terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PARTE DO LIVRO NANÂ




Nana personifica um tipo de mulher sem idade definida, sem beleza, sem vaidade. Apesar das aparências, tem extraordinária resistência física. Não gosta de homens e é praticamente assexuada. Possui uma capacidade de trabalho e uma eficiência fora do comum; tem hábitos austeros e não tolera preguiça, falta de educação, desordem desperdício. É previdente, organizada e tem rigorosos princípios morais. As filhas de Nana são zeladoras dos bons costumes, e não perdoam mentiras, traições, desonestidades. Podem ser tachadas de intolerantes, ranzinzas, rabugentas, queixando-se continuamente de tudo e de todos. Podem também ser boas, sábias e carinhosas.
Nàná Burúkù ou Na Bùkú, orixá genitor associada à terra, à lama e às que a terra contém, lagos e fontes. Nana é considerada o ancestre feminino de todas as divindades do panteão chamado Ànàgónu.
Nàná branca, branca neve, esse aspecto de conter e processar coisas em seu interior, esse segredo ou mistério que se opera em suas entranhas escuras, associada com um processo de interiorização faz com que Nana seja muitas vezes equiparada a Odùa.
Suas contas são divididas em partes iguais de branco com azul escuro, usa-se também o lilás.
Os mortos e os ancestrais são seus filhos.
O Ìbírí é seu símbolo e representa o seu poder genitor.
Ìbírí significa "meu descendente o encontrou e o trouxe de volta para mim". Nana nasceu com ele, ele não lhe foi dado por ninguém, quando ela nasceu, a placenta continha o ìbíri, depois de nascida, uma das extremidades do ibiri se enrolou e cobriu-se de cawris e de finos ornamentos. Então eles o separaram da placenta e o colocaram na terra.
A relação de Nana com os òkù-orun (descendentes existentes em seu interior) e com a fertilidade (descendentes nascidos de seu ventre no àiyé) está simbolizada pelo uso abundante de cawris. Os cauris sem seus moluscos representam os ancestrais assim como as sementes, o Bràjá ou Ibàjá par de fios de búzios de duas fileiras cada, usado cruzado em diagonal, indica que os cauris ancestres-descendentes, são o resultado da interação da direita e da esquerda, do masculino e do feminino, e que se referem tanto ao passado, ao poente (atrás), como ao futuro, o nascente (diante).
Por causa do grande número de cauris que Nana usa, é chamada: aquela que é ou possui os cauiris.
Por causa de seu poder, a terra é invocada e chamada a testemunhar todos os tipos de pactos, particularmente nas iniciações e em relação com a guarda dos segredos, é comum dizer: Que a terra testemunhe. É nessa capacidade que Nàná é qualificada de orixá da justiça.
Saluba Nana!

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