomia e de ação possível ante os sistemas estruturados e como princípio genérico da dinâmica social é representante da mudança ainda não realizada.
Exu ou Elegba para os Ewe, preside o destino humano, ao mesmo tempo que introduz o ocaso e a sorte na existência dos homens. Rompe os modelos conformistas do universo cósmico e social ao trazer consigo a desordem e a possibilidade de mudanças. No pensamento africano a continuidade do sistema implica na necessidade dinâmica de mobilidade e manipulação. Exu mantêm a continuidade da ordem, submetendo-a a esta dinâmica.
" É na angústia que a gente cresce. "
Laró ye! Mo juba! Salve o mensageiro! Meus respeitos!

Legba, Exu e Pambonjera
Na nação Ketu temos o orixá Exú, no Jeje temos o vodun Legba, na Nação Angola temos o nkise Pambonjera. Essas divindades são semelhantes por seus atributos e formas de serem cultuadas.
São entidades são cultuadas genericamente, ou melhor, quando nos referimos a elas como mensageiros, falamos de uma forma mais generalizada, ou seja, são mensageiros que encaminham os nossos desejos às divindades responsáveis por nossos pedidos. Por exemplo, Exú se refere ao mensageiro dos orixás, assim como Legba ser refere ao mensageiro dos voduns e Aluvaiá ao mensageiro dos Nkises. Nomeamos esses mensageiros de acordo com a finalidade de nossa mensagem, ou seja, se minha mensagem é para fortalecer minha mediunidade ou jogo de búzios, agrado a Exú Oxetura ou Legba Abánukwe ou Tata Aluvaiá Nbana Mulongi Kuzambua, no caso do Angola.
Nomeamos Exú, Legba ou Aluvaiá, de acordo com nossos desejos e nossas necessidades. Mas quando agradamos essas divindades, fazemos de uma forma generalizada, sem dar um nome específico. Oferecemos pàdé a Exú, Legba ou Pambonjera sem especificarmos o atributo.

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