quinta-feira, 10 de julho de 2014

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS NO CONTEXTO ESCOLAR





O presente estudo teve como inspiração a lei 10.639\03, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e cultura Afro-Brasileira", e foi realizado com o intuito de diagnosticar a visão dos alunos do Ensino Médio em relação às religiões afro-brasileiras, uma vez que, quando contextualizadas no ambiente escolar notamos, com nossa experiência em sala de aula, forte preconceito e discriminação.

Entende-se por Religiões afro-brasileiras as religiões dos Orixás. Para os iorubas, os orixás são deuses que receberam Oludumare (Deus supremo pai dos orixás) a incumbência de criar e governar o mundo, essas divindades tinham o poder de manter o controle sobre as forças naturais: as águas dos rios, os trovões, os ventos, as tempestades, as florestas etc.; por cada uma dessas forças naturais uma divindade é responsável, ou seja, Olorum, senhor dos céus; Oxossi senhor das matas; Oxumarê, o arco Iris controla a chuva e a fertilidade da terra; Nanã, guardiã do saber ancestral; Ogum, senhor do ferro, da metalurgia e da guerra; Omulu, senhor das doenças infecciosas (conhecimento e cura); Xangô, dono do trovão, justiça; Iansã ou Oiá,dirige os vento,as tempestades e a sensualidade feminina; Obá, dirige a correnteza dos rios e a vida doméstica das mulheres; Oxum, preside o amor e a fertilidade, é dona do ouro e da vaidade e senhora das águas doces; Iemanjá, a senhora das grandes águas, mãe dos deuses, dos homens e dos peixes; Oxalá ou Obatalá, é o criador do homem, senhor absoluto do principio da vida da respiração, do ar. Os iorubas acreditam que os seres humanos descendem dos orixás, portanto cada pessoa herda do orixá suas marcas e características (alegram-se e sofrem, vencem e perdem, conquistam e são conquistados, amam e odeiam).Os escravos traficados da África para o Brasil reproduziram seus mitos que são cultivados pelos seguidores das religiões dos orixás no Brasil.

Em diferentes momentos, regiões e estados do Brasil formaram-se as religiões afro-brasileiras, por isso, elas adotam diferentes formas de rituais e versões mitológicas. São elas: Candomblé, Bahia; Xangô, em Alagoas e Pernambuco; Tambor de mina, no Maranhão e no Pará; batuque, no Rio Grande do sul; e macumba e umbanda, no Rio de Janeiro.

As informações e os dados obtidos para realização da pesquisa envolveram a participação de professores e alunos do Ensino Médio de seis Escolas técnicas estaduais, localizadas principalmente em diferentes regiões do estado de São Paulo. Foram selecionadas quatro questões concernentes com o objetivo do projeto, sendo três dissertativas e uma de alternativa, as dissertativas estavam relacionadas especificamente com a opinião dos alunos em relação ao Candomblé, Macumba, Umbanda, Tambor de Mina e Batuque. A questão de alternativa estava direcionada a Os fios que nos unem



religião do pesquisado, e foi muito importante, pois serviu de suporte para identificar e conseqüentemente traçar um perfil da visão dessas religiões com as religiões afro-brasileiras. Participaram respondendo os questionários, com o auxilio dos professores, trezentos e vinte e oito alunos do Ensino Médio, representados por cento e noventa católicos, noventa e sete evangélicos, dezoito ateus, nove budistas, sete espíritas, cinco de correntes filosóficas distintas e somente dois da religião afro-brasileira. O resultado do estudo foi possível graças a uma minuciosa análise das repostas, levando em consideração os que desconheciam, associavam ao mal, associavam ao bem e por fim as pessoas que associam ao demônio.

Considerando os resultados obtidos, o primeiro pensamento, ou seja, a visão geral predominante entre os alunos é de total desconhecimento sobre as religiões afro-brasileiras, foram cento e cinqüenta pessoas que afirmaram nada conhecer sobre o assunto, isso fica explícito como nos exemplos a seguir: "Eu também não tenho conhecimento apurado sobre tais temas, acho que só escuto falar de tais religiões em brincadeiras ou em comentários de acordo com pensamentos preconceituosos. Em minha opinião essas religiões também devem ser respeitadas, nós não podemos julgar, ainda mais, algo que não conhecemos". Ou ainda: "Bom como o próprio texto já diz: o candomblé é a mais tradicional e africana dessas religiões. Mas em minha opinião, o candomblé não era religião, mas sim um grupo de dança do tipo Olodum". Assim concluímos, mediante estes e muitos outros comentários, o total desconhecimento sobre as religiões afro-brasileiras.

