terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PARTE DO LIVRO OBA




Obá Orixá guerreira, considerada até como uma Iansã velha. Senhora do rio Obá, na Nigéria, patrocinadora de conflitos, energia que se desenvolve nos coriscos. Mulher de Xangô.
Na natureza, Obá está ligada às enchentes, às cheias dos rios, às inundações. É ela quem vai reger todos esses fenômenos, sejam naturais ou provocados por erros humanos. Seu encantamento é feito desta forma, quando um rio transborda, inundando tudo.
Obá está presente também nos coriscos, poder que lhe foi dado pelo marido Xangô, pois ela também tem ligação com a energia elétrica, a eletricidade. É poderosa, sábia, madura e realista.
Na vida dos seres humanos, Obá rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, o ciúme, a incapacidade do homem de ter aquilo que ama e deseja. Obá é a raiva, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono.
Obá é também a frustração do homem e da mulher. Embora a lenda diga ser Obá uma guerreira, vencedora, ela consegue seu encantamento nas desilusões e frustrações, na derrota.
Pela lenda, Obá foi enganada por Oxum, que a levou a corta sua própria orelha para oferecer a Xangô, Ele, num gesto de repugnância, expulsou-a de seu reino. E toda essa dor, essa desesperança, esse abandono, ficou com marca registrada de Obá, e tais sentimentos tem a sua regência. Quando nos sentimos traídos, abandonados, sem esperança, com raiva, frustrados em nossos objetivos, desencadeamos essa força da natureza chamada Obá, que mexe no nosso interior. E a lógica diz que Obá é a “ultima gota”, que faz transbordar nossos sentimentos. Daí sua regência também nas enchentes e inundações. É um ato de excesso, de excesso, de explosão, de revolta, desencadeado por esta força cósmica. Se um rio enche e transborda, é porque não suporta mais o volume de água, deixando escapar “aquilo que já não cabe mais”. Isso é Obá, essa é a sua regência, seus encantamento, sua influência.
Obá é o desabafo: “ já não suporto mais...” , é a agitação do sentimento indevidamente mexido, afetado por algo ruim.
Obá tem um caráter apaixonado, irascível e corajoso, não teme nada nem ninguém.
Gosta de brigar.
Nada mais natural que ela aprecie a cor vermelha.
Obá se veste como os demais orixás de energia negativa ativa, ou seja, feminina velha, apreciando tecido simples encorpado, sem brilho.
As ferramentas de Obá são sempre feitas de cobre.
Obá senhora da guerra, amazona destemida, uma sábia e justa feiticeira.
Xangô desdenha Obá porque ela é idosa e sem atrativos, mas morre de medo dela, do poder enorme que ela tem.
Obá desconhece o medo e não existe empecilhos que a desviem de suas finalidades.
Ela é prática, objetiva, poderosa, leal e corretíssima.
Todo aquele que tenha uma questão em fase de apelação, isto é, se tiver perdido e necessitar recorrer para instância superior, deverá pedir ajuda a Obá.
Mas existe um importante lembrete:
ELA SÓ AJUDA OS INJUSTIÇADOS.
É considerada a padroeira dos advogados.
Quem quiser incidir na ira cega de Obá, de um falso testemunho.
Ajuda a encontrar objetos perdido, e toma sob sua proteção toda esposa que tiver sido traída pelo marido.
Obá tem muito ciúme e raiva de Oxum, a ninfa das cascatas, e ódio mortal da relação que Xangô mantém com a charmosa senhora dos rios, ribeirões e lagos límpidos.

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