quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Jóias Africanas

Quando os europeus tiveram contato pela primeira vez com a arte africana a consideraram “primitiva”, pois a escultura africana muitas vezes representava a forma humana, com distorções, tais como corpos alongados ou proporções exageradas. O que os europeus não entendiam era que isso não era devido ao artista africano ser inepto ou ingênuo. Na verdade, era completamente o oposto: os artistas africanos distorciam deliberadamente a sua arte para refletir o que eles percebiam como belo e para criar uma nova ordem que expressasse como eles sentiam que deveria ser o mundo deles. Atualmente, a arte africana teria sido considerada figurativa-abstrata, mas os europeus não tinham ainda nenhum conceito sobre esta forma de arte e, consequentemente, denominaram a arte africana como primitiva.
Nas línguas africanas não há uma única palavra para “arte”. Existem inúmeras palavras usadas para transmitir que algo é belo ou para se referir a um objeto que tenha sido produzido. O povo Bamana, um povo que vive no oeste da África, principalmente no Mali, mas também na Guiné, Burkina Faso e Senegal, possui duas frases para a palavra escultura, ambas traduzidas significam: “coisas para se olhar”. Para os africanos a idéia do que é um “artista” é completamente diferente do que um ocidental pensa sobre a mesma questão. Para eles, o artista não inicia um trabalho com a idéia de fazer algo agradável para se olhar, a idéia é criar uma peça que seja bem sucedida para realizar uma função religiosa, mágica ou econômica.
Além das esculturas em madeira e das máscaras outras peças muito significativas para a arte africana são as jóias. No Mali encontramos os colares de contas de vidro feitas à mão e, portanto, únicas, com que presenteiam as noivas no dia de seu casamento. As contas são multicoloridas e vêm em diferentes tamanhos e formas. Algumas são em forma de bulbo, outras são alongadas e achatadas, ou ainda em forma triangular. O que as torna tão interessantes, além da beleza, é que elas são originárias da europa do final do século XIX, início do século XX, e eram comercializadas na África. Todas as mulheres na África Ocidental usavam esses colares de contas de vidro, mas em Mali iniciou-se a tradição do uso desses colares especialmente no casamento.
As jóias também desempenham um papel relevante na vida do povo Dogon. Artisticamente, o povo Dogon têm recebido notoriedade por obras, tais como, as escadas tribais, as portas e janelas entalhadas e as máscaras. Mas produzem também colares como o da imagem abaixo. As contas e adornos de metal prateado são feitas de uma substância chamada “pó da ilha.” Este precioso metal semelhante à prata, é retirado no subsolo, refinado, apurado, moldado e, em seguida, cuidadosamente polido manualmente. Este é um colar que pode ser usado por homens e mulheres.
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Colar Dogon, Mali
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Colar de casamento de contas de vidro, Mali
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Colar de casamento de contas de vidro, Senegal

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