Na segunda visão de pensamento, noventa e três alunos associaram e relacionaram as religiões afro-brasileiras com o mal, ou seja, com coisas ruins. Os exemplos são notáveis: "As religiões afro-brasileiras (Macumba e Umbanda) são feitiçarias (rituais) macabros e não acredito nelas e nem sou a favor"; ou então: "São religiões que praticam magia negra, cultuam maus espíritos e só atraem coisas ruins". E ainda: "Sempre que ouço essas palavras me vem uma imagem ruim de magia do mal, algo para prejudicar alguém. Acho que ficou essa imagem, porque sempre que algo ruim acontece, aparece alguém dizendo "é macumba". Então acabo sendo influenciada por isso, pela mídia, pela população no geral". E também: "são religiões que praticam magia negra, cultuam maus espíritos e só atraem coisas ruins". Portanto, o mal associado às religiões afro-brasileiras que ocupa o segundo lugar no estudo, precisa ser trabalhado para conseguirmos uma verdadeira ação afirmativa de respeito e compreensão.

O terceiro tipo pensamento demonstrado no estudo, e o que poderia ter predominado, refere-se aos sessenta e quatro alunos que associaram as religiões afro-brasileiras com o bem, levando em consideração o respeito e a diversidade. São muitos os exemplos: "Tidas, também, como religiões, fazem parte da cultura afro-brasileira atual, mas que infelizmente são retratadas com certa discriminação e distanciamento pela sociedade. Seu significado, sua origem e tradição, devem ser olhados e respeitados, levando em consideração a importância cultural trazida da África para o Brasil. Inserir tais religiões no contexto escolar seria um bom começo". Ou ainda: "eu acredito que cada pessoa tem o direito de expressar sua religião independente de qual seja, mas sempre respeitando a opinião de outras pessoas". Enfim, são verdadeiros exemplos de respeito com relação as religião afro-brasileiros.

O quarto e último tipo de pensamento apontado no estudo envolveram diretamente vinte e um alunos, que relacionaram as religiões afro-brasileiras com o Os fios que nos unem



demônio, são dezesseis evangélicos, e cinco católicos. Vejamos algumas opiniões: "Acho que é uma forma incorreta de adoração, pois essas religiões se envolvem com espiritismo que é algo proveniente do diabo". E ainda: "entendo ou sei que Candomblé é Macumba, e não acredito que possa ser chamada de religião. Quem é do Candomblé, com certeza não é religioso, eu assumo que tenho tudo contra e tenho pena de quem adora satanás, escondido atrás desses supostos deuses (orixás)". E também: "eu entendo que Candomblé é uma crença onde as pessoas conversam e recebe espíritos de mortos, o que para mim, é puramente satânico". Ocupando assim o último lugar no estudo, a palavra demônio é citada entre alguns alunos que demonstraram certos preconceitos e total desconhecimento sobre as religiões afro-brasileiras.

Portanto, diante dos resultados obtidos neste estudo sobre as religiões afro-brasileiras, concluímos que o pensamento dos alunos que compõem o Ensino Médio de seis escolas técnicas do estado de São Paulo, em primeiro lugar, é de total desconhecimento, seguido de uma visão repleta de preconceitos, discriminação e negatividade. Depois foram poucas as opiniões que trataram as religiões afro-brasileiras com respeito, e finalmente associar as religiões afro-brasileiras com demônio, são visões estereotipadas e extremamente negativas. Assim são necessárias ações afirmativas no sentido de reverter esse quadro de pensamento, o papel do educador é importante, conhecer a mitologia dos Orixás e transmiti-las será o primeiro passo para alcançar o respeito e a compreensão das religiões afro-brasileiras. Sugiro como uma ação afirmativa, a leitura e a interpretação do poema "E foi inventado o candomblé"

 encontrado no epílogo do livro: "Mitologias dos Orixás", onde o autor Reginaldo Prandi, descreve a origem do Candomblé.

Um comentário:

